Draft 2016: Análise das escolhas de primeira rodada – Parte I

Gustavo Lima avalia seleções feitas pelos times de loteria no recrutamento

Fonte: Gustavo Lima avalia seleções feitas pelos times de loteria no recrutamento

NEW YORK, NY - JUNE 23: Ben Simmons poses with Commissioner Adam Silver after being drafted first overall by the Philadelphia 76ers in the first round of the 2016 NBA Draft at the Barclays Center on June 23, 2016 in the Brooklyn borough of New York City. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, User is consenting to the terms and conditions of the Getty Images License Agreement. (Photo by Mike Stobe/Getty Images)

O Draft 2016 foi o mais insano da história da NBA. Não por causa das trocas fechadas (apenas duas negociações envolvendo picks de loteria), mas devido a várias escolhas surpreendentes.

Como esperado, o Philadelphia 76ers, dono da primeira escolha, não brincou em serviço e selecionou o maior talento da classe deste ano, o ala-pivô australiano Ben Simmons, da Universidade de Louisiana State (LSU). O Los Angeles Lakers também não decepcionou e escolheu o ala Brandon Ingram logo em seguida. Já Milwaukee Bucks e Sacramento Kings surpreenderam em suas escolhas. Vale destacar ainda a troca envolvendo Orlando Magic e Oklahoma City Thunder.

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Para não deixar o post muito longo, resolvi dividir minha análise do draft em duas partes. A primeira delas segue abaixo e se refere apenas às escolhas feitas na loteria. A segunda parte, com as seleções restantes no recrutamento, sai neste domingo (26). 

1- Philadelphia 76ers – Ben Simmons (ala-pivô/ala, LSU, 19 anos)

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O Sixers fez o óbvio. Escolheu o maior talento do draft. Simmons tem um conjunto de qualidades poucas vezes visto em um prospecto e chega à NBA para contribuir de imediato e ajudar a tirar o time da Philadelphia do limbo. O Sixers tem ótimas peças no garrafão (Nerlens Noel, Jahlil Okafor e Joel Embiid não foram trocados ainda e Dario Saric deve chegar à liga nesta offseason) e praticamente ninguém no perímetro, especialmente na armação. Com o fim do período de tank, a equipe promete se reforçar no mercado de agentes livres. Torcedores do Sixers: confiem no processo.

2- Los Angeles Lakers – Brandon Ingram (ala, Duke, 18 anos)

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Ao contrário de rumores pré-draft, o Lakers não negociou a escolha e selecionou o segundo maior talento da turma deste ano. O franzino Ingram tem todos os atributos necessários para contribuir nos dois lados da quadra e será mais uma peça importante do jovem time angelino, que ainda conta com D’Angelo Russell, Julius Randle e Jordan Clarkson (agente livre que deve renovar com a equipe). Obviamente, o Lakers vai precisar atacar o mercado, já que precisa de ajuda em todas as posições, principalmente de jogadores consolidados na NBA, para voltar a pensar em playoffs. Espaço na folha salarial não vai faltar…

3- Boston Celtics – Jaylen Brown (ala, California, 19 anos)

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Danny Ainge surpreendeu em mais um draft. Já está virando rotina. Quando todo mundo achava que o Celtics fosse selecionar o armador Kris Dunn para, em seguida, trocá-lo com Minnesota Timberwolves ou Chicago Bulls, ou até mesmo um arremessador do perímetro (Buddy Hield ou Jamal Murray), o time de Boston optou pelo ala Jaylen Brown. Eu não achei a escolha ruim. Brown tem atributos físico-atléticos de elite e combina força com agilidade e explosão para ser efetivo nos dois lados da quadra. Porém, ele peca na tomada de decisões e tem um arremesso inconsistente. Brad Stevens ganha mais um potencial ótimo defensor de perímetro, que pode até atuar na posição 4 em formações mais baixas. As grandes carências do Celtics (falta de arremesso de longa distância e de proteção do aro) deverão ser sanadas no mercado de agentes livres. Pelo menos é o que espera a torcida.

4- Phoenix Suns – Dragan Bender (ala-pivô, Maccabi Tel Aviv, 18 anos)

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O Suns fez uma ótima escolha. Bender, além de ser o melhor prospecto internacional, tem potencial para se tornar um jogador especial na NBA. Não é todo dia que surge um big man versátil nos dois lados da quadra e dotado de impressionante controle de bola, visão de jogo, mobilidade e agilidade. Ir para Phoenix foi o melhor que poderia acontecer a Bender, pois a equipe não vai brigar por algo grande na próxima temporada e, por isso, deverá ter paciência em desenvolvê-lo. Vale lembrar que ele é o jogador mais novo da classe deste ano. Com a opção por Bender, o Suns mata dois coelhos com uma cajadada só: adiciona talento e preenche a posição 4 (a mais carente da equipe). Uma reconstrução de elenco que tenha Devin Booker e Dragan Bender já deve animar a torcida do Suns, ansiosa para o retorno do time aos dias de glória.

5- Minnesota Timberwolves – Kris Dunn (armador, Providence, 22 anos)

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O Timberwolves escolheu o melhor armador da turma deste ano. Dunn possui atributos físico-atléticos de elite, joga com agressividade e tem potencial para se tornar um dos melhores defensores da posição na NBA. Além disso, ele tem visão de quadra privilegiada. Com essas qualidades, estava na cara que ele cairia nas graças do técnico e presidente Tom Thibodeau. Depois de muita negociação na noite de recrutamento, a franquia não fechou a troca com o Chicago Bulls por Jimmy Butler. O Wolves não quis abrir mão de Zach LaVine e Dunn pelo ala do Bulls. Só com o tempo saberemos se essa foi a melhor das decisões. Mas pensando na próxima temporada, o time de Minnesota tem um abacaxi nas mãos: trocar Rubio para dar espaço a Dunn ou manter os dois e não “pressionar” tanto o novato para que ele já contribua com a equipe? Eu tentaria trocar o espanhol. Com a opção por Dunn, o Wolves terá que buscar arremessadores do perímetro (maior carência do elenco) no mercado de agentes livres ou através de trocas (envolvendo Rubio, é claro). Em questão de encaixe e necessidade no atual elenco, Jamal Murray e Buddy Hield teriam sido boas escolhas.

6- New Orleans Pelicans – Buddy Hield (ala-armador, Oklahoma, 22 anos)

Buddy Hield chega à liga credenciado como o melhor arremessador de longa distância da classe e chama a atenção pelo senso de posicionamento e facilidade para se desmarcar. Seu estilo de jogo combina com a NBA atual e tem tudo para contribuir de imediato, especialmente em um time que adora jogar em velocidade e que precisa de arremessadores confiáveis do perímetro. Em suma, Hield é o tipo de jogador que o técnico Alvin Gentry adora comandar, e que faltou ao Pelicans nesta temporada. Uma rotação de perímetro com Jrue Holiday, Tyreke Evans e o novato é animadora. Agora, o time de New Orleans vai precisar de reforços no mercado, sobretudo um ala e um stretch four de bom nível.

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7- Denver Nuggets – Jamal Murray (ala-armador/armador, Kentucky, 19 anos)

O Nuggets tem um elenco “cheio” em todas as posições e optou aqui pelo melhor jogador disponível. Jamal Murray é um combo guard dotado de excelentes instintos ofensivos. Provou em Kentucky que pode ser efetivo sem a bola nas mãos. Inicialmente, pelo que disse o GM da franquia, Tim Connelly, o canadense chega para ser opção de banco, pois Gary Harris continua como o titular da posição 2. Por questão de tempo de quadra, tenho minhas dúvidas se o Nuggets era o melhor destino para Murray, já que a equipe conta com Emmanuel Mudiay, Jameer Nelson, Will Barton, Danilo Gallinari e Wilson Chandler, além do já citado Harris, para atuar no perímetro.

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8- Phoenix Suns* – Marquese Chriss (ala-pivô, Washington, 18 anos)

Aqui tivemos a primeira troca da noite. O Suns sempre esteve na dúvida entre Dragan Bender e Marquese Chriss na quarta escolha. Após optar pelo croata, a equipe resolveu arriscar e obteve mais uma escolha TOP 10 justamente para selecionar o jogador de seu interesse que estava sobrando no recrutamento. A equipe do Arizona abriu mão de duas escolhas (13 e 28), além dos direitos do ala sérvio Bogdan Bogdanovic, que deverá vir para a NBA só em 2017, e de uma futura escolha de segunda rodada (2020). Chriss realmente encantou a comissão técnica e a direção do Suns com sua espantosa condição atlética e capacidade de arremessar de longa distância e proteger o aro. Porém, ele ainda carece de fundamentos e de compreensão do jogo. Chriss é mais um jogador de 18 anos da posição 4 que o Suns seleciona, mas que não tem o nível técnico de Bender. Na minha opinião, essa é uma aposta arriscada. Só que em um draft sem tantos talentos, não vou detonar a direção do time de Phoenix. Aposta alta, recompensa maior ainda.

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9- Toronto Raptors – Jakob Poeltl (pivô, Utah, 20 anos)

A opção pelo pivô Jakob Poeltl evidencia duas coisas: o Raptors quer um novato pronto para encarar a NBA e contribuir de imediato, e a provável saída do agente livre Bismack Biyombo na offseason. Melhor pivô da classe de 2016, o jogador austríaco é uma escolha segura, sólida. Poeltl vai ajudar o Raptors com sua eficiência, regularidade e inteligência em quadra. Com poucas lacunas em seu jogo, ele parece ser uma boa opção para substituir o pivô congolês. Muita gente achava que o time de Toronto fosse selecionar um jogador para a posição 4, a mais carente do elenco, mas a opção por Poeltl me parece acertada para uma franquia que quer continuar brigando pelas primeiras posições na conferência Leste. O Raptors deverá buscar um ala-pivô de bom nível no mercado de agentes livres ou através de trocas.

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10- Milwaukee Bucks – Thon Maker (ala-pivô/pivô, Orangeville Prep. School, 19 anos)

Sem dúvida, a seleção de Thon Maker na décima escolha foi a grande surpresa da loteria. O jogador nascido no Sudão e naturalizado australiano é o prospecto mais intrigante da turma. Vindo diretamente do basquete colegial, Maker possui atributos físicos que chamam a atenção (2.21m de envergadura, 2.81m de altura com os braços estendidos e fluidez em quadra). Além disso, ele é capaz de arremessar de média e longa distância e tem imenso potencial defensivo. Só que Maker ainda é muito magro e carece de fundamentos do jogo. É uma aposta ousada, mas que pode trazer recompensa ao Bucks.  Não bastasse a presença de Michael Carter-Williams, Kris Middleton, John Henson e Giannis Antetokounmpo, a equipe de Milwaukee passa a contar com mais um jogador com altura privilegiada e braços longos. Estou curioso para ver os “gigantes” de Milwaukee atuando juntos.

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11- Oklahoma City Thunder* – Domantas Sabonis (ala-pivô/pivô, Gonzaga, 20 anos)

A segunda troca da noite foi fechada entre Orlando Magic e Oklahoma City Thunder. O time da Flórida recebeu o ala-pivô Serge Ibaka, que tem mais um ano de contrato, e cedeu ao Thunder o ala-armador Victor Oladipo (mais um ano de contrato), o ala-pivô Ersan Ilyasova (contrato não garantido para 2016/17) e a décima primeira escolha. Com a pick em mãos, a equipe de Oklahoma City decidiu selecionar o ala-pivô Domantas Sabonis. O filho do lendário pivô Arvydas Sabonis é um big man à moda antiga: dotado de instintos, força, mobilidade e inteligência para encarar o jogo de garrafão, além de promissor arremesso de média e longa distância.

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Acho que o Magic abriu mão de muita coisa para trazer Ibaka. A troca vai ser boa para o time de Orlando em quadra porque o ala-pivô é um ótimo complemento para Nikola Vucevic e vai possibilitar que a equipe possa utilizar formações mais leves e baixas com Aron Gordon na 4 e o congolês na 5. Com a troca, ficou claro que o Magic jogou a toalha com relação à pouca evolução ofensiva de Oladipo e que não dava para ele atuar com Elfrid Payton no perímetro. Sem Oladipo, o Magic deve renovar com o agente livre Evan Fournier e dar mais espaço ao croata Mario Hezonja. Com a mudança, o time de Orlando tem tudo para resolver o problema de espaçamento em quadra.

Quanto ao Thunder, o elenco ficará mais forte com Oladipo preenchendo a posição 2 e Ilyasova e Sabonis reforçando o garrafão. Ibaka já não vinha sendo o mesmo jogador de outrora e a equipe de OKC não desperdiçou a oportunidade de trazer um jogador mais confiável que André Roberson para o perímetro. Caso Kevin Durant permaneça, o Thunder continuará forte na próxima temporada.

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12- Atlanta Hawks – Taurean Prince (ala, Baylor, 21 anos)

Com a escolha adquirida esta semana junto ao Utah Jazz, o Hawks surpreendeu de certa forma ao selecionar o ala Taurean Prince. Não pela qualidade do jogador, mas porque ele estava cotado para sair no final da primeira rodada. Em um draft com poucos talentos, o time de Atlanta viu a oportunidade de adicionar um ala com características que se encaixam na filosofia de jogo de Mike Budenholzer. Prince tem físico de elite e vai ajudar desde já com sua competitividade e capacidade de marcar múltiplas posições. Ele tem tudo para se dar bem na era do small ball, já que deverá ser um role player capaz de contribuir na defesa e com bolas de três pontos. Enfim, o Hawks selecionou um jogador bem parecido com DeMarre Carroll, que fez sucesso na equipe entre 2013 e 2015. Prince é uma escolha segura e elogiável do time de Atlanta.

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13- Sacramento Kings* – Georgios Papagiannis (pivô, Grécia, 18 anos)

Quem? Essa foi a reação de muitas pessoas que acompanhavam o draft no momento da seleção do Kings. A opção pelo pivô Georgios Papagiannis foi surpreendente e resume bem o que é a franquia de Sacramento. Nada contra o jogador, que, aliás, nem teve perfil publicado pelo Jumper Brasil porque não acreditávamos que ele pudesse ser selecionado na primeira rodada. Papagiannis é um pivô grego muito jovem, que chama a atenção pelos atributos físicos e por ser um ótimo reboteiro. O problema é que o Kings já tem em seu elenco DeMarcus Cousins, Willie Cauley-Stein (escolha do ano passado) e Kosta Koufos para o garrafão. O time negociou o ala-armador Marco Belinelli esta semana e deverá perder o armador Rajon Rondo (agente livre) na offseason. Com boas opções disponíveis para essas duas opções, a direção da equipe resolveu pegar mais um pivô. Papagiannis pode queimar a minha língua, mas ele não era o maior talento a essa altura do draft. O pivô grego deverá vir para a NBA já na próxima temporada, o que reforça a necessidade do Kings negociar algum de seus gigantes (provavelmente Koufos). Após o draft, o GM da franquia, Vlade Divac, explicou a escolha e afirmou que Papagiannis tem potencial para ser um All-Star na NBA. Prefiro ficar quieto e não comentar essa declaração.

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14- Chicago Bulls – Denzel Valentine (ala-armador/ala, Michigan State, 22 anos)

O Bulls selecionou um dos melhores jogadores do basquete universitário. Valentine é um dos prospectos mais versáteis da classe, tem alto QI de basquete, visão de quadra apurada, excelente arremesso e capacidade de criar para si e para os outros. A falta de atleticismo pode lhe trazer dificuldades na NBA, mas o maior temor é quanto à durabilidade de seus joelhos, que já passaram por cirurgias. Em questão de talento e encaixe no que o técnico Fred Hoiberg quer para o time, Valentine faz muito sentido. O problema é que a torcida do Bulls, calejada pelos problemas de joelho do armador Derrick Rose, recém-negociado com o New York Knicks, já está preocupada com a condição física do novato.

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Trocas envolvendo escolhas de primeira rodada

– Phoenix Suns e Sacramento Kings
Suns recebeu a escolha 8
Kings recebeu as escolhas 13 e 28, os direitos de Bogdan Bogdanovic e uma escolha de segunda rodada de 2020

– Oklahoma City Thunder e Orlando Magic 
Thunder recebeu Victor Oladipo, Ersan Ilyasova e a escolha 11
Magic recebeu Serge Ibaka

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