Por Ricardo Romanelli
Fora da quadra, a notícia que mais movimenta o mundo da NBA nos últimos tempos é a venda do Sacramento Kings para um grupo de Seattle.
Desde que o SuperSonics foi comprado por um grupo de Oklahoma City, que levou a franquia para lá e renomeou-a como Thunder, a cidade de Seattle não tem um time da NBA para chamar de seu.
Existiu uma grande movimentação pelo retorno de uma franquia da NBA para a cidade, e com o anúncio feito na semana passada, registrou-se muita comemoração.
O que não se analisa, no entanto, é que Seattle perdeu sua franquia para Oklahoma justamente porque não soube demonstrar este carinho e esta vontade nos últimos anos do SuperSonics.
Depois da era vitoriosa nos anos 90, quando a equipe brigou por títulos com a dupla Gary Payton e Shawn Kemp, assistimos a um declínio de qualidade nas equipes montadas e no nível de interesse, que chegou ao fundo do poço no final da época de Ray Allen.
Na última temporada do Sonics em Seattle, a equipe conseguiu apenas 20 vitórias, e relocou-se para outra cidade, tendo maior sucesso lá.
Exemplos como este não faltam. O Charlotte Hornets tornou-se New Orleans Hornets. Pouco tempo depois, a cidade de Charlotte entusiasmou-se novamente e abraçou a criação do Charlotte Bobcats. O Memphis Grizzlies era Vancouver Grizzlies até não muito tempo.
Mas o que aconteceu especificamente nos casos de Charlotte e Seattle que, pouco tempo após perderem suas franquias por conta de times ruins e pouco interesse, conseguiram unir a comunidade local para trazer novas franquias?
A pergunta, de certa forma, responde a si mesma. Foi a incompetência gerencial que fez com que as franquias afundassem. Em mercados pequenos e médios, como é o caso das franquias citadas, a população não tolera times ruins, e o prejuízo financeiro é inevitável.
Não é que os torcedores tenham parado de gostar de basquete da noite para o dia, e que os fãs de outra cidade tenham mais vontade de ter uma equipe para chamar de sua.
Pelo contrário. Os torcedores gostam tanto do esporte que se recusam a sofrer com times ruins. Não aceitam a mediocridade imposta pela incapacidade gerencial em construir equipes competitivas.
E este tem sido um reflexo marcante na análise de equipes de pequeno e médio porte na NBA. Aquelas que possuem boas equipes, como os já citados Thunder e Grizzlies, tem tido suporte constante das comunidades locais.
Por outro lado, aquelas que constantemente flertam com a mediocridade, como o próprio Sacramento Kings e o New Orleans Hornets, apenas para citar dois exemplos,
estão constantemente sendo alvo de especulações sobre relocação, como aconteceu agora com o Kings.
A boa notícia para os torcedores de Seattle é que, quando da mudança do Sonics para Oklahoma, a cidade manteve os direitos sobre o nome “SuperSonics”, bem como as cores da franquia e os banners de conquistas de títulos (um campeonato, seis na divisão e três na conferência).
Com isso, é seguro dizer que o Seattle SuperSonics está de volta (a não ser que os donos optem por outro nome). Mas dessa vez, terão que fazer da maneira correta. Administrar o time com responsabilidade e colocar em quadra uma equipe que possa honrar a cidade, pois os torcedores não vão aceitar a mediocridade novamente.
Quanto a Sacramento, que abandonou o Kings na última metade de década, cabe um período de reflexão sobre o que foi feito errado, especialmente por parte da direção da franquia. Após alguns anos, quem sabe, não conseguem abocanhar alguma franquia itinerante que tornou-se inviável em sua cidade. Hornets, Timberwolves e Wizards tem sido maus administradores há algum tempo, e logo surgirão pressões que justifiquem uma venda, caso não revertam os maus resultados.
É uma situação que vale a pena monitorar. De resto, sentiremos especial nostalgia caso o Seattle SuperSonics realmente tornem a ser competidores na NBA. Um time com história de grandes jogadores e equipes empolgantes não poderia simplesmente sumir após uma relocação oportunista. Não seria justo com os fãs dos Sonics, nem com ninguém.