O único jogador tricampeão olímpico da história do basquete masculino não tentará a quarta medalha de ouro em Tóquio-2020. Após conseguir o feito inédito na tarde deste domingo, o craque Carmelo Anthony anunciou que está se aposentando da seleção norte-americana no Rio de Janeiro. O ponto final em sua carreira de mais de uma década com o time nacional foi confirmado em uma emocionada entrevista após a vitória sobre a Sérvia.
“Esse é um momento especial para mim. Acaba aqui para mim. Eu me comprometi com essa seleção em 2004, vi o pior e o melhor que podíamos alcançar, e estamos aqui agora, três medalhas de ouro depois. Eu estou empolgado pelos novos atletas que poderão experimentar algo assim e gostaria de agradecer a chance de ter sido um dos líderes não só de uma equipe, mas de um país”, disse o ala do New York Knicks, contendo as lágrimas.
Carmelo era o atleta mais experiente do elenco dos EUA e um dos dois únicos com experiência olímpica, ao lado de Kevin Durant. A idade, vivência e rodagem com a seleção fizeram com que ele assumisse um papel de liderança dentro do grupo ao longo da competição. Mas, para o treinador e fã Mike Krzyzewski, chamar o agora dono de três medalhas de ouro apenas de “líder” não é capaz de representar seu impacto no time campeão no Rio.
“Pedimos comprometimento aos atletas e, embora todos estejam comprometidos, tentamos mostrar que há um nível ainda mais profundo de altruísmo a aprender. Carmelo é o exemplo perfeito desse nível. Ele tem sido sensacional de se treinar, alguém que aceitou diferentes funções e o mais brilhante jogador de grupo que treinei. Ele foi um grande jogador, líder e muito mais”, exaltou o “Coach K”, que também despediu-se da seleção nas Olimpíadas.
A participação no Rio-2016 também foi além da relação com atletas e dos jogos para o ala. Ele tornou-se o principal porta-voz entre os jogadores profissionais norte-americanos na tentativa de atenuar o clima de crescente tensão racial que domina os EUA em tempos recentes e, com a medalha de ouro no peito, pôde reforçar seu discurso de igualdade, união e pelo fim da violência armada no país em um âmbito global.
“Apesar de tudo que está acontecendo, nós temos que ficar unidos. Eu estou feliz por ter aceito esse desafio, pois representar o nosso país no maior palco possível é o mais importante. Acredito que os EUA voltarão a ser grandes. Ainda temos muito trabalho, mas é preciso dar um passo de cada vez. Estou feliz e agradecido por ter representado meu país da forma como fiz hoje”, finalizou Carmelo, acreditando em uma vitória norte-americana fora das quatro linhas também.