Por Eduardo Ferreira
Sabemos que ainda é cedo para começar a tirar conclusões sobre o desempenho dos times. Até então temos campanhas muito curtas que não servem de parâmetro para medirmos todo o restante da longa temporada de 82 jogos da NBA que antecede os playoffs. Alguns times começam mais lentos, menos entrosados devido a diversas mudanças no elenco; alguns demoram um pouco a embalar ou adaptar-se a um novo esquema de jogo, enfim, cada equipe tem o seu ritmo e só veremos quem é quem depois da parada do Jogo das Estrelas. É lá que as coisas começam a tomar rumo, as posições dentro de cada conferência e divisão começam a ser disputadas e as equipes disputam os valiosos mandos de quadra para os playoffs.
O fato é que até hoje cada time já jogou em torno de oito jogos (mais os preparatórios de pré temporada) e algumas coisas começam a nos saltar aos olhos. Uma delas é a profundidade e o modo que os atuais campeões Miami Heat vem jogando.
Em uma off season movimentada onde muita gente trocou de uniforme, o Miami se preocupou em manter seu forte elenco e fazer algumas contratações pontuais. A do versátil ala Rashard Lewis e do rival e melhor arremessador de bolas de três pontos da história da NBA, Ray Allen.
A nítida melhora já começa nas contratações. Impossível um time campeão adicionar 2 jogadores que já foram all stars sem perder nenhuma peça e não se tornar um time melhor. Mas o que mais chama atenção nessa equipe é justamente o oposto da visão que tínhamos assim que se formou o badalado “big three” de Miami. A imagem de equipe individualista, que abusaria dos talentos de LeBron, Wade e Bosh utilizando-se de jogadores de grupo apenas para fazer funções específicas e ocupar espaço na quadra está dando cada vez mais espaço para uma equipe coletiva.
É isso mesmo, ninguém dentro do grupo parece estar preocupado em aparecer mais que o outro. As lideranças surgem isso é fato e não poderiam vir de outros jogadores que não fossem LeBron e Wade, mas mesmo os dois assim como todo restante não tem exitado em nenhum momento sequer em dar um passe a mais seja quem for o companheiro ao lado. Lebron James parece que não tem mais aquela procura intensa por passes mirando seu amigo Dwayne Wade. Para qualquer um deles, pouco importa se estão passando a bola para o atual MVP da liga ou para os limitados Norris Cole e Joel Anthony.
Ray Allen é um caso a parte. Parece que caiu como uma luva no time da Florida. Aceitando receber menos do que receberia em Boston, Allen optou juntar-se a equipe justamente para brigar por título e disposto a isto, está aceitando o papel de vir do banco e fuzilar os adversários com suas bolas longas. Antes os adversários preocupavam-se apenas em segurar as infiltrações de Wade e James, sabendo que se fechassem o garrafão, iriam desafogar seus passes para Mike Miller e James Jones, dois excepcionais chutadores de três mas que não chegam aos pés de Ray Allen. Este se movimenta na quadra o tempo inteiro sem a bola abusando dos bloqueios e pode matar bolas de qualquer lugar da quadra, seja de média, de longa (sua especialidade) como também ainda sabe cortar para dentro e cavar faltas que resultarão em fáceis pontos em lances livres.
Poderia falar aqui sobre inúmeras combinações ofensivas desse Miami Heat e suas novas peças, mas resumidamente o que se observa é justamente o sentimento de cada jogador que antes eram meros coadjuvantes terem papéis fundamentais na equipe e, acima de tudo, a confiança das grandes estrelas. Outro fator que também tem pesado muito a favor do time é o fato de tirarem o peso das costas, de já terem sido campeões, de Lebron James ter conquistado seu primeiro anel. Agora parece que tudo está fluindo naturalmente e o Heat joga um basquete alegre (menos para quem os enfrenta) e coletivo. Nas palavras do ala Jared Dudley do Phoenix Suns que já teve o privilégio de enfrentar os atuais campeões: “Eles infiltram, passam pra fora, rodam a bola, cortam. E todo mundo participa e está envolvido. É o jeito que o basquete deveria ser jogado”.