Conferência Leste volta a ser forte

Gustavo Lima analisa a subida de produção das equipes da conferência Leste

Fonte: Gustavo Lima analisa a subida de produção das equipes da conferência Leste

Nas últimas temporadas, a conferência Oeste era dominante na NBA por ter um elevado número de times com campanhas positivas e até com chances de título. Já o Leste tinha apenas duas ou três equipes de alto nível e um grande número de times medíocres, com alguns deles, inclusive, conseguindo classificação para os playoffs com campanhas negativas. Em 2015/16, esse cenário mudou. Passado quase um terço da temporada, já podemos notar a sensível melhora de desempenho das equipes da conferência Leste.

Tudo bem que o pior time da liga faça parte do Leste (é você mesmo, Philadelphia 76ers), mas dez das 15 equipes da conferência estão com campanha positiva. Isso é bastante significativo. Já no Oeste, somente cinco times estão com mais vitórias do que derrotas. Em 2014/15, por exemplo, apenas cinco times do Leste terminaram a temporada regular com campanhas positivas, enquanto que, no outro lado, o Oklahoma City Thunder ficou de fora dos playoffs mesmo com uma campanha de 45 vitórias e 37 derrotas. 

O Cleveland Cavaliers, grande favorito a fazer novamente a final da NBA, lidera o Leste com 17 vitórias e sete derrotas. A equipe de LeBron James tem a terceira melhor campanha geral, atrás apenas dos contenders do Oeste: Golden State Warriors (26-1) e San Antonio Spurs (23-5). Nenhuma novidade nisso, convenhamos.

Publicidade

A briga pelas outras posições no Leste está bastante acirrada. No momento, o Indiana Pacers tem a segunda melhor campanha (16-9), mas há poucos dias esse posto já foi de Chicago Bulls (15-9), Toronto Raptors (17-11), Miami Heat (15-10) e Charlotte Hornets (15-10). O Orlando Magic, que há poucos meses brigava pelas últimas colocações, está na sétima posição, com uma campanha de 15 vitórias e 11 derrotas. Hoje, a última vaga dos playoffs do Leste seria do Detroit Pistons (16-12). Pacers, Magic, Hornets e Pistons se recuperaram da mediocridade recente e são as “novidades” da conferência. Aliás, na minha humilde votação para melhor técnico do ano, Frank Vogel, Scott Skiles e Steve Clifford merecem uma menção honrosa.

O Atlanta Hawks, que teve o melhor desempenho na conferência, em 2014/15, no momento está fora da pós-temporada, mesmo com campanha positiva (16-12). Se estivesse no Oeste, o Hawks seria o quinto melhor colocado. O Boston Celtics, que chegou aos playoffs na temporada passada, também sobraria com sua campanha de 14 triunfos e 13 derrotas. Mais uma vez, Brad Stevens faz um bom trabalho em Boston. Washington Wizards e Milwaukee Bucks, respectivamente o quinto e o sexto em 2014/15, estão com campanhas abaixo do esperado (10-14 e 10-18) e são as decepções da conferência. O New York Knicks melhorou seu rendimento em relação ao último ano, mas ainda tem campanha negativa (13-14). Já Brooklyn Nets (7-19) e Sixers (1-27) estão fazendo exatamente o que o Jumper Brasil previu antes do início da temporada: as piores campanhas do Leste.

Publicidade

Era esperado que Cavs, Bulls, Heat e Raptors estivessem no topo da conferência. O Hawks idem. Agora, surpresa mesmo vem sendo o desempenho de Pacers, Magic, Hornets e Pistons. Na previsão da temporada, cravei que essas equipes brigariam por, no máximo, uma ou duas vagas de playoffs. Segue abaixo uma análise rápida de cada um desses times, que melhoraram bastante em relação à ultima temporada.

Indiana Pacers

A equipe de Indiana está na segunda colocação do Leste muito em parte graças às excelentes atuações do ala Paul George, que voltou “voando” após ter fraturado a perna, no ano passado. O Pacers tem o sexto melhor ataque (103.8 pontos), é o segundo em aproveitamento nas bolas de três pontos (atrás apenas do Warriors) e o oitavo time que menos sofre pontos (98.6). Frank Vogel vem mostrando que é um grande treinador ao levar um elenco nem tão qualificado assim às cabeças do Leste. Com a falta de peças confiáveis no garrafão, ele mudou o estilo de jogo da equipe, colocando George para atuar mais tempo com a bola nas mãos e na posição 4. O ala C.J. Miles está fazendo sua melhor temporada na NBA e contribuindo fundamentalmente com os arremessos de longa distância (média de 15.6 pontos e aproveitamento de 41.9% nas bolas de três). Quando tinha nomes como David West, Danny Granger, Lance Stephenson e Roy Hibbert sob o seu comando, Vogel levou a equipe a duas finais de conferência (2013 e 2014), além de uma semifinal em 2012. A temporada passada foi o ponto fora da curva por causa da lesão de George. Como diria o torcedor mais fanático, o Pacers está de volta.

Publicidade

https://www.youtube.com/watch?v=QPN1tICn7po

Charlotte Hornets

Neste momento, Clifford teria o meu voto para técnico do ano. O time de Charlotte mudou da água para o vinho em relação à temporada passada, quando amargou a quinta pior campanha do Leste. Dono do oitavo melhor ataque (102.8 pontos anotados) e da sétima melhor defesa (98.6 pontos sofridos), o Hornets cresceu como conjunto. A chegada de Nicolas Batum impulsionou a equipe nos dois lados da quadra. Kemba Walker vem dando sinais de amadurecimento e de que pode ser o líder do time. O impressionante é que, mesmo sem Michael Kidd-Gilchrist, seu melhor defensor, o Hornets vem se destacando na defesa. Até Marvin Williams está jogando bem. E tem outro detalhe: o pivô Al Jefferson, principal arma ofensiva no garrafão, não vem fazendo falta ao time. Outro fator que explica a melhora do Hornets é a contribuição dos reservas contratados na offseason. Jeremy Lin e Jeremy Lamb são armas ofensivas importantes vindas do banco. Bola dentro da direção da franquia. Enfim, o time de Charlotte, que sempre se destacou na defesa desde a chegada de Clifford, há três temporadas, está mais equilibrado, agora que tem um ataque confiável. Estou curioso para ver o desempenho do time quando Jefferson voltar da suspensão.

Publicidade

https://www.youtube.com/watch?v=I9c7B1SZui4

Orlando Magic

Já o Magic está começando a colher os frutos dos últimos anos em que esteve na loteria do draft. A chegada do técnico Scott Skiles foi importante para a subida de produção de alguns jogadores, especialmente o ala-armador Evan Fournier e o armador Elfrid Payton. Victor Oladipo se tornou o sexto homem do time. Com um elenco jovem, a equipe de Orlando é bastante aguerrida em quadra, reflexo  do comando de seu treinador, um “louco” por defesa. Skiles está conseguindo extrair o melhor de cada uma das principais peças da equipe. O Magic é o sexto time que menos sofre pontos na liga (98.3) e promete brigar por uma vaga nos playoffs até o fim. Ah, ainda espero que Skiles dê mais tempo de quadra às promessas Aaron Gordon e Mario Hezonja. 

Publicidade

https://www.youtube.com/watch?v=CIY9HWr6v3U

Detroit Pistons

O Pistons é outro time que está “no bolo”. Stan Van Gundy conseguiu montar um elenco em torno de Andre Drummond, assim como fizera com Dwight Howard na época de Orlando Magic, e a receita vem dando certo. Drummond é o principal reboteiro da NBA e tornou-se uma arma ofensiva valiosa após a saída de Greg Monroe. Van Gundy ainda renovou com Reggie Jackson, que vem demonstrando que pode ser um grande armador na liga, e trouxe Marcus Morris e Ersan Ilyasova, duas armas importantes nos chutes de média e longa distância. Com quatro jogadores abertos e um pivô dominante na área pintada, o time de Detroit vem conseguindo resultados satisfatórios na temporada. Além disso, o Pistons foi feliz na escolha do draft. No pouco tempo em que já atuou, Stanley Johnson mostrou que veio para ficar na liga. Não se surpreenda se, daqui a alguns meses, ele ganhar a condição de titular. Um detalhe que pode prejudicar o time de Detroit é a falta de opções qualificadas no banco de reservas (à exceção de Johnson). O time titular é o que fica mais tempo em quadra dentre as 30 franquias da liga. Com o calendário apertado da NBA, isso pode trazer lesões e, consequentemente, uma queda de produção. A volta de Brandon Jennings deverá ser importante nesse aspecto.

Publicidade

https://www.youtube.com/watch?v=hvNVqvOLjdA

A melhora de nível das equipes do Leste é muito benéfica para a liga. Já estava ficando chato toda temporada assistirmos excelentes times no Oeste e, do outro lado, a mediocridade imperando. A diferença era absurda até há alguns meses. Com um bom trabalho nos últimos drafts e boas gestões de elenco, os times do Leste, em geral, estão mais qualificados. Já o Oeste, especialmente Houston Rockets, Memphis Grizzlies e New Orleans Pelicans, enfim caiu de produção. No próximo artigo pretendo explorar essa queda dos times do Oeste. São muitos fatores a serem analisados.

Publicidade

O fato é que, nesta temporada, a NBA tem três equipes em um nível acima das demais – Warriors, Spurs e Cavs, que eu considero as favoritas ao título. Além disso, a liga possui uma porção de bons times, desta vez com superioridade númerica das franquias do Leste. Tudo bem que ainda temos dois terços de temporada a serem disputados, mas já dá para cravar que a conferência Leste deixou de ser a piada de alguns anos atrás. Em época de Star Wars e seu mais novo filme, estamos vendo o despertar da força do Leste.

Últimas Notícias

Comentários