A agência livre de 2000 da NBA foi uma loucura

O Orlando Magic tinha tudo para conseguir sua vingança, mas o sonho tornou-se pesadelo

agência livre NBA 2000 Fonte: D. Clarke Evans / AFP

A agência livre da NBA está para começar, mas hoje queremos contar como foi a de 2000. Era um ano um tanto diferente, com todo mundo ainda tentando se acostumar que Michael Jordan havia se aposentado. Enquanto isso, o Los Angeles Lakers venceu a campanha anterior, com Phil Jackson comandando Shaquille O’Neal e Kobe Bryant. Então, era um início de uma nova era. Aquela em que todo mundo tentava “parar” Shaq.

Bem, no caso, parar é só um jeito de falar (ou escrever). Ninguém conseguia, de fato. Ao menos, com Jackson e Kobe ao seu lado, era algo praticamente impossível. Aí, o que as equipes faziam era algo sensacional. Elas contratavam três, quatro caras grandes só para gastarem suas faltas em cima dele em playoffs. Raramente dava resultado, mas era uma estratégia, né? Faziam O’Neal ir para a linha do lance livre tantas vezes que, de vez em quando, conseguiam superar o Lakers.

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E o pivô não era bom nos lances livres. Quase tão ruim quanto outro ídolo da equipe, Wilt Chamberlain. Mas no caso de Shaq, ele não precisou de hipnose como Wilt. Era com muitos treinos, conversas com psicólogos. Entretanto, o fim era o mesmo: ele terminou a temporada anterior com 52.4%. Mesmo assim, ele foi o MVP, campeão e MVP das finais.

E a NBA é mesmo de eras.

Enquanto Michael Jordan reinava nos anos 90, Shaq e Kobe fizeram o mesmo no início da próxima década. Assim como LeBron James disputou oito finais consecutivas e o Golden State Warriors venceu quatro vezes em oito anos, a meta do resto da liga era parar quem vencia.

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Então, a agência livre da NBA em 2000 foi um resumo disso.

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O Sacramento Kings, por exemplo, perdeu o veteraníssimo Bill Wenningnton e o ótimo Corliss Williamson para o garrafão, mas fez algumas adições. Primeiro, selecionou o pivô Jabari Smith (sim, pai do jogador do Houston Rockets) e Hedo Turkoglu no Draft. Depois, recebeu Doug Christie na troca com o Toronto Raptors, estendeu os contratos de Scot Pollard e Peja Stojakovic. Por fim, trouxe Bobby Jackson do Minnesota Timberwolves.

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Esse Kings é o mesmo que o meu xará, Gustavo Lima, escreveu sobre aqueles grandes que não foram campeões.

Enquanto isso, o Portland Trail Blazers foi atrás de três pivôs: Dale Davis, Shawn Kemp (ou o que restava dele) e Will Perdue. Tudo isso para darem suporte a Arvydas Sabonis (sim, pai de Domantas, do Kings) e Rasheed Wallace. Aliás, o Blazers tinha uma equipe sensacional, que contava ainda com Scottie Pippen, Steve Smith, Damon Stoudamire, Rod Strickland e Greg Anthony (pai de Cole, do Orlando Magic).

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Já o Utah Jazz ainda tentava seus últimos suspiros com Karl Malone e John Stockton. A equipe fechou com John Starks, Danny Manning e Donyell Marshall.

Por fim, o Phoenix Suns estendeu o contrato de Jason Kidd. Mas o Suns não estava mais ao nível das outras equipes. Tanto que passou por uma rápida reconstrução e voltou assombrando em 2004/05, com Steve Nash, Amare Stoudemire, Shawn Marion e Leandro Barbosa. De novo, o Xará escreveu sobre outro grande time que não foi campeão.

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Teve ainda o San Antonio Spurs, mas é um outro capítulo dessa agência livre da NBA de 2000. Aqui, teve um elemento um tanto diferente, embora ninguém consiga confirmar.

Leste

Se no Oeste a briga afunilava cada vez mais com Spurs, Blazers e Kings como os rivais do Lakers, no Leste era para saber quem iria enfrentar nas finais. Basicamente, era isso.

Então, as equipes começaram a contratar.

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O Miami Heat adicionou: Eddie Jones, Anthony Mason, Ricky Davis, Brian Grant, além do veterano AC Green. A equipe da Flórida ainda estendeu com Tim Hardaway, Bruce Bowen e o pivô Duane Causwell. O elenco ainda contava com Alonzo Mourning, Cedric Ceballos e Dan Majerle. No entanto, Mourning teve problema renal (fez apenas 13 jogos), que o atrapalhou pelo resto da carreira. Em 2002/03, por exemplo, ele perdeu toda a campanha pela doença.

Assim, o Heat não era competitivo o bastante.

Por sua vez, o Indiana Pacers, vice na campanha anterior, despachou Dale Davis para o Blazers e pegou o jovem Jermaine O’Neal. E ele contribuiu imediatamente, ao lado de Jalen Rose e, claro, Reggie Miller. Anos depois, em 2004, o Pacers tinha tudo para vencer o título, mas…

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O New York Knicks, que tinha um dos melhores elencos do Leste, fez trocas por Glen Rice e Luc Longley. Isso, para um grupo que contava com Allan Houston, Latrell Sprewell, Marcus Camby, Larry Johnson, Charlie Ward e Rick Brunson (que só apareceu para eu escrever que é o pai de Jalen, do mesmo Knicks).

Surpresa: Milwaukee Bucks

Na época, o Bucks não era exatamente uma força no Leste. Até vinha de duas classificações aos playoffs, mas precisava se reforçar na agência livre da NBA em 2000. Primeiro, no Draft, selecionou Joel Przybilla (ótimo defensor) na nona posição e Michael Redd (que virou All-Star posteriormente) na 43. Além disso, trouxe jogadores úteis em trocas, como Jason Caffey (três vezes campeão no Bulls) e Lindsey Hunter.

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Tudo isso em um grupo que tinha Ray Allen, Sam Cassell, Glenn Robinson, além de os veteranos Ervin Johnson (o pivô, não é o Magic), Scott Williams, Darvin Ham (sim, ele) e Jerome Kersey, ídolo do Blazers. Ah, ainda tinha a lenda do Streetball, Skip to my Lou. Mas na NBA ele era apenas Rafer Alston, que ainda teve uma carreira sólida por dez anos.

E o técnico, claro, fazia toda a diferença: George Karl.

Capítulo extra: Orlando Magic

Chicago Bulls e Orlando Magic estavam passando por uma espécie de reformulação. Enquanto o primeiro ainda chorava pela perda de Michael Jordan, Scottie Pippen e Dennis Rodman, tentando encontrar um jeito de jogar, o Magic era um time da moda.

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Isso porque os anos com Shaquille O’Neal, Penny Hardaway, Nick Anderson e Dennis Scott marcou uma era. Mas Pat Williams já queria se aposentar como GM e tinha em John Gabriel toda a sua confiança. Assim como a dos DeVos, família que controla a franquia.

Mas Gabriel teria sido o real culpado por deixar Shaq ir embora para o Lakers. Na época, ele disse que o pivô era apenas uma criança que queria ser aceita. O jogador tinha um acordo verbal por um valor muito menor com o Magic, mas ele viu, no Sportscenter, que Alonzo Mourning recebeu um contrato bem maior no Miami Heat.

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Shaq receberia US$80 milhões por sete temporadas, enquanto Mourning ganharia US$115 milhões.

Então, o jornal Orlando Sentinel fez uma enquete sobre o salário do jogador. Mais de 91% dos votos eram contra o Magic pagar aquele salário.

“Se você paga US$115 milhões por uma BMW, quanto será que custa uma Mercedes? Eu pedi US$150 milhões ao Orlando Magic. O Lakers me ofereceu US$121 milhões. Meu agente perguntou ao Magic se iria igualar e eles disseram que não. Não tive dúvidas”, afirmou O’Neal.

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Assim, Gabriel entrava na agência livre da NBA em 2000 “com as costas na parede”. O cara que ele não quis igualar a proposta foi campeão no ano anterior. Era uma questão de honra para o time vencer O’Neal em uma final. Ao menos, para o GM.

A agência livre

Bulls e Magic conseguiram marcar apresentações com os mesmos jogadores: Tracy McGrady, Grant Hill e Tim Duncan, os melhores agentes livres daquela classe. O time de Chicago queria voltar a ser relevante, após virar saco de pancadas no pós-Jordan. Mas o Magic já não tinha mais ninguém do quarteto que foi às finais: Shaq, Hardaway, Anderson e Scott haviam ido embora. Então, era a hora de combinar os jovens talentos com os que já estavam alguns níveis acima.

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Chicago não conseguiu nada. Foi um desastre. Outros jogadores estavam na mira da equipe, como Tim Thomas e Eddie Jones. Então, conseguiu um acordo por Glen Rice. Ele deixaria o Knicks para fechar por um ano e receberia US$7.5 milhões, mas não rolou. Ele seguiu com o contrato da troca e jogou aquela campanha em Nova York.

Ou seja, o Bulls terminou sem nada nas mãos e a reconstrução ainda levaria anos.

Enquanto isso, Gabriel queria fazer o Magic brigar por títulos.

Com Hill e McGrady, tudo perfeito. Eles gostaram da apresentação de Orlando e aguardavam por Duncan. O ala-pivô do San Antonio Spurs estaria muito próximo de aceitar a proposta.

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Só que algo deu errado.

Hill afirma que a culpa é do técnico Doc Rivers, que comandava o Magic naquela época. O então ala garantiu que o treinador não deixou as esposas e namoradas dos jogadores irem na apresentação. Entretanto, Rivers nega e diz que não foi bem assim.

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A pedido de Gabriel, ele conversou com os atletas, dizendo que seria algo apenas profissional.

Mas aquilo não seria suficiente para deixar Duncan mudar de ideia. Ele realmente queria se mudar para Orlando, mas foi uma conversa com Gregg Popovich que o convenceu a seguir no Spurs.

San Antonio Spurs

Havia uma dúvida de Duncan sobre David Robinson, que despencava fisicamente. Então, Pop o convenceu de que Robinson ainda teria “gasolina no tanque” e garantiu que o estilo de jogo teria algumas mudanças. Tanto, que o Spurs fechou com o ala-armador Derek Anderson. E Anderson foi o segundo cestinha da equipe, acima de Robinson.

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No fim, o Spurs caiu diante do Lakers em quatro jogos na final do Oeste. No ano seguinte, San Antonio selecionou Tony Parker no Draft e a dupla foi campeã quatro vezes. Mas a gente fala disso outro dia.

Grant Hill

Bem, Duncan não fechou. McGrady tornou-se um All-Star imediatamente, pulando de 15.4 pontos com o Toronto Raptors para 26.8 com o Magic. No entanto, Hill não foi o que todo mundo esperava.

Hill era um superstar na época, campeão nas Olimpíadas de 96 com a seleção dos EUA, um cara completo, que aparecia na TV o tempo todo em comerciais. Só que uma lesão nos playoffs de 2000 quase acabou com a sua carreira.

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Ele ainda jogava no Detroit Pistons. Na segunda partida da primeira rodada contra o Heat, Hill sofreu uma forte torção no tornozelo. Não jogou mais pela equipe.

Mas Gabriel sabia disso e, mesmo assim, deu a ele um contrato de sete anos (podia na época) em uma sign and trade. Ou seja, ele assinou com o Pistons e saiu em troca para o Magic por Ben Wallace e Chucky Atkins.

Nos quatro primeiros anos com a equipe, Hill jogou apenas 47 vezes. Até então, em Detroit, ele só ficou de fora de 25 partidas em seis temporadas.

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Hill passou por situações terríveis. Então, em 2003, ele teve uma nova cirurgia para tentar se recuperar. E foi aí que tudo quase acabou.

No vídeo abaixo, ele conta como foi. Seu tornozelo infeccionou, estava roxo. Uma das opções era amputar o pé. Foram quase dois meses no hospital.

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Mas Hill voltou às quadras no ano seguinte, foi para o All-Star Game e seguiu sua carreira. Não como planejava, mas sendo um ótimo defensor e ajudando como dava. Foi assim nas cinco temporadas pelo Phoenix Suns, até se aposentar no Los Angeles Clippers, aos 40 anos.

Orlando Magic, parte II

Sem poder contar com Hill naqueles anos, o Magic, que tentava voltar a ser protagonista na NBA, foi aos playoffs por três anos consecutivos. Entretanto, caiu na primeira rodada em todos eles. A equipe só voltou a vencer uma série de mata-matas em 2008, já com Dwight Howard.

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