Por racismo e misoginia, dono do Suns é suspenso por um ano pela NBA

Culpado por má conduta e falta de ética no trabalho, Robert Sarver também foi multado em US$10 milhões

Dono Suns suspenso NBA Fonte: Adam Pantozzi / AFP

Por conta de comportamentos racistas e misóginos, o dono do Phoenix Suns, Robert Sarver, foi suspenso por um ano pela NBA, de acordo com um comunicado divulgado pela liga nesta terça-feira (13).

O magnata, que também é proprietário do Phoenix Mercury (WNBA), ainda terá que pagar uma multa de US$10 milhões. De acordo com a NBA, o dinheiro será doado para organizações que trabalham com questões de raça e gênero dentro e fora do local de trabalho. Além disso, o dirigente terá que passar por um programa de treinamento focado em conduta e respeito.

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Então, após quase um ano de investigação, a NBA considerou Sarver culpado das acusações de racismo e misoginia. Ou seja, houve má conduta e falta de ética no trabalho. Em novembro de 2021, o repórter Baxter Holmes, da ESPN, divulgou uma reportagem explosiva sobre o péssimo comportamento do proprietário do Suns.

Investigação

Os responsáveis pela investigação entrevistaram 320 pessoas e avaliaram mais de 80 mil documentos. Segundo a liga, constatou-se que Sarver proferiu a palavra nigga (tradução: “preto” ou “negro”, gíria depreciativa, um insulto racial ao ser dita por uma pessoa branca) em vários momentos.

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Ademais, o dirigente fez comentários inapropriados sobre a aparência física das mulheres que trabalham na franquia, além de tratar os funcionários de forma hostil. Dessa forma, durante os 17 anos da gestão de Sarver, a franquia do Arizona se tornou um local tóxico para trabalhar.

De acordo com o insider Adrian Wojnarowski, também da ESPN, o dono do Suns não estava aceitando a punição, ou seja, ser suspenso e multado pela NBA. Em contrapartida, a liga diz que Sarver “cooperou totalmente com a investigação”.

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Além disso, alguns ex-funcionários revelaram que Sarver afirmava a todos que é “cruel” no trabalho. O dirigente, inclusive, dizia aos executivos da franquia que eles “recebem muito dinheiro para aguentar as merdas dele”.

“O nível de misoginia e racismo dele passou dos limites. É constrangedor”, disse um sócio minoritário do Suns.

“Ele não é ignorante. Ele age dessa maneira por causa do poder”, afirmou outro sócio minoritário da franquia.

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A princípio, havia a chance real de que a NBA removesse Sarver do Suns à força. Afinal, a liga teria em mãos evidências suficientes para sustentar as acusações. Dessa forma, a franquia, que está avaliada em US$1.8 bilhão, segundo a revista Forbes, seria colocada à venda.

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No entanto, a liga não decidiu punir o dirigente de forma exemplar. Assim, o dono do Suns foi apenas suspenso pela NBA, além de ter que pagar uma multa milionária.

Essa foi a segunda acusação de racismo contra o proprietário de uma equipe da NBA. Em 2014, Donald Sterling, então dono do Los Angeles Clippers, foi banido pela liga e obrigado a vender a franquia. Posteriormente, o empresário Steve Ballmer adquiriu o Clippers pelo valor recorde de US$2 bilhões.

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Robert Sarver é um empresário, de 59 anos, que comprou o Suns e o Phoenix Mercury (WNBA), em 2004, por US$404 milhões. Natural no Arizona, ele também é proprietário do Mallorca, clube que disputa a primeira divisão do futebol da Espanha.

Sexismo

Segundo a reportagem da ESPN, certa vez, Sarver tentou impressionar os funcionários dizendo que era um grande fã do Suns e que estava animado para comandar a franquia. Em uma reunião, o dirigente teria divulgado uma foto de sua esposa usando um biquíni do Suns, deixando todo mundo sem reação.

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Mais de uma dúzia de funcionários revelaram que Sarver fazia comentários obscenos em reuniões, inclusive expondo que sua esposa fazia sexo oral nele. Quatro ex-funcionários disseram que, em várias dessas reuniões, Sarver afirmava que usava preservativos extragrandes.

Ex-funcionários também disseram que o dirigente perguntava aos jogadores sobre suas vidas sexuais e as proezas sexuais de seus entes queridos.

“As mulheres têm muito pouco valor. Mulheres são posses. E acho que não estamos nem perto de onde ele pensa que os homens estão”, disse uma ex-funcionária do Suns.

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Em março de 2011, Sarver teria humilhado uma funcionária. Por conta da agressividade do dirigente, a mulher começou a chorar. Sarver, então, teria dito: “Por que todas as mulheres daqui choram tanto”?

Uma ex-funcionária do marketing do Suns disse à ESPN que Sarver costumava falar: “eu sou seu dono? Você é uma das minhas”?

“Ele faz você se sentir como se pertencesse a ele”, disse a ex-funcionária.

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Polêmicas com o ex-técnico Earl Watson

Em 2016, após uma derrota em casa para o Golden State Warriors, Sarver, que é branco, teria entrado aos berros no escritório da comissão técnica e repetido várias vezes a palavra nigga.

“Você não pode dizer isso”, respondeu Earl Watson, técnico do Suns na época, que é negro e filho de uma mexicana.

Na offseason de 2017, Sarver teve um desentendimento com Rich Paul, dono da agência Klutch Sports e agente do treinador Watson e de Eric Bledsoe, então jogador do Suns. O dono da franquia não queria estender o contrato do armador alegando desempenho ruim de Bledsoe e dúvidas sobre a durabilidade do atleta.

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O dono do Suns teria ficado possesso com a resposta e fez uma ameaça a Paul: que ele demitiria Watson se o técnico não rompesse os laços com a Klutch. Watson ficou sabendo prontamente do caso e perguntou a Sarver se ele estava falando sério.

“Sim, eu vou te demitir. Você tem dez dias para pensar sobre isso. Então, não espere muito, viu”.

Por fim, Watson explicou a Sarver o quão problemático é um dirigente branco pedir a um treinador negro para demitir uma agência liderada por um negro (Paul).

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“Sim, eu entendo que raça vocês dois são. Mas eu te pergunto: o quanto você quer seu emprego”?

“Não vou demitir a Klutch. Você pode fazer o que quiser. Você é o dono deste time, mas minha cultura não está à venda. E eu não estou à venda”, concluiu Watson.

Logo no começo da temporada 2017/18, após a disputa de apenas três jogos, Watson foi demitido por Sarver.

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