Os últimos 30 dias estão dizendo muito sobre a temporada da NBA. Em um período relativamente curto, quatro treinadores foram demitidos de seus cargos. E esse número pode aumentar nas próximas semanas.
Não que os destronados fossem considerados totalmente culpados pelas campanhas ruins de seus times. Apenas a paciência está deixando de existir, pelo menos em alguns casos.
Antes mesmo dessa onda de demissões, Kevin McHale foi a primeira vítima. Talvez de si próprio, mas sua situação no Houston Rockets ficou de certa maneira insustentável. Segundo relatos, ainda em novembro, McHale brigou com a diretoria por conta do armador Ty Lawson. O ex-jogador do Denver Nuggets jamais foi um pedido seu, mas havia a pressão para que ele fosse escalado como titular.
Ficou provado, em quadra, que não funcionou.
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James Harden precisa ter o controle do jogo em suas mãos e, com Patrick Beverley, a coisa andava. Primeiro, porque Beverley não tem a necessidade de armar o jogo. Ele é um especialista em defesa e serve bem como Mario Chalmers fazia no Miami Heat de Dwyane Wade e LeBron James. Por outro lado, Lawson é um “arquiteto” das jogadas. Foi assim que ele se destacou no Nuggets. Lawson já está na lista de trocas.
Além disso, McHale queria que Dwight Howard fosse mais acionado no ataque. Embora o pivô não esteja no seu melhor nível da carreira, ele sabe pontuar na área pintada. Até aprendeu alguns truques com Hakeem Olajuwon e ganhou um certo arsenal ofensivo. Mas o time é de Harden.
Howard, assim como Lawson, parece ser nome forte para trocas.
J.B. Bickerstaff assumiu a posição de McHale fazendo justamente o que a diretoria queria. Se vai dar certo, é outro papo. Com ele, o Rockets venceu 25 partidas e perdeu 17 (59.5% de aproveitamento). Hoje, em sétimo, ganharia duas posições, caso mantivesse o índice desde o princípio da temporada. Eram apenas quatro vitórias em 11 jogos com o antigo técnico.
Mudou muita coisa?
Em termos de resultados, sim. O Rockets começou a temporada com três derrotas seguidas — todas elas por 20 pontos de diferença. A equipe, até então uma das melhores cotadas para brigar pelo título, quebrou a cara de todo mundo. Mas mais que isso, tinha perdido o padrão.
As mudanças no time titular ocorreram, assim como no comando. Hoje, a equipe texana ainda corre atrás do prejuízo, mas parece estar no rumo para os playoffs.
Quatro trocas em um mês
Enquanto em dezembro não houve nenhuma mudança de treinadores, tudo mudou no início de janeiro. No dia 10, o Brooklyn Nets demitiu Lionel Hollins e, em seu lugar, assumiu Tony Brown, seu assistente. Duas semanas depois foi a vez do Cleveland Cavaliers mandar embora David Blatt. Agora, em fevereiro, o Phoenix Suns sacou Jeff Hornacek e, nesta segunda-feira, o New York Knicks fez o mesmo com Derek Fisher.
Existem diferenças claras em todas as demissões, mas também possuem similaridades.
O Nets e o Suns não vão para lugar algum. Foram mudanças pensando no futuro, talvez. Mas um futuro distante.
Primeiro porque o Nets desmontou um grupo veterano, que pensava em ser campeão há duas temporadas. Haviam chegado Kevin Garnett, Paul Pierce, Andrei Kirilenko e Jason Terry em um elenco que já contava com Joe Johnson e Brook Lopez.
No papel, era um time interessante e com possibilidades reais de ir longe. Mas todo mundo sabia que era do or die ou win or wall, como queira. Eram ótimos jogadores, mas todos já envelhecidos. Dos quatro que lá chegaram, três possuem papéis diminutos em outras equipes. Já o russo parou de jogar. Ou seja, não tem muito o que fazer ali. É esperar o contrato de Johnson expirar e iniciar a reconstrução.
O Suns também está em período de rebuild. Mas por motivos diferentes. O time do Arizona, se você olhar bem, vai notar que é talentoso. Porém, para o futuro. E aconteceram lesões também, né?
Eric Bledsoe fazia uma ótima temporada. T.J. Warren idem. Ambos estão fora de 2015-16. Existem, porém, algumas peças que não se encaixam no perfil de hoje. Tyson Chandler é um remendo do que já foi. Ótimo defensor, faz bem o box out, mas não tem condição física de atuar em um time que quer correr.
É só olhar o elenco outra vez. O Suns conta com vários jogadores atléticos e quem funcionariam perfeitamente se o esquema fosse voltado para o run and gun. Ei, mas isso é minha opinião. Esse estilo de jogo não vence títulos há décadas, sofre muitos pontos, mas pode ser mais efetivo. Já possuem ótimos arremessadores de longa distância. É só adequar. Claro que isso não se faz da noite para o dia, mas com um bom planejamento daria certo. No mínimo, seria mais legal de ver.
Já o Cavs, por conta de problemas internos, optou por tirar Blatt do comando e dar lugar a Tyronn Lue. Repito: problemas internos. Não foi só por vitórias ou derrotas. Talvez, o time tenha mais cacique do que índio. Quem era para ouvir e respeitar tem mais poder de decisão. E o time já era o primeiro colocado no Leste. Vai entender…
Por fim, o Knicks.
Ali, existem várias questões em aberto.
Primeiro, o triângulo ofensivo não é tão bem digerido por vários jogadores. E isso motivou as trocas de J.R. Smith e Iman Shumpert para o Cavaliers, na temporada passada.
O grupo de jogadores é até bom e tem capacidade de dar uma reviravolta e se classificar para os playoffs. Falta, pelo que eu vejo, um treinador capacitado.
E fica meio claro que a escolha por Fisher foi um tanto apressada. Ele nem terminou sua boa carreira como jogador e já foi alçado ao comando técnico. Ora, eu sei que ele é um sujeito inteligente. E possui qualidades para treinar algum time da NBA. Só não precisa ser de cara o Knicks.
A pressão é muito grande, a mídia se faz presente o tempo todo. É o Knicks. Ali tem que ter experiência. Tem que ter mais do que um currículo como atleta. Precisa ser renomado e ter o respaldo da diretoria.
Eu sei. Ali estiveram caras como Larry Brown num passado recente. Mas viu como eram as brigas com o CPT (chefe da p*** toda)? Era impossível ter sucesso.
Batata assando
Randy Wittman (Washington Wizards), George Karl (Sacramento Kings) e Sam Mitchell (Minnesota Timberwolves) são os nomes da vez. Acho que ao menos um deles ainda pode sair até o final do mês.
Wittman levou o Wizards aos playoffs nas últimas duas temporadas, mas começou 2015-16 inventando demais. Colocou Kris Humphries como titular no lugar de Nenê para dar ao time o ala-pivô que arremessa de longa distância. Não deu certo. Humphries tem o seu pior aproveitamento em arremessos desde 2005-06 e o Wizards é o décimo no Leste.
Karl pegou o Kings no meio da temporada passada, após um impasse entre a diretoria e Mike Malone (hoje no Nuggets). O time californiano adicionou Rajon Rondo em um elenco que já contava com Rudy Gay e DeMarcus Cousins. A aposta era de possibilidade de playoffs já neste ano. Bastou perder algumas partidas consideradas menos complicadas e ele foi taxado como perdedor e ultrapassado. Perdeu, para piorar, o vestiário. Sua demissão é mais baseada em “quando” do que “se”.
Por fim, Mitchell está sem prestígio entre os jogadores do Timberwolves. Segundo o que a Associated Press divulgou hoje, metade dos atletas está preocupada com o estilo ofensivo do treinador e por conta de problemas nas rotações.
O futuro e ninguém questiona
Enquanto isso, Los Angeles Lakers e Philadelphia 76ers seguem nas últimas posições de suas conferências. Embora questionados por torcedores, Byron Scott e Brett Brown continuam prestigiados pelas respectivas diretorias.
É certo que os dois times não vão aos playoffs. O projeto está sendo feito para os próximos anos e pouco se vê em evolução.
Talvez estejam aguardando a próxima agência livre e o draft para tomarem um rumo.
A aposta é que, com a aposentadoria de Kobe Bryant, o Lakers ganharia não só espaço em sua folha salarial, mas também espaço para o desenvolvimento de alguns jovens atletas. Lou Williams pode ser trocado para que D’Angelo Russell cresça de produção. E, se algum astro topar a ideia de voltar a levar um dos times mais vencedores da história a brigar pelo título funcionar, a tendência é que estejamos falando de playoffs no ano que vem.
E o Sixers já está na hora de parar de tankar, né?