Chegou a hora de falarmos sobre o Spurs

Ricardo Romanelli analisa o time texano

Fonte: Ricardo Romanelli analisa o time texano

Quando o Cleveland Cavaliers ganhou o título da maneira que ganhou, e em seguida Kevin Durant assinou com o Golden State Warriors da maneira com que saiu do Oklahoma City Thunder, a expectativa era uma só: uma terceira final seguida entre Cavs e Warriors ao final da temporada 2016-17. Duas grandes partidas entre as equipes realizadas na temporada regular deste ano apenas aumentaram essa expectativa.

No entanto, existem vários motivos do porque em quase 70 anos de história a NBA não viu o mesmo duelo se repetir por três anos consecutivos na Final. Em 2017, esse motivo pode muito bem se chamar “San Antonio Spurs”.

Outro dos motivos que fazia com que todos apontassem a provável final como mais uma edição de Cavs X Warriors era a suposta decadência que o Spurs experimentaria neste ano. Depois de ter feito a melhor temporada de sua história em 2015-16, o Spurs chegou aos playoffs como franco favorito para fazer a final do Oeste contra o Warriors. Aí veio um “apagão” no segundo round contra o Thunder, e em seguida a notícia da aposentadoria de Tim Duncan.

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Apesar disso, o Spurs é uma franquia que nos últimos 20 anos se acostumou com excelência, e isso não abalaria as estruturas do time. O veterano Pau Gasol foi contratado para suprir a ausência de Duncan, e se adaptou muito bem. Ele tem o caráter e o estilo de jogo perfeitos para o time de San Antonio, e vem fazendo ótima temporada ao lado de LaMarcus Aldridge no garrafão.

Além da dupla de garrafão, o time vem demonstrando a constância de sempre, obtendo contribuições dentro do esperado por parte dos veteranos Tony Parker, Patty Mills, David Lee, Danny Green e Manu Ginobili, além da grata surpresa que foi Jonathon Simmons.

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O grande nome, porém, é Kawhi Leonard. O basquete que o ala vem apresentando é coisa do mais alto nível, como poucos atletas jogaram na história. Talvez por ter uma personalidade reservada e jogar num time reconhecidamente definido pelo sucesso coletivo, Leonard não receba todos os louros que merece.

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É até impressionante pensar que o ala foi adquirido pelo Spurs em 2011, na noite do draft, após o Pacers aceitar trocar os direitos sobre sua escolha pelo armador George Hill.

Hill era, e continua sendo, um armador de qualidade e habilidade reconhecida na NBA, e isso fez com que o Spurs hesitasse um pouco. Mesmo assim, a franquia precisava de jogadores mais atléticos e maiores no banco, e foram adiante com a transação. Hoje, com certeza, o Pacers não repetiria a troca.

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Leonard faz uma temporada digna de MVP. Só não é o candidato principal por conta dos números absurdos que James Harden e Russell Westbrook vêm registrando jogo após jogo, mas não se engane: ele está na verdade um nível acima.

Isso porque mesmo que ofensivamente as temporadas ofensivas de Harden e Westbrook estejam um pouco acima de Leonard, defensivamente o ala do Spurs está num nível que nenhum outro jogador de elite está. Ele, que sempre foi um jogador de elite no lado defensivo da quadra, tendo vencido por duas vezes o prêmio de melhor defensor da temporada, conseguiu alcançar um nível de jogo ofensivo impressionante em muito pouco tempo, jogando na mesma batida de todos os atletas de elite neste quesito.

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A ascensão começou mesmo em 2014, quando o ala foi eleito o melhor jogador da Final onde o Spurs venceu o Miami Heat de LeBron James. Em 2015 e 2016 ele continuou crescendo muito, sendo eleito para o All-Star Game de 2016 e para o quinteto ideal da liga, também em 2016.

Agora, em 2017, ele está maduro e confortável no comando do Spurs. Apesar disso, tem apenas 25 anos, continua sendo o melhor defensor de perímetro da liga, e tem apetite para crescer mais. Ainda em 2012, Gregg Popovich falou que Leonard poderia vir a ser a “cara do Spurs” um dia, pois era um jogador extremamente dedicado e inteligente, que era o primeiro a chegar e o último a sair do treino. Francamente, duvido que Popovich sabia que seu atleta poderia chegar tão longe em tão pouco tempo.

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E é graças a ele, seu brilhante técnico e elenco de veteranos constantes e comprometidos que o Spurs conseguiu apagar de nossas memórias a fraca campanha nos playoffs do ano passado e hoje nos faz hesitar na hora de cravar uma terceira final seguida entre Cavs e Warriors. O Spurs já jogou uma vez nesta temporada com cada um dos dois favoritos, e venceu as duas partidas. Joga mais duas vezes com o Warriors e uma com o Cavs, estando os três jogos marcados para o mês de março. Com certeza serão, além de grandes partidas, excelentes termômetros para reavaliarmos quem entra nos playoffs como favorito.

Apesar disso, uma coisa é certa: o Spurs está longe, muito longe de ser um time a ser descartado como candidato ao título. O Los Angeles Clippers, que muitos acreditavam que seria a segunda força do Oeste este ano, patina. O Spurs cresceu neste vácuo e hoje é uma ameaça legítima ao Warriors pelo título da conferência e com certeza não é uma equipe que LeBron James e o Cavs gostariam de enfrentar na Final.

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Com um esquema mais eficiente do que nunca, veteranos que quase não erram e Kawhi Leonard em grande fase, o time comandado por Gregg Popovich não pode ser subestimado. Mais do que isso, deve ser imediatamente incluído nas listas de candidatos muito fortes ao título da NBA.

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