Por Jumper Brasil
Neste final de semana, aconteceu algo muito lamentável para quem acompanha basquete no Brasil. Blogueiros foram achincalhados por Eduardo Agra, ex-jogador e atual comentarista da ESPN. De forma gratuita, talvez, Agra deixa claro que, quem não jogou basquete, não pode comentar profissionalmente sobre o assunto.
Aqui, não vamos entrar nessa discussão. Até porque, o próprio Agra se recusa a falar diretamente de alguém, que muitos “presumem” ser Fábio Balassiano, do blog Bala na Cesta, do UOL. Só que no meio de tanta inventividade escrita, uma chamou a atenção: “Desconhecimento do jogo nas análises de blogs é ridículo”.
O ex-jogador resolveu usar o Twitter para falar mal de blogs… É isso mesmo que você leu. Resolveu usar a internet para falar mal de blogs. Foi criticado, obviamente, e ainda saiu reclamando com a turma de mal-educados.
Teve mais: “Agora Blogueiros em geral q nunca tiveram uma bolha de tenis no pé, e pq tem info na frente do comp, é ridículo”.
Ai, ai… Já perdi a conta de quantas vezes ouvi nas discussões de futebol um falar para o outro: “já chupou laranja com quem no vestiário?”
A turma, mais uma vez, começou a questionar, apontando que, na própria ESPN, os melhores comentaristas de futebol nunca foram jogadores. Eis, então, a cereja do bolo: “bball (abreviação de basketball, comum nos EUA) eu penso assim, futebol é outra coisa”. Que legal, além de ser o diferentão dos analistas de basquete, ele também elabora teorias próprias. No basquete é assim, no futebol não. E ainda propõe a “seleção natural dos comentaristas”.
O que seria do nosso Ricardo Stabolito, de 1,70 cm de altura e que nunca esteve perto de atuar profissionalmente? Well, well, amigos do Jumper Brasil, afirmo além de qualquer dúvida: nosso StaboMito põe no chinelo qualquer um desses que aparece semanalmente na telona quando o assunto é NBA. Ou então, o próprio companheiro dele na ESPN, Ricardo Bulgarelli, que também não jogou profissionalmente. O nível sobe quando Bulga participa das transmissões.
Confuso, desconexo, incoerente. Aproveitando-se da bagunça das próprias palavras, tentou dizer que não foi bem isso, etc. Aquilo tudo que estamos acostumados.
Além de ter todo o direito de opinar sobre basquete, nós também temos direito de opinar sobre a opinião alheia. E a opinião do Agra, especificamente, sobre #bolhanope entender mais ou poder opinar mais do que blogueiro, é ridícula. Burlesca. E, no Twitter, ele bloqueou até os que discordaram educadamente de suas opiniões, o que é triste.
Para reforçar a teoria, ele enumera essa turma na transmissão das olimpíadas: “Fox:Oscar,Sportv:Byra, Hélio R,Bial, Jorge de Sá, Renatinho, Globo:Tiago, Hortencia,Espn:Zé,Paula,P Bassul, Wlamir e Agra,blogueiros?no Rio”. E emenda: “finalizar discussão:Rio 2016, comentaristas das Tvs, teve blogueiro? NBA, NCAA, ACB , NBB e FPB ou jogou, ou técnico ou os 2 certo? Bye“.
É normal a TV buscar nomes de peso na hora de transmitir. Se o cara for bom, melhor ainda, dependendo da emissora. Mas usar os nomes da TV para reforçar a tese é nada. Aliás, é sim, é um tipo de falácia.
E sério mesmo, Bial? Durante o mundial de 2014, Bial chegou a dizer que Giannis Antetokounmpo, draftado em 2013 pelo Milwaukee Bucks, estaria em breve na NBA. Mais além, cansávamos de ouvir: “vamos pro jogo”, gritado pelo narrador enquanto Bial falava de assuntos diversos. O intuito aqui não é descascar o Bial, é apenas mostrar que não é porque o cara é ou foi alguma coisa que ele é melhor que alguém que nunca jogou. Tem time do NBB em que os técnicos não conseguem ensinar variações de jogada porque os jogadores não aprendem. Mas para trabalhar como comentarista esses jogadores serviriam? Finalmente, tem comentarista que só sabe falar de arbitragem, para furor de alguns. Só que nunca foram árbitros. E aí, podem dar pitaco? Opinar sobre o jogo não é necessariamente para quem já entrou em quadra. Tem que (ser) estar informado, atualizado, saber as regras e outras coisas que nada tem a ver com ser ex-algo. Neste ou em qualquer esporte.
Os blogs são, possivelmente, quem mais divulga o basquete no país nos últimos tempos. Cito, por exemplo, os ótimos Two Minute Warning, TimeOut Brasil, Bola Presa, Bala na Cesta, Triple Double, Draft Brasil, A Bola do Jogo, Paixão NBA, entre outros. Tem gente grande da imprensa tratando o basquete internacional com tradutor online, sem revisão ou edição. Outros, não tão grandes assim, entregando texto por obrigação, escrevendo qualquer coisa só para bater ponto.
Seja blog, site, portal, rede social ou sei lá o quê, procure boa informação. Não olhe só a cara, analise o conteúdo. Não é porque está na TV que tem mais qualidade. Não é porque tem menos audiência que é inferior. O basquete já está mal o suficiente para ainda tentarmos dividir o que restou, separar migalhas. Tem gente que até não quer admitir, mas somos todos merrequinhas, todos semelhantes.
Começa logo, NBA.