Vince Carter já tem 36 anos de idade e 15 temporadas na NBA nas costas. Por isso, após uma campanha pífia em 2011-12, sua primeira pelo Dallas Mavericks (em que teve as piores médias da carreira em pontos, rebotes e aproveitamento nos arremessos) começaram a surgir os rumores de que uma possível aposentadoria estaria a caminho.
Afinal de contas, ele já não é mais o enterrador ridiculamente atlético do início dos anos 2000, que assombrou a liga atuando pelo Toronto Raptors e New Jersey Nets. Seus joelhos, que começaram a falhar em 2008, apontavam um desgaste ainda maior na temporada reduzida.
Em uma entrevista recente, ele declarou que não enterra mais com frequência porque seus joelhos literalmente doem quando ele aterrissa. “Quando você é mais jovem, não se importa em como você vai cair no chão. Se for necessário, eu ainda faço hoje em dia, mas se eu puder fazer uma bandeja, eu a farei. Tenho que ser esperto”, declarou.
Porém, o Carter de 2012-13 parece ter renascido das cinzas. A tabela comparativa das duas temporadas com Mavericks deixa isso claro:
Pontos | Rbts | Assists | Min | %FG | %3PT | PER | %EFF | %USG | |
11/12 | 10.1 | 3.4 | 2.3 | 25.3 | 41.1 | 36.1 | 13.6 | 51.9 | 20.4 |
12/13 | 13.3 | 4.0 | 2.1 | 25.3 | 43.9 | 41.5 | 17.7 | 57.9 | 22.9 |
A evolução que salta ao olhos é no aproveitamento nos arremessos de três pontos – a segunda melhor em toda a carreira. Mas por que isso aconteceu?
- Talvez porque na atual campanha Carter foi “oficialmente” mudado para a posição 3, embora tenha atuado como shooting guard desde que entrou na liga.
- Ou então, a chegada de O.J. Mayo ao Texas, pois ele assumiu a responsabilidade de ser o scorer de perímetro da franquia, retirando o peso do veterano, que agora não precisa mais forçar arremessos nem infiltrar tanto e só chuta “na boa”.
Com isso, nesta temporada, Carter é o sétimo melhor finalizador de Pick and Roll de toda NBA, com 0,97 pontos por pose nessa situação – essa é a jogada que ele mais utiliza (27,7% das vezes) , atrás apenas do spot-up (quando recebe parado e arremessa), que resultam em 1,11 pontos por posse, e que acontece em 26,9% dos seus disparos.
Ele é o nono jogador mais efetivo nos arremessos de três pontos, rendendo ao Mavericks 1,034 pontos por posse, à frente de jogadores como Stephen Curry, Carmelo Anthony e Dwyane Wade.
Do outro lado da quadra, Carter também tem se destacado. Embora nunca tenha sido um defensor de elite, nas jogadas de post up ele é o décimo jogador que menos permite pontos na liga, com 0,59 pontos por posse; seu impacto geral em quadra rende 2.4 pontos a menos aos adversários.
Agora o veterano, que se tornou um sexto-homem pela primeira vez na carreira, voltou a chamar atenção dos demais times da liga, já que há uma grande diferença entre alguém que “só enterra” mas que já está decadente, para alguém mortal nos arremessos do perímetro.
Em 2012-13, o ala é o terceiro maior cestinha da franquia, atrás apenas do próprio O.J. Mayo (17 pontos por partida) e do astro Dirk Nowitzki (16.1 pontos de média) – mas o alemão atuou apenas 35 jogos na temporada, enquanto que ele já disputou 63.
Com ele no banco de reservas, o Mavericks faz 99.7 pontos por posse de bola – performance igual à do Orlando Magic, o sexto pior ataque da liga – e quando ele está em quadra, a produção aumenta para 106.3 pontos por posse, números equivalentes ao do Los Angeles Clippers.
Muitas pessoas apontam Jamal Crawford, J.R. Smith ou Jarrett Jack (sobre esse eu também já escrevi) como os favoritos a Sixth Man Of The Year, mas Vince Carter também é mais um franco candidato ao prêmio – provavelmente não vai ganhar, mas os números o tornam digno de indicação.
Ainda assim… ainda assim, Vince Carter nos brinda com lances magníficos:
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