Em 2014, aqui no Jumper, escrevi um artigo intitulado “Carmelo Anthony, o perdedor”. Na época eu criticava as seguidas campanhas ridículas que ele acumulava com o Knicks desde que foi trocado para o time de New York, em 2011.
Os últimos parágrafos daquele texto diziam assim:
“Carmelo vem nos enganando há mais de uma década. Ele é um jogador sensacional. Possui um arsenal técnico ofensivo que pouquíssimos jogadores na história demonstraram, mas falta algo maior do que habilidade ou talento. Ele simplesmente parece não querer vencer. Não faz os sacrifícios que a equipe precisa faça em prol de um projeto maior. Por algumas vezes, ficou a impressão de que ele poderia ter amadurecido. No entanto, agora, quase em 2015 e com 11 anos de carreira, o ala parece mostrar uma vez mais que ainda é o menino imaturo que entrou na NBA em 2003.
É difícil acreditar que ele possa reverter esse cenário e tornar-se um campeão. Ocorre que a NBA já nos mostrou de tudo e o fator surpresa é somente mais um daqueles que compõem uma das ligas esportivas mais fascinantes do mundo. Se me perguntassem hoje se acredito que Carmelo ainda pode se tornar um vencedor, porém, minha resposta seria fácil: não. Ele já é um perdedor comprovado.”
É incrível como três anos depois, isso se mantém verdadeiro e o debate em torno de Carmelo Anthony ainda é o mesmo.
O ala já se mostrou, obviamente, um grande jogador ofensivo e um nome com poder de estrela. Mas falta a ele aquilo que separa as estrelas dos campeões: o espírito vencedor. A vontade de vencer acima de tudo. A disposição em sacrificar o próprio jogo em prol da melhora do time, na forma mais pura e instintiva de liderança que existe.
Com o sucesso de Kristaps Porzingis após sua campanha de estreia e a chegada de Derrick Rose e Joakim Noah a New York, muito se falou no “super time” que o Knicks estava montando antes da temporada. O próprio Rose chegou a abraçar publicamente este rótulo. Seria um time de veteranos alicerçado no jovem talento de Porzingis e no poder ofensivo de Anthony.
Agora, com pouco mais de metade da temporada já no retrovisor, o Knicks patina. Com pouco mais de 44% de aproveitamento nas partidas disputadas, a franquia está num grupo que inclui Chicago Bulls, Milwaukee Bucks e Detroit Pistons que lutam pela oitava vaga do Leste. Pessoalmente, apostaria em todos esses antes de apostar no Knicks.
Os sinais de frustração crescem e a cada dia ficam mais evidentes. Recentemente, Anthony surtou no vestiário após uma partida perdida para o Philadelphia 76ers na última bola, depois que o Knicks entregou uma vantagem de 10 pontos nos últimos 2 minutos e 30 segundos. Apesar da reclamação, não dá pra deixar de notar que Anthony estava próximo a T.J McConnell, do 76ers, que converteu o arremesso decisivo, e poderia ter ajudado na marcação.
A controvérsia gerou um encontro entre o atleta e Phil Jackson, diretor executivo da franquia. Apesar de, segundo relatos, a pauta ter incluído conversas sobre uma possível troca, isso é improvável no momento, pois Anthony possui uma cláusula em seu contrato de que ele deve dar o aval para qualquer transação.
Isso não significa, no entanto, que ele não aprovaria uma troca para um destino que pudesse lhe garantir uma disputa de título. Obviamente que nesta outra hipotética franquia ele não precisaria ser o líder e poderia jogar melhor sem a pressão de ser o principal atleta da equipe. Já vimos como isso funciona nas participações de Anthony com a Seleção de basquete dos EUA, em Olimpíadas e Campeonatos Mundiais. É mais um indício muito claro de que ele não nasceu para ser um líder, mas pode ser um excelente ativo para um time que precisa apenas de um pontuador.
Pessoalmente, não acho que Anthony seja trocado durante a temporada, mas durante a offseason isso pode mudar. Phil Jackson e o atleta nunca tiveram boa relação, e ela piora a cada dia. Pode ser que, num esforço de mostrar serviço e resultados que não conseguiu desde que assumiu o cargo, o executivo resolva trocar Anthony numa tentativa de obter jogadores que melhor se encaixem com o perfil de Porzingis, o grande nome para o futuro da franquia. Vale lembrar que Derrick Rose será agente livre, e que o desmanche do “super time” que não aconteceu pode estar mais próximo do que pensamos.