Para além do box score: Deni Avdija tem início maduro e consistente na NBA

Lucas Torres analisa o desempenho inicial do novato israelense do Wizards

Deni Avdija Fonte: WASHINGTON, DC -  DECEMBER 17: Deni Avdija #9 of the Washington Wizards dribbles the ball against the Detroit Pistons on December 17 2020 at Capital One Arena in Washington, DC. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this Photograph, user is consenting to the terms and conditions of the Getty Images License Agreement. Mandatory Copyright Notice: Copyright 2020 NBAE Ned Dishman/NBAE via Getty Images/AFP

Um olhar um pouco distraído pode sugerir que o início da carreira do ala Deni Avdija, do Washington Wizards, na NBA, está sendo ligeiramente decepcionante.

Afinal, o jovem israelense chegou à liga carregando a expectativa de ser um prospecto mais pronto do que um novato comum – ao passo que passou os últimos 15 meses exercendo papel importante no elenco principal do Maccabi Tel-Aviv, uma equipes mais fortes do basquete europeu.

A ‘impressão geral’ de decepção, no entanto, acaba perdendo todo o sentido quando lançamos uma lupa sobre o seu desempenho em quadra e, claro, alguns dos números que ilustram de forma objetiva esse olhar mais aproximado.

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Atuando em uma equipe comandada por duas estrelas consagradas na NBA – Bradley Beal e Russell Westbrook -, complementada por um veterano de contrato recém-renovado (Davis Bertans), e jovens em busca de afirmação na liga, casos de Rui Hachimura e Thomas Bryant, Avdija tem sido convidado a ser paciente e se concentrar na execução das ‘pequenas coisas do jogo’.

Com 5.6 arremessos por jogo, ele é o oitavo com mais chutes do elenco de Washington. Pior do que isso, o novato não tem sido envolvido na construção esquemática do ataque de sua equipe – e seus chutes acabam vindo exclusivamente de situações de ‘desafogo’ para os companheiros (57.1% de seus arremessos partem da linha dos três pontos).

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Tradicionalmente, até mesmo veteranos encontram problemas para encontrar consistência e ritmo nesses cenários – nos quais não sabem de onde, nem quando suas oportunidades ofensivas virão.

Avdija tem, no entanto, fugido à regra e se mantido extremamente consistente a despeito da situação desafiadora. Com 45.7% de aproveitamento na linha dos três pontos (3.2 tentativas), ele se coloca na elite da atual temporada quando o assunto é spot up (86.1th percentile). Mais do que isso, o novato tem aproveitado da melhor maneira possível suas raras oportunidades de criação como playmaker secundário, distribuindo 2.2 assistências por jogo, com um índice de assistências por turnover de 3.6.

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Apesar de integrar o grupo da segunda pior defesa da liga, Avdija tem estendido sua maturidade e consistência de jogo também nesse lado da quadra – não apenas traduzindo a já projetada excelente leitura de jogo e os instintos de antecipação para ser disruptivo fora da bola. Ele é o segundo em desvios por jogo no elenco do Wizards, com 1.8, mas também faz um trabalho promissor na defesa individual de perímetro, onde exibe uma agilidade lateral acima das expectativas e mostra muito conforto para se manter à frente de ballhandlers ágeis em espaço (diminui o aproveitamento médio dos adversários em 6.2% em chutes vindos do perímetro até aqui).

Outro fator encorajador do início da carreira do israelense na NBA é o fato dele estar mantendo o seu alto nível de competitividade (um dos jogadores de maior ‘paixão pelo jogo’ em toda a classe de 2020), mesmo com pouquíssimos toques na bola e o fato de integrar uma defesa coletiva capaz de influenciar negativamente o engajamento de qualquer atleta.

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Avdija é, até aqui, o terceiro jogador que mais contesta arremessos no elenco do Wizards (7.1 por jogo) e, mais do que isso, ocupa o top 3 – tanto em arremessos do perímetro (segundo, com 3.1, atrás de Russell Westbrook), quanto nos arremessos próximos ao garrafão (terceiro, com 4.0, atrás de Thomas Bryant e Robin Lopez).

Em suma, o que quero mostrar, é que – embora os números de box score possam indicar uma percepção contrária – Avdija tem confirmado as expectativas de ser um novato maduro e pronto para exercer, com competência e solidez, o papel a ele solicitado.

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Quando a oportunidade de ser mais envolvido nas ações ofensivas do sistema de Scott Brooks, não tenho dúvidas de que o israelense apresentará um salto proporcional em seus números.

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