Por Henrique Lima
O péssimo resultado do basquetebol feminino não deve ser atribuído totalmente (ou somente) às atletas. Não seria justo colocar no colo das onze moças que se dedicaram dentro de quadra o fardo do resultado bizarro que tivemos em Londres. As desculpas serão estas abaixo:
– O grupo que o Brasil caiu era forte;
– O fator Iziane foi prejudicial.
Evidente que estas desculpas são esfarrapadas e servem apenas para alguns idiotas acharem que a realidade da modalidade é essa mesmo. O quadro real do basquetebol feminino do país é:
– Não existe comando;
– Quem pensa que comanda algo, Hortência, não tem a menor idéia que está fazendo. Vide as milhões de bobagens feitas e ditas por esta senhora;
– Não existe renovação;
– A Liga Feminina de Basquetebol é uma vergonha. Embora seja bom que exista, mas é claro, o nível beira o ridículo;
– As Federações (sempre elas) continuam sugando o nosso dinheiro e não dão retorno algum. (Para que existem mesmo?).
Desta forma, não espanta o péssimo torneio olímpico que fizemos. Aliás, não é somente este torneio olímpico que fomos ridículos. Para citar alguns recentes, o Panamericano, Mundial e Jogos Olímpicos de Pequim.
Em todos estes torneios – todos –, sabemos o quanto a competência, organização, massificação, trabalho sério, desenvolvimento da base, enfim, tudo que não temos em larga escala, tem impacto sobre o jogo. O quanto tudo que citei é importante para desenvolver de fato a modalidade. No Brasil, claro, diferente do resto do mundo, o importante é falar e não fazer.
Uma pena é ver as atletas jogadas ao léu por diretores boçais, se matando em quadra sem a menor consideração e preparo adequado. Por favor, não joguem a culpa em Damiris, Erika, Joyce, Fran, Adrianinha, Nadia, entre outras. Elas podem ter parcela da culpa no resultado – afinal, elas são quem jogaram –, mas até que ponto? Uma pena vermos tantos talentos sendo jogados fora. Talvez, isso seja o mais triste: o desrespeito monstruoso com estas meninas.
A análise dentro de quadra não faz o menor sentido quando não temos o básico fora dela. Seja com bons exemplos e comando inteligente, inexistentes na gestão Hortência, seja com preparo técnico, tático, psicológico e físico, que não podem ser alcançandos com tantas mudanças imbecis, técnico após técnico. Por frescuras de pseudo-estrelas.
O resultado no feminino, esse vexame lastimável, era esperado a partir do momento que começamos a jogar em Pequim-08. O fundo do poço em que estamos não é de agora, de hoje. Não foi em Londres que nos afundamos. Londres é a consequência natural de tudo que se passou durante quatro anos e nada foi feito. Nada.
Se formos pensar seriamente, foi no momento em que Paulo Bassul foi defenestrado de forma desleal após uma “atleta” se recusar a pisar em quadra pelo selecionado e a direção da CBB apoiar a tal “atleta estrela” que fizemos nossa escolha. A pior de todas as escolhas: renunciamos a qualquer tipo de valor que podemos supor que exista numa modalidade.
Os frutos, nós colhemos hoje. Passando por Carlos Colinas, treinador obscuro na Espanha que comandou de forma pífia nossa seleção. Enio Vecchi, trabalhador e sério, que foi jogado na fogueira pela incompetente Rainha. E, por fim, Luis Tarallo, que vai se queimando na fogueira real, pois é evidente que tem talento e deveria ser bem preparado para embates futuros. Temos um profissional sério e jovem sendo jogado aos leões, sem armadura e sem espada. Claro, está sendo trucidado.
Mais do que apontar o dedo para a ou b, o importante é trazer soluções e aqui estão algumas:
(Considerando que Carlos Nunes seguirá ausente de responsabilidades e no poder da CBB, uma vez que o masculino aos trancos e barrancos está jogando bem, vamos sugerir)
– Fora Hortência:
A Rainha consegue sujar sua história na modalidade com todo seu despreparo e arrogância. Deixe para o próximo um pouco do desgosto de brincar de fazer basquetebol. Já vai tarde!
– Paula para Diretora do Basquetebol Feminino:
Se existe um nome que seria bem vindo, daria credibilidade e inteligência para a CBB, é mais do que claro que é Maria Paula Gonçalves da Silva. Não é necessário escrever sobre ela. Seu currículo, fora da quadra, fala por si só.
– Renovação Total nas Seleções de Base:
Trazer nomes históricos para ensinar aos técnicos mais jovens como se desenvolvem atletas. Heleninha, Maria Helena Cardoso, Laís Helena, para ficar nas três, e sugiro Thelma Tavernari para coordenar a base. Seria um grupo de apoio, experiência, renome e, principalmente, o mais importante de tudo: CONHECIMENTO.
Conhecimento é o que muda alguma coisa. Não papo furado e desculpas após os vexames.
– Seleção Principal:
Termos na Seleção outros parâmetros para convocar além da “qualidade técnica”. O caso Iziane é exemplar. O que adianta ter a “estrela” em quadra, se a mesma não tem a menor noção do que trabalho em equipe? Para isso, seria muito interessante termos um técnico que tivesse experiência no feminino e, mais do que isso, voz e respeito da CBB para com seu trabalho. Após queimar tantos técnicos, fica complicado imaginar quem será o próximo a embarcar neste Titanic.
Dito isso, fica novamente a torcida para que devolvam o basquetebol feminino. Que usem a cabeça, que sejam inteligentes. Claro, é torcer demais, mais a esperança é a última que morre. O basquetebol não merece essa gente de extrema incompetência em cargos-chave.
Que, em Rio-2016, o vexame seja menor. Se nada acontecer, sabemos que será maior.