De Kobe à paralisação em protesto: 2020 evidencia o impacto cultural da NBA nos EUA e no mundo

Mobilização dos jogadores da NBA mostra mais uma vez a força econômica e cultural da liga

Fonte: Mobilização dos jogadores da NBA mostra mais uma vez a força econômica e cultural da liga

No mês de agosto de 2020, os atletas da NBA participaram da onda de protestos que tomou conta dos Estados Unidos após sucessivos casos de assassinatos de cidadãos negros cometidos por autoridades policiais no país. A luta contra o racismo motivou os jogadores a não entrarem em quadra, resultando na paralisação do campeonato por alguns dias.

A iniciativa dos profissionais da principal liga de basquete do país ganhou o mundo e recebeu o apoio de ícones de outros esportes, como o inglês Lewis Hamilton. O astro da Fórmula 1 declarou publicamente o apoio aos atletas norte-americanos. O caso também foi notícia nos jornais, para muito além dos desportos, mas também nas páginas de cultura, política e acontecimentos internacionais.

A mobilização dos jogadores da NBA mostrou mais uma vez a força econômica e cultural da principal liga norte-americana de basquete. O torneio ecoa não apenas no país, mas no mundo inteiro, evidenciando o seu impacto nas pessoas e no mercado; entenda um pouco mais sobre a relevância da NBA no cenário nacional e internacional.

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O impacto financeiro da NBA

Como uma instituição privada, a NBA não tem obrigações legais de apresentar seus rendimentos por meio de comunicados oficiais. Porém, estudos de empresas especializadas, como a própria revista Forbes, mostram que as receitas totais da liga podem ultrapassar os US$ 8 bilhões, conforme os números especulados para o ano de 2019.

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Em média, cada uma das 30 equipes chega a um valor estimado de US$ 2 bilhões, com as principais, como o Los Angeles Lakers, chegando à casa dos US$ 4 bilhões, algo bem superior ao estimado para os clubes de futebol do Brasil, por exemplo, que mal atingem R$ 1 bilhão em valor de mercado.

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As estrondorosas cifras movimentadas pela liga se referem a uma série de mercados, como transações de atletas, venda de produtos licenciados e negociação de direitos. Em 2014, a NBA renovou com a Turner e com a ESPN, responsáveis pela transmissão das partidas, recebendo um montante de US$ 24 bilhões por nove anos da concessão às emissoras.

A Premier League, por exemplo, competição de futebol da Inglaterra e uma das maiores do mundo, vendeu os direitos para as temporadas de 2019 a 2022 por quase 5 bilhões de libras. Logo, os valores chegam a ser até equivalentes entre as ligas, dando ainda um pouco de vantagem à NBA, já que a PL negociou a transmissão em sete pacotes diferentes.

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A NBA também paga os maiores salários para as suas estrelas. De acordo com números da temporada 2016-17, os grandes astros chegaram a receber mais de US$ 6 milhões de dólares por mês. Na Premiere, os números chegaram a pouco mais de US$ 3 milhões para os principais atletas.

Assim, tudo o que envole a NBA é grandioso: valores de cotas de TV, salários de atletas, arrecadação com ingressos e negócios com patrocionadores. As equipes participantes da franquia são conhecidas mundo afora, estabelecendo um mercado forte financeiramente que mantém os grandes astros jogando a liga ano após ano.

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A NBA muito além do matchday

A movimentação econômica da NBA nos EUA se dá em outras áreas para além da venda de produtos licenciados e de todo o entorno do matchday. Um exemplo é o setor de apostas esportivas, em que a elite do basquete norte-americano é responsável por cerca de 1/3 de todo o montante apostado no país, principalmente no estado de Nevada.

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O mercado das apostas na NBA contempla os investimentos financeiros nos mais diversos resultados possíveis no jogo, como definição do vencedor e do classificado das série para a próxima fase, total de pontos na partida, diferença de pontos entre as equipes e outras dezenas de parâmetros definidos pelas casas de apostas. O apostador consegue investir nos dias anteriores ao confronto ou até mesmo em eventos ao vivo, dependendo do site escolhido.

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Em 2018, a corte aprovou novas regulamentações para o ramo e procura mudar o cenário em favor das casas legalizadas, tanto físicas quanto digitais. Somente no ano de 2019 nos EUA, toda essa engrenagem de apostas esportivas movimentou cerca de US$ 13 bilhões. Aplicando-se a projeção de 30%, há a expectativa de que cerca de US$ 4 bilhões foram destinados apenas à NBA, um número expressivo que retorna ao próprio esporte por meio de patrocínios e financiamentos de campeonatos.

A força da NBA na cultura

No início de 2020, um acontecimento triste gerou comoção no mundo todo: o falecimento de Kobe Bryant, vitimado por um trágico acidente de helicóptero que também levou sua filha de apenas 13 anos. As homenagens a Kobe foram registradas em diversos país, evidenciando um rosto conhecido e admirado não apenas por cidadãos comuns, mas também por celebridades, atletas, cantores e políticos.

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Adaptação da capa da Revista Time. Edição: b9.com.br

Já no ano de 2005, a NBA alcançou a marca de transmissão em 215 países, em mais de 100 emissoras diferentes; isso há uma década e meia, o que mostra que não é de hoje que o torneio está presente em praticamente todos os cantos do globo. A internacionalização também se reflete na própria liga, que, na temporada 2018/19, contou com mais de 108 estrangeiros de 38 nações.

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O arquétipo do estilo do basquete

Com o auxílio do cinema e da TV, a NBA entrou no imaginário norte-americano e internacional. O estilo de roupas legas e tênis de cano médio se tornou a construção imagética do fã de basquete, unificando um visual reconhecível tanto no interior de Massachusetts quanto em uma rua bucólica de Paris.

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Uma reportagem da Vice, assinada por Gustavo Mesa, defende que essa influência da moda do basquete é ainda mais forte na juventude negra. Na publicação, a antropóloga Carol Delgado explica que o boom da NBA nos anos 1990 trouxe novos estilos até então desconhecidos pelos brasileiros, mostrando ‘atitude’ de negros colocados em posição de poder.

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“Estamos falando de ver pessoas negras em um lugar de domínio absoluto pelo poder da imagem e também pela história do tênis, da camisa, enfim, de todos os símbolos visuais que estavam ali”, cita Carol.

Pela própria similaridade do estilo, o basquete se coloca muito próximo do rap. E os dois se relacionam pelo próprio ideal de ascenção social. Em comunidades dos subúrbios norte-americanos, ambos são vistos como caminhos para sair das condições difíceis e ‘vencer na vida’.

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Tal superação também é vista nos cinemas, com uma série de histórias de personagens jogadores de basquete ou simplesmente inserindo o esporte como elemento da narrativa. Outros títulos, como o clássico Space Jam, de 1996, trazem uma glamourização ainda maior do basquete e de suas estrelas.

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Jordan e a Nike

Na década de 1980, a até então recente Nike procurava um jogador da NBA para investir como seu garoto-propaganda. O escolhido foi o jovem Michael Jordan, já que a maior parte das grandes estrelas tinham contratos vigentes. O desenho do modelo de tênis Jordan, assinado pelo atleta, foi um divisor de águas na história da marca e de toda a moda mundial.

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O modelo de tênis alavancou as vendas e a riqueza da Nike, criando uma parceria comercial de sucesso que funciona até hoje. No ano de 1984, por exemplo, a Nike contava com um faturamento de 900 milhões de dólares. Em 1997, anos depois do início da parceria, a empresa aproximou-se dos US$ 10 bilhões de receitas.

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A Nike não é a única marca a se aproximar do basquete. Adidas, Converse e Puma são outros exemplos de empresas de calçados ao se alinharem à liga norte-americana. Fábricas de vestuário, principalmente de moda streetware, também são fortes aliadas aos atletas reconhecidos mundialmente; além de outras expoentes de relógios, carros e diferentes produtos de luxo.

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