Fonte: Jesse D. Garrabrant / AFPA escolha de Joel Embiid em defender os EUA e não a França nas Olimpíadas de Paris de 2024 volta a ser assunto com a aproximação do torneio. O jogador, que é nascido em Camarões, estava indeciso entre defender a seleção africana, os estadunidenses ou os europeus. No fim, escolheu se juntar aos astros LeBron James, do Los Angeles Lakers, Stephen Curry, do Golden State Warriors, e outros, na equipe favorita ao ouro olímpico.
Mas isso não caiu bem nos franceses. Em matéria do jornalista Joe Vardon, do portal The Athletic, o presidente da Federação Francesa de Basquete, Jean-Pierre Siutat, afirma que o craque do Philadelphia 76ers estava apalavrado com o país europeu. Aliás, foi o próprio MVP da NBA que procurou a Federação.
“Joel nos procurou. Ele nos disse que gostaria de jogar no basquete internacional de seleções. Embiid queria vencer e queria jogar pela França. Então, nós o ouvimos e tentamos fazer o possível para que acontecesse. Mas não rolou”, afirmou.
Entre os países citados, o mais difícil local de destino para o camaronês era a França. Embiid fala francês fluente, afinal, é uma das línguas oficiais do país africano. No entanto, ele nunca sequer viveu no país. Isso tudo tornou a parte burocrática de fazer com que ele se tornasse um cidadão francês muito trabalhosa. Ficou a mágoa do dirigente, que articulou todo o processo.
“Além do desejo de jogar, ele precisava de um passaporte. Ele queria isso, era a única forma de possibilitar que ele jogasse pela nossa equipe. Então, eu fiz esse trabalho, uma operação que foi junta ao governo francês. Foi muito além da esfera esportiva. E ele dizia o tempo todo que jogaria pela França”, explicou o dirigente.
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O MVP não se pronunciou de forma direta. Por meio de um porta-voz, no entanto, afirmou que a história não foi bem assim. O craque do Sixers não pediu um passaporte e não fez garantias. Tudo que a Federação Francesa fez foi tentar adiantar as coisas para tentar sinalizar ao astro que também tinha vontade de contar com ele. Mas não houve promessas, e Joel Embiid vai defender os EUA nas Olimpíadas.
Siutat contesta a fala. De acordo com ele, o processo só foi tão longe porque o pivô estava apalavrado com o país. Caso não fosse o caso, tamanho esforço não teria sido tomado por ele.
“Não é como a França costuma resolver as coisas. Fomos longe até esse ponto porque acreditávamos que Embiid tinha o desejo de jogar pela seleção. Não foi algo para atrair o atleta ou nada disso. É algo que exigiu muito, porque não existe outro motivo que o faça ser francês. Apenas ajudar o país a receber uma medalha. Então, não foi fácil. Mas foi o desejo que ele transpareceu para nós que fez com que adiantássemos as coisas”, explicou.
“O governo nos perguntou se era mesmo necessário. Não é assim que você se torna cidadão de um país. Existem uma série de requisitos a cumprir. Dissemos que seria bom para o país, ele era alguém muito valioso para nós. E eles nos concederam o passaporte. E no fim, nada disso foi recompensado”, ressaltou o mandatário.
Euro Basket e fim do casamento
Tudo andou bem até o EuroBasket de 2022, quando a França foi vice-campeã contra a Alemanha. Após lesionar o joelho nos playoffs de 2021/22 da NBA, Embiid fez uma operação. Portanto, estava fora do torneio. A seleção já queria utilizá-lo ali, mas entendeu os motivos do craque.
Por outro lado, durante o torneio, o astro ganhou a cidadania dos EUA. A Federação Francesa então, se acuou. Mas de acordo com Siutat, após uma conversa, o pivô ressaltou que estava comprometido com a França para disputar os Jogos Olímpicos em Paris. Ele não jogaria a Copa do Mundo de 2023 pois se casaria na mesma época do Mundial.
A desconfiança, no entanto, aumentou. Após o fracasso Francês (queda na primeira fase), o presidente da federação deu um prazo para que o jogador decidisse e anunciasse seu compromisso com o país. Isso seria em 10/10 de 2023. Entretanto, cinco dias antes, o MVP fez uma reunião com a USA Basketball, liderada pelo ex-jogador Grant Hill. No aniversário do dirigente, Joel Embiid anunciou que jogaria as Olimpíadas pelos EUA.
“Soubemos disso no mesmo dia”, revelou Siutat. “Como eu disse antes, cada um faz o que quer com suas escolhas. Mas foi muito difícil conseguir aquele passaporte. Ele podia ter nos avisado antes que iria para os Estados Unidos. Mas está feito para mim”, disparou.
No fim, o dirigente ainda ironizou a escolha do pivô, que foi pelo caminho mais fácil.
“Bom, o time dos EUA com ele de pivô? Apenas não existem pontos fracos. É muito difícil vencê-los. No fim, acho que é uma maneira muito fácil para conseguir uma medalha. Eles conseguiram”, cravou.
Wembanyama, Embiid e Gobert?
O técnico da seleção francesa, Vincent Collet, também foi entrevistado pelo The Athletic. Ele revelou como planejava utilizar Embiid na equipe. E seria em uma formação com três pivôs juntos. Ao lado de outros astros do país, como Rudy Gobert, do Minnesota Timberwolves, e Victor Wembanyama, do San Antonio Spurs.
“Entendo que na NBA isso não seja possível, mas na realidade FIBA, isso seria muito fácil. Então, adoraria ter momentos com os três juntos na quadra. A mobilidade de Victor, por exemplo, o permite jogar em várias funções, como um ala. Teria sido muito especial reunir esses caras. Fiquei um pouco decepcionado, mas é o que é”, afirmou o treinador.
Por fim, ele também analisou o impacto de Embiid atuando pelos EUA. Para ele, a seleção favorita não tem mais pontos fracos com isso.
“Acho que a posição fraca dos Estados Unidos era o pivô. Se eles tiveram uma fraqueza, essa foi a posição. E estamos falando das últimas Olimpíadas e das últimas duas Copas do Mundo. Agora que eles conseguiram Embiid, é muito mais difícil. Diria que sem fraquezas para eles agora”, ressaltou.
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