Noah Lyles, três vezes campeão mundial dos 200 metros rasos, fez um comentário recentemente que deixou diversos jogadores da NBA irritados. Em suma, Lyles afirmou que eles achava estranho quando os vencedores da liga serem chamados de campeões mundiais. Então, na Copa do Mundo de Basquete, os atletas dos EUA poderiam responder de volta com um título. Mas não foi o que aconteceu.
Nesta sexta-feira, a Alemanha bateu os EUA nas semifinais da Copa do Mundo de Basquete, deixando os americanos longe do troféu pela segunda vez consecutiva. O resultado foi até melhor que um modesto sétimo lugar em 2019, mas a história se repete.
Sem os principais jogadores da NBA, a seleção dos Estados Unidos ainda joga no torneio, enquanto disputa o terceiro lugar contra o Canadá. No entanto, nada se compara com um título que não vem novamente. E é o ciclo, né? Perde no Mundial e, dois anos depois, monta um elenco melhor para encarar as Olimpíadas, vence e volta de peito estufado, achando que é soberano no basquete.
Não é.
A hegemonia que teve até os anos 80 foi para o espaço. Há muito tempo. E com os movimentos que a NBA fez desde então, não só mostrou que a diferença diminuiu ao longo dos anos, como puniu em todas as vezes que os EUA não levaram a sério. Ou tão a sério, vai.
A quebra de tal hegemonia, após derrotas para o Brasil (Pan de 1987) e União Soviética (Olimpíadas de 1988), obrigou os americanos a brigarem com a FIBA. Eles queriam jogadores da NBA e conseguiram.
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Então, nas Olimpíadas de 1992, em Barcelona, surgiu o melhor time de todos os tempos, o Dream Team. Mas só aconteceu porque a vergonha era grande demais para caber no ego americano. Daí, participaram caras como Michael Jordan, Magic Johnson e Larry Bird. O sucesso foi incrível, colocou a NBA em um outro patamar fora dos Estados Unidos e o resultado, três décadas depois, é que os últimos prêmios de MVP foram para estrangeiros.
Giannis Antetokounmpo (Grécia) levou dois, Nikola Jokic (Sérvia), também ficou com dois e, por fim, Joel Embiid (Camarões), venceu o último. Isso, sem contar com Luka Doncic (Eslovênia), que esbarra em campanhas irregulares do Dallas Mavericks.
Dos três que venceram, nenhum deles foi ao Mundial. E olha que a Sérvia, mesmo sem Jokic, chegou à final. O destaque sérvio foi um reserva na NBA, Bogdan Bogdanovic (Atlanta Hawks). Mas o basquete é coletivo, né? Ninguém vence sozinho.
E foi a falta do tal coletivo que fez a equipe americana falhar mais uma vez. Taticamente, não tem nem comparação com os europeus. A seleção dos EUA quer vencer no atleticismo, na força, mas esqueceu de levar um pivô para pegar rebotes. Até levou Walker Kessler (Utah Jazz), mas ele foi um mero turista.
Soberba
Seria estranho dizer que a seleção de Steve Kerr não era uma das favoritas. Afinal, é assim que funciona. Tradicionalmente, a equipe é mais forte fisicamente. Com o estilo ofensivo baseado na transição e nos arremessos de longa distância, fica tudo mais fácil. Mas quando enfrentam seleções que trabalham taticamente, com um jogo inteligente, tudo fica muito mais difícil.
É só ver o que o Brasil aprontou em cima do Canadá. Com quadra aberta, é óbvio que os canadenses seriam os favoritos. No entanto, Gustavo de Conti deu a bola de três para a equipe do marrento Dillon Brooks. Enquanto isso, o garrafão ficava “lacrado”. Resultado? Vitória brasileira.
E quando você não tem caras grandes para brigarem pelo rebote, aqueles dominantes no garrafão, aí azeda tudo. Por mais que a combinação dos pivôs dos EUA fosse interessante, não tinha quem brigasse pela segunda bola. Aliás, tinha. Josh Hart, de 1,93 m, que ganhou a titularidade de um preguiçoso Brandon Ingram.
A soberba acontece quando os melhores jogadores americanos na NBA transferem a responsabilidade. Eles sabem que o colega é talentoso e pode fazer a diferença, mas quando faltam grandes nomes, a situação é um tanto mais difícil.
Nada de Kevin Durant, LeBron James, Stephen Curry, James Harden, Kawhi Leonard, Damian Lillard ou Jimmy Butler. Aliás, Butler desdenhou da Copa do Mundo de Basquete e disse que não se preocupava com a seleção dos EUA. O discurso funciona quando ganha, mas e agora? Ele vai continuar nessa?
Fracassos recentes
Não foi só agora que a seleção americana caiu. Apesar de já ter perdido neste Mundial. No último domingo, sem a preocupação com o resultado, o time dos EUA caiu diante de uma Lituânia sem alguns de seus melhores jogadores. Até conseguiu se recuperar no placar, após estar atrás por quase 20 pontos, mas bastou a tática adversária funcionar para a equipe sucumbir. Agora, perdeu para a Alemanha.
Não que a Alemanha tivesse um Dirk Nowitzki (MVP da Copa do Mundo de 2002), mas foi superior durante todo o jogo. O resultado não poderia ser mais justo.
Em 2019, por exemplo, a seleção dos EUA contou com diversos jovens talentosos, mas ainda crus em competições internacionais. O sétimo lugar foi um “tapa na cara”. Mas aí, jogadores como Durant e Lillard estavam no elenco que venceu as Olimpíadas de Tóquio.
A narrativa do time da redenção se aplica toda vez após um revés vexatório. Foi assim em 2008, após resultados patéticos no Mundial de 2002 (nos EUA), de 2006 e nas Olimpíadas de 2004. Então, com Kobe Bryant, LeBron James, Carmelo Anthony, Dwyane Wade e Chris Paul, a equipe venceu lá e em Londres, em 2012. Em 2016, por exemplo, lá estavam outros caras importantes, sempre para manter a escrita de que a Copa do Mundo não parece ter tanta importância assim.
E agora?
Bem, como após toda derrota, os americanos vão juntar suas forças, montar um elenco com o mais próximo do melhor que conseguem e vão vencer as Olimpíadas de 2024. Aí, pode incluir nomes como Jayson Tatum (Boston Celtics), Devin Booker (Phoenix Suns) e caras jovens da NBA, que até lá estarão em outro nível, como Scoot Henderson e Zion Williamson.
A seleção vai vencer e vender uma imagem de “prestígio resgatado”, o que é totalmente natural e não se deve esperar menos. Mas se achar que é muito melhor do que o resto do mundo e seguir com a soberba, o resultado das próximas competições pode ser diferente.
É entender que todos os torneios são importantes e fazer com que seus melhores jogadores entendam o recado. Aliás, parece que Antetokounmpo, Jokic e Embiid já deram alguns.
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