Todo mundo se lembra da concorrida agência livre do ano passado na NBA, quando LeBron James retornou para o Cleveland Cavaliers. Na mesma época, Chris Bosh e Dwyane Wade resolveram seguir no Miami Heat, mesmo caso de Dirk Nowitzki e o Dallas Mavericks. Mas uma das maiores novelas em 2014 acabou sendo para onde Carmelo Anthony iria. O astro do New York Knicks optou por se tornar free agent porque queria sentir o gosto de poder escolher onde jogar. E conseguiu.
Muito paparicado, ele visitou o Los Angeles Lakers, o Houston Rockets, o Dallas Mavericks, e por fim, o Chicago Bulls. Antes disso, conversou com Phil Jackson para saber quais eram as prioridades do Knicks. Ficou claro que ele era e, especialmente na parte financeira, a proposta era a melhor de todas.
Anthony não queria ser o segundo jogador do Lakers, então descartou logo. No Rockets, toda aquela bizarrice com o banner da camisa 7, o deixou irritado. Para quem não se lembra, o Rockets fez uma imagem enorme no ginásio com a foto do jogador utilizando a camisa do time texano, usando aquele número. O problema é que ali jogava um certo Jeremy Lin, até então o dono da camisa. Puxando um pouco mais a memória, Anthony e Lin foram colegas no Knicks. Rockets fora, portanto.
Ele até conversou com Mark Cuban sobre a possibilidade de fechar com o Mavericks, mas o dono da equipe sempre soube que levaria um “não”. Na verdade, Anthony sequer deu uma resposta, ainda que Tyson Chandler tivesse tentado ajudar no recrutamento. Como Cuban tinha certeza da negativa, acertou com Chandler Parsons antes mesmo de Anthony dizer para onde iria.
Então, sobrou o Bulls.
O que vou fazer agora é um simples exercício de imaginação, caso Anthony tivesse topado acertar com o time de Chicago.
Existia uma proposta para ele se juntar a Derrick Rose, mas os sacrifícios teriam de ser enormes, e das duas partes. Primeiro, o Bulls precisaria trocar algumas de suas peças. De cara, preparava para se livrar de Carlos Boozer. A economia seria brutal para aquele ano. Isso até aconteceu, porém Anthony já havia se definido por ficar em Nova York.
O próximo da fila era Taj Gibson. O Bulls trocaria o ala-pivô por escolhas no draft e abriria ainda mais a folha salarial. Mas não era o bastante, ainda. A diretoria ainda precisava fazer mais para atrair o astro.
Primeiro, foi oferecido um salário de aproximadamente US$ 16 milhões anuais. Até caberia no orçamento, caso as negociações de jogadores do elenco acontecessem. Boozer foi oferecido ao Philadelphia 76ers por escolhas de segunda rodada, até. Levaram um “não mesmo”.
Mas esse desconto de Anthony ao Bulls pesaria para os dois lados, como disse anteriormente. Se tivesse dado certo, o atleta perderia algo em torno de US$ 40 milhões, pois o Knicks era o único que podia dar um contrato de cinco anos.
De novo, vamos pensar na possibilidade.
Anthony aceita os cerca de US$ 16 milhões, mas aí, Pau Gasol dificilmente assinaria com o Bulls por US$ 7 milhões. Porém, vamos na tendência e o espanhol fechou pelo mínimo para veteranos, vislumbrando a chance de ser campeão novamente.
Nikola Mirotic
Joakim Noah, Anthony e Gasol teriam em torno de 85 dos 96 minutos para o garrafão, supondo que o jogador do Knicks atuasse por 20 como ala-pivô e outros 15 em sua posição original. Mas aí, Jimmy Butler seria quase exclusivo como ala-armador, enquanto Mike Dunleavy jogaria por 25 minutos na ala. Fazendo as contas: se Dunleavy joga 25 na ala, e Anthony outros 15, sobram oito minutos ali. Esse tempo seria de Tony Snell, além dos restantes de Butler na dois. Butler fez quase 39. Ou seja, na melhor das hipóteses, isso contando que Nazr Mohammed sequer sairia do banco, Mirotic ficaria em quadra perto de dez minutos, metade do que ele jogou.
Em quadra
Anthony deixou a última temporada após o Jogo das Estrelas para fazer uma cirurgia e isso não aconteceria em Chicago. Teria de jogar no sacrifício. Olha ele aí de novo.
Essa formação baixa do Bulls representaria uma maior dependência de arremessadores de longa distância, como Dunleavy e Butler. Anthony se encaixaria fazendo o stretch four. Daria certo, sem dúvidas. Mas toda aquela evolução de Butler iria pelo ralo. Anthony seria a primeira opção ofensiva, com Rose e Gasol em seguida. O jogador que mais cresceu de produção em 2014-15, seria relegado ao quarto posto.
Título, até poderia ser. O time brigaria pelos primeiros lugares do Leste e seria um adversário muito mais forte diante do Cavaliers. Contra o Golden State Warriors, as chances poderiam ser reais.
Renovação de Butler
O teto salarial da NBA é de aproximadamente US$ 70 milhões nesta temporada. O Bulls hoje paga cerca de US$ 82, mas sempre existem as exceções. Entretanto, Butler vai receber US$ 16 milhões neste ano. Se Anthony fosse para a equipe, seria impraticável pagar tal salário ao ala-armador, até porque seus números não seriam bons o suficientes para justificar.
O Bulls hoje
Mas Butler hoje é o principal jogador do Bulls, especialmente depois do desempenho abaixo do esperado de Derrick Rose. Gasol também tomou o segundo lugar do armador e surpreendeu muita gente aos 34 anos. O técnico Tom Thibodeau foi mandado embora, mesmo com ótimos resultados na fase regular. Agora, Fred Hoiberg vai fazer o time correr ainda mais e existe a possibilidade de jogar com formações baixas ou com Mirotic sendo o ala-pivô e Gasol sozinho no garrafão. Noah corre o risco de ir para o banco nestas condições.
Resumo da ópera
Anthony perderia muito dinheiro em Chicago. No mínimo, deixaria de ganhar. Mais que isso, ele seria o responsável direto por travar as evoluções de Butler e Mirotic. A equipe ainda perderia Gibson, uma ótima opção do banco de reservas.
Olhando para um futuro próximo, até uns dois ou três anos, o Bulls tem um elenco competitivo o bastante para lutar pelo título. Talvez, até nesta temporada. Isso, sem Anthony, sem engenharia financeira, nem nada.
Já o Knicks, tem um projeto mais humilde. A ideia é brigar pela classificação aos playoffs e voltar a ser forte e atrativo para agentes livres.
Pensando em tudo isso, acabou sendo bom para as duas partes.