Assim como Warriors de Curry, Nuggets de Jokic parece imbatível

Há cerca de uma década, Stephen Curry e o Golden State Warriors começaram a assustar adversários, algo similar ao que acontece hoje com o Denver Nuggets de Nikola Jokic. Apesar de serem times completamente diferentes, Nuggets e Warriors parecem em um detalhe: sempre dão um jeito de vencer.

Vitórias como a de Denver sobre o Los Angeles Lakers na noite de segunda-feira são comuns. Time perde por diferença considerável até certo momento do jogo e, então, consegue virar.

A outra equipe tenta de todo e, por vezes, merece vencer. Quem não lembra do San Antonio Spurs, que deixou uma larga vantagem sobre o Warriors desaparecer após lesão de Kawhi Leonard? Ou do Houston Rockets, que tinha a série nas mãos, em casa e amassou o aro diante de Golden State?

São triunfos assim que marcam ainda mais uma equipe de sucesso na NBA. Mas o Nuggets de Jokic está trilhando o mesmo sucesso do Warriors de Curry. Bem ao estilo “em algum momento a virada vem”.

E foi exatamente assim contra o Lakers. Los Angeles dominou o placar, mas não o jogo. Uma coisa é abrir distância no marcador. Outra, é ter certeza que o oponente foi abatido. E o Nuggets não foi abatido em momento algum, apesar de uma grande noite de Anthony Davis e D’Angelo Russell.

Talvez tenha sido a melhor estratégia do Lakers diante do adversário recentemente. Davis e Russell lideraram, enquanto LeBron James organizava, poupando seu corpo para o último período.

Mas a quarta falta de Davis e uma mudança simples na marcação de Denver, foram suficientes para virar o jogo. O Nuggets venceu por méritos próprios e olha que ninguém falou do triplo-duplo de Nikola Jokic, mas fosse com Curry e o Warriors…

Nuggets brilha sem parecer

O Denver Nuggets não é o time mais rápido da NBA (passa longe, aliás), não tem o melhor aproveitamento de três, não é o que mais pontua ou o que menos deixa pontuar. Então, por que a equipe mete tanto medo no adversário?

Aí é na simplicidade das coisas. E isso começa e termina com um jogador de 2,11 metros que sabe passar como se tivesse 1,90 metro. Jokic organiza o jogo como poucos, então ele facilita a vida de seus colegas. Veja quantos pontos fáceis Denver faz. Muito é por méritos do sérvio, que sempre encontra companheiros livres.

Sabe aquela jogadinha que gostam de dobrar em cima dele na cabeça do garrafão? É ali que ele faz o estrago. Se a marcação for dupla, ele passa para alguém livre. Se for simples, Jokic arremessa por cima.

A eficiência de Denver é impressionante.

É a oitava equipe que mais dificulta o arremesso do perímetro de um adversário, a quinta que menos permite alta porcentagem no arremesso de dois, é a terceira que menos leva pontos no último quarto. No ataque, é a quinta que menos comete desperdícios de bola, tem a décima melhor porcentagem em três pontos, a terceira que mais assiste companheiros e tem o quarto melhor aproveitamento em arremessos gerais.

Ou seja, tudo passa por um Jokic organizando em seu próprio ritmo, passando ou indo para a cesta e pegando todos os rebotes possíveis.

Normalizamos Jokic

Seja como for, Jokic está entrando na categoria de LeBron James. Calma, vou explicar.

Você acha mesmo que LeBron teve apenas quatro temporadas de MVP? Ele merecia outros mais, mas normalizamos seus feitos. E está acontecendo o mesmo com Jokic.

Veja a temporada 2022/23 dele: 24.5 pontos, 11.8 rebotes, 9.8 assistências. O cara quase fez média de triplo-duplo como pivô. E ele não foi o MVP!

Na atual, ele só será eleito porque “caiu no colo” dele a lesão de Joel Embiid. Do contrário, seria Embiid de novo. Aliás, com mais méritos do que na campanha passada.

Contra o Lakers, no segundo jogo da série, o sérvio somou 27 pontos, 20 rebotes e dez assistências, enquanto todo mundo só fala de Jamal Murray. Sim, entendo. Murray “pegou fogo” no útlimo quarto e boa parte do triunfo é por conta de sua performance ali. Mas quase ninguém fala do 20-20 que Jokic teve contra um dos melhores defensores da NBA, o que é bizarro.

Normalizamos mesmo.

Assim como Stephen Curry quando faz arremessos pouco imagináveis e LeBron faz o que faz aos 39, parece que o pivô não fez mais do que sua obrigação. De novo, bizarro.

A única diferença básica entre Curry com aquele Warriors e Jokic com o Nuggets é que o pivô não tem nenhum All-Star ao seu lado. Até que se prove o contrário, Murray ainda não é um (apesar de parecer muito). Azar do Jogo das Estrelas.

Nuggets favorito?

Bem, é difícil não ser, né? Claro que o Lakers dificulta o trabalho de Denver. Não é uma série fácil assim, mas deve passar para a fase de semifinais do Oeste. Depois, sinceramente, não vejo um time que possa superar o Nuggets até a decisão.

É que do outro lado tem o Boston Celtics. Claro, isso se as duas equipes chegarem até lá. Mas há algum tempo, é a final que o mundo prevê. Enquanto o Celtics “passeou” no Leste, o Nuggets jogou com 70% do pé no acelerador. E é sério. Nenhum dos dos times precisou fazer sacrifícios durante a campanha.

Então, se as duas equipes chegarem às finais, é provável que estaremos vendo o que existe de melhor na liga hoje.

Dinastia? Sim, é possível.

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