Na teoria, a WNBA é apenas um espaço destinado às mulheres que querem jogar basquete. Porém, jogar basquete nos Estados Unidos vai muito além de apenas praticar um esporte. Para a parcela feminina e LGBTQIA+, isso se tornou um lugar para falar e se inspirar.
Em termos de posicionamento, uma variedade de assuntos e pautas são explorados na WNBA. Quando digo WNBA, é bom deixar claro que estou falando das atletas que compõem a liga. Essas que lutam contra machismo, sexismo, racismo, homofobia, meritocracia, entre outras situações que atacam as consideradas minorias. A liga tenta, ao longos dos anos, acatar as reclamações e incentivar a luta, mas são passos pequenos (e válidos). Dessa forma, quem consome esse tipo de entretenimento acaba consumindo também vivência, relatos de situações e como se empoderar a partir disso.
A WNBA tem essa conscientização de que inspira meninas e mulheres, e sabe que, cada vez mais, vai atingir um público um tanto específico. No entanto, para quem está no início do conhecimento sobre a modalidade feminina, o fato do engajamento em causas sociais é um atrativo para conquistar ou repudiar a liga.
Quem aceita como um atrativo, vê no basquete uma forma de se expressar e se sente à vontade para tentar. Damiris Dantas, por exemplo, revelou em uma coletiva de imprensa fechada que uma torcedora do Minnesota Lynx disse que ela foi sua inspiração para aceitar seu cabelo natural. Além disso, ela acredita que o incentivo da WNBA para os protestos e camisas em nome de Breonna Taylor são muito importantes. Com exemplos assim fica fácil entender de onde vem a inspiração. Por isso, é preciso entender que atletas da liga feminina não são apenas atletas.
INCENTIVO AO ESPORTE E À FALA
Nunca é tarde é para começar a apoiar as modalidades femininas e crescer com elas. Dessa forma, o estudo e a dedicação ao esporte é importante, mas não necessariamente determinante. Não precisamos iniciar sabendo de tudo ou sabendo de coisas de 15 anos atrás. Precisamos iniciar com respeito e com a mesma vontade que iniciamos em outras ligas e esportes. O basquete feminino tem histórias contadas e a se contar e está tudo bem entendê-las aos poucos.
Eu sempre tentei me envolver com os esportes femininos, mas nem sempre tive esse acesso. A TV sempre foi uma limitação, e por muito tempo não tinha acesso à internet. Além disso, fui praticando uma autodesconstrução em relação à aversão à modalidade, pois não fomos ensinados a gostar do feminino. As Olimpíadas, então, acabaram por ser meu espaço de acompanhar, mas novamente friso: nem sempre tive como realizar pesquisas posteriores. No entanto, com o passar do tempo, fui crescendo nesse sentido.
Conforme fui me inserindo na internet, escrevendo em sites diferentes e buscando meu espaço, fui abordando diversos temas, em geral o que me sugeriram. Assim, eu só consegui produzir conteúdo a partir do final de 2018 sobre basquete brasileiro, mesmo acompanhando desde 2015. Foi em 2018, aliás, comecei a acompanhar as ligas femininas, tanto a WNBA quanto a LBF, e a aprender com elas. Hoje, o meu acesso aos jogos e informações são superiores ao meu passado. E, por isso, estou produzindo conteúdo para vários veículos e abrindo portas para outras pessoas falarem também, com incentivo de outras mulheres também.
E, aliás, se tem uma coisa que a WNBA faz é incentivar de forma positiva. As lutas, principalmente, são combustíveis para diversas mulheres atingirem quaisquer que sejam os seus sonhos. Muitas, aliás, começam cedo tentando escrever em um site de esportes ou em uma página no Twitter. Não importa a idade, nem a sexualidade. Só queremos falar. A motivação? Um dia ser referência, um dia ser jornalista, e levar todo esse conhecimento com educação, responsabilidade e paixão.
A WNBA É A NOSSA VITRINE
Quando digo essa frase, eu quero dizer exatamente isso. Todo posicionamento feito pelas mulheres poderosas que praticam basquete é extremamente válido para colocar as mulheres no radar. Cada fala, cada camiseta usada em protesto ao conservacionismo, cada mensagem contra o racismo, cada Say Her Name. É a partir dessas manifestações que as mulheres conquistam espaço e se unem para mudar um passado tenebroso em relação ao machismo e ao sexismo. Cada uma à sua maneira dá esse espaço para outras, sempre buscando entender limitações e como podemos transmitir nosso apoio e conhecimento. Por isso, estamos caminhando, estamos nos holofotes. E, vamos continuar.
#SayHerName #JusticeForBreonnaTaylor
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