O Sacramento Kings é um dos times mais desorganizados da NBA. Em quadra, o que se vê é uma bagunça generalizada, mas ontem bateu o Boston Celtics por 120 a 95, quebrando uma sequência de oito derrotas seguidas para o time de Massachusetts.
Tudo bem que o Celtics não é o mesmo de outros tempos e apenas luta para ir aos playoffs na conferência Leste, porém para quem gosta de basquete, tem que dar uma olhada naquilo que o Kings tem feito.
Certo. Você vai dizer que é um monte de peladeiros e eu vou concordar. Mas é muito legal de se ver um time com tanto apetite pela cesta.
Vai ganhar? Ocasionalmente. Ou até raramente. Só que a NBA anda tão chatinha que quando vejo uma equipe com vontade de atacar, acaba me chamando a atenção.
Talento o Sacramento tem.
Tyreke Evans, Marcus Thornton, DeMarcus Cousins, Isaiah Thomas, e Jason Thompson. Com esse quinteto, o Kings faz algo interessante. E ainda tem no banco o calouro Jimmer Fredette, o ala John Salmons, e os especialistas em defesa Donte Greene e Chuck Hayes.
Bonito de se ver, eu sei que não é. Não há padrão algum. É uma correria danada que Thomas dá ao time e isso acaba tendo reflexo imediato no placar.
Desde quando tornou-se titular, em 15 partidas, o Kings anotou ao menos 100 pontos em dez. Nos primeiros 29, a equipe havia conseguido chegar na contagem centenária em apenas seis oportunidades.
No entanto, passo a achar que Evans está cada vez mais descartável no time.
Evans é um bom jogador, sim. De boa qualidade técnica ofensiva. O problema é que o seu melhor ano da carreira foi justamente o primeiro. Ou seja, Tyreke está na NBA pela sua terceira temporada e até agora não evoluiu. Corre o sério risco de ele ter chegado ao ápice e não conseguir superar isso mais. Bizarro.
A melhor definição que já ouvi sobre ele vem do nosso companheiro aqui no Jumper Brasil, o Ricardo Stabolito, que faz aniversário neste sábado. Para ele, tudo que Evans te dá em termos estatísticos, ele te pede algo em troca.
Evans pontua, mas tem uma seleção de arremessos ruim, o que proporciona uma pontaria pior ainda. Ele dá assistências, só que comete muitos erros de ataque. Sabe pegar rebotes, porém defende de forma atabalhoada. Rouba bolas apenas na linha de passe.
Enfim, Tyreke é o astro do time. Pelo menos é o que dizem.
Cousins impressiona pelo seu poderio ofensivo. Bem que poderia fazer os dois lados da quadra da mesma forma. Entretanto, na defesa, apesar de ocupar um bom espaço no garrafão, ele é constantemente superado por pivôs mais técnicos. Para completar, tem um parafuso a menos.
Gosto do jogo de Thornton. Tem um bom arremesso, mesmo que sua seleção pareça um pouco com a de Evans. Defende razoavelmente. Mas eu acho que sem Tyreke, ele brilha mais. Não por menos, anotou 36 pontos contra o Celtics, exatamente quando seu companheiro não atuou.
Por fim, quem tem me impressionado é Jason Thompson. Nos últimos dois jogos, obteve 21 pontos e 15 rebotes. Fez isso na derrota para o Detroit Pistons e repetiu o mesmo contra o Celtics. É só dar tempo de quadra a ele. Simples.
Quando atuou por pelo menos 30 minutos, seus números são bons: 13.6 pontos e 12.3 rebotes em 13 partidas.
Ter demitido Paul Westphal parece ter sido a melhor escolha para o futuro de Sacramento. Keith Smart, seu substituto, ainda carrega consigo a faixa de interino. O aproveitamento de vitórias não é lá muito diferente. Com Westphal, o Kings venceu 28%. Seu sucessor está com 35%. É pouco, mas em uma terra onde as derrotas são mais comuns, já é alguma coisa.
Falta muito para o Kings pensar em playoffs. Talvez daqui uns dois anos, quando a diretoria entender que Evans deve ser negociado. Futuro, ao menos, parece ter.