A estrela solitária da Philadelphia

O Philadelphia 76ers (ou Sixers) é uma das franquias mais tradicionais da NBA, com três títulos conquistados: o primeiro aconteceu na distante temporada de 54-55, quando ainda era conhecido como Syracuse Nationals; em 66-67, Wilt Chamberlain finalmente conseguiu sobrepujar Bill Russel, e interrompeu a sequência de títulos do Boston Celtics (oito seguidos); por fim, em […]

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O Philadelphia 76ers (ou Sixers) é uma das franquias mais tradicionais da NBA, com três títulos conquistados: o primeiro aconteceu na distante temporada de 54-55, quando ainda era conhecido como Syracuse Nationals; em 66-67, Wilt Chamberlain finalmente conseguiu sobrepujar Bill Russel, e interrompeu a sequência de títulos do Boston Celtics (oito seguidos); por fim, em 82-83, foi a única equipe que interrompeu os nove anos de supremacia dos Los Angeles Lakers e Boston Celtics – entre 1980 e 1988 foram cinco títulos para o time roxo e dourado e três para o verde e branco – com um dos times mais dominante da história liderado por Moses Malone e Julius Erving.

Em 2000-01, o time levava a crer que o quarto título da franquia viria, pois além da melhor campanha do ano (56-26, empatados com o Los Angeles Lakers) eles tinham: o MVP da temporada, Allen Iverson; o melhor defensor, Dikembe Mutombo; o melhor sexto homem, Aaron McKie; e o melhor treinador, Larry Brown. A única coisa que faltou foi… Bem, você já imagina o quê.

Veja aqui a primeira parte do especial feito sobre aquela temporada:

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O time do Philadelphia não era difícil de destrinchar: defesa fortíssima tanto no perímetro (Iverson liderou a liga em roubadas) quanto no garrafão (os pivôs Theo Ratliff e Dikembe Mutombo faziam o trabalho sujo com tocos e rebotes),  sofrendo apenas 90.4 pontos por partida. Quando o time recuperava a bola, Allen Iverson usava de sua velocidade para fazer os pontos na transição.

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Quando não pontuava no contra-ataque, ele se isolava e ou infiltrava no garrafão – como poucos na história da liga – ou usava de sua habilidade para pontuar com step-backs (frequentemente fazia as duas jogadas no mesmo lance). Para se ter uma ideia de sua importância, ele foi o cestinha da liga com 31.1 pontos por partida, e só três outros companheiros tiveram dígitos duplos de média (Ratliff, Mutombo e Aaron McKie).

A temporada de 2000-01 não foi fácil para o Sixers em termos de lesão. Sua escolha no Draft, o armador Speedy Claxton, não jogou a temporada por causa de um problema no joelho. Só um jogador participou de todas as 82 partidas da temporada regular, George Lynch, e o caso mais icônico foi o do pivô Theo Ratliff, que vinha fazendo uma belíssima temporada (tinha a incrível média de 3.7 tocos por jogo). Ele inclusive foi convocado para o All-Star Game, mas machucou o pulso e não jogou mais na temporada.

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Mesmo assim foi trocado na Trade Deadline (juntamente com Toni Kukoc, Nazr Mohammed e Pepe Sanchez) por Dikembe Mutombo, que saiu de um fraco Atlanta Hawks e de quebra ganhou seu quarto e último prêmio de Defensor do Ano com a camisa do Sixers. Com tantas mudanças e problemas, o time contou com o talento de Larry Brown em montar sua equipe, e o quinteto titular mais utilizado (Tyrone Hill, Allen Iverson, George Lynch, Theo Ratliff e Aaron Mckie) só atuou junto em 22 jogos.

Playoffs

Na primeira rodada dos playoffs, o time enfrentou o algoz de duas temporadas seguidas, o Indiana Pacers de Reggie Miller. No jogo 1, Iverson sentiu a pressão e fez apenas 16 pontos (menos até do que McKie, que fez 18), mas a defesa do Sixers conseguiu manter o time no jogo até o fim. Porém,  faltando 2.9 segundos para acabar o jogo, Reggie Miller fez a cesta de três pontos salvadora que virou o jogo pra 79×78, e o Pacers abriu 1-0. Nos outros três jogos, Iverson desencantou com médias de 36.7 pontos e o Sixers venceu a série por 3-1, avançando para as semifinais.

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Nas semifinais de conferência, Portland se viu frente a frente com o Toronto Raptors, da jovem estrela Vince Carter. Foi uma série complicada e disputada até o sétimo jogo, porque a base do time, a defesa, simplesmente não conseguia segurar Carter! No jogo 3 da série, fora de casa, ele acabou com 50 pontos, sendo 27 deles através de bolas de 3 (aqui temos dois recordes da NBA: os 9 acertos em 16 tentativas, sendo que o 8 deles foram em um único tempo). No fim, suas médias foram de 30.4 pontos, 5.6 assistências, 6 rebotes e 2 tocos ao longo da série, o que não foi suficiente para ofuscar Allen Iverson.

O menor e mais leve MVP da história da NBA foi espetacular com médias de 33.7 pontos, 6.9 assistências e 3.1 roubadas, fez mais de 50 pontos em dois jogos (54 no jogo 2 e 52 no jogo 5), e ainda distribuiu 16 assistências no derradeiro jogo 7. A história poderia ter sido outra se Carter não houvesse errado, desequilibrado, o último arremesso da série o Raptors perdeu por 88×87, dando adeus ao título. O Sixers avançou para as finais do Leste pela primeira vez em 16 anos para enfrentar o Milwaukee Bucks, que eliminara o Charlotte Hornets.

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Mais uma vez sete jogos foram necessários para o Philadelphia, e dessa vez o duelo de Iverson foi contra o Big Three do Bucks, formado por Ray Allen, Sam Cassel e Glenn Robinson. A inconstância de Iverson foi crucial para que o Bucks dificultasse a série – no jogo 2 ele fez apenas 16 pontos (menos do que McKie e Mutombo, que fizeram 21 e 18 pontos respectivamente), contra 37 de Ray Allen (7 acertos em 11 tentativas do perímetro); no jogo 3 ele teve que se recuperar de lesões e não atuou; no jogo 5 foram 15 pontos (o herói da noite foi Dikembe Mutombo com 21 pontos e 13 rebotes, sendo 6 ofensivos); e no jogo 6, em que fez 46 pontos, só “apareceu” no último quarto, quando esteve on fire e fez 26 pontos (Ray Allen fez 41 pontos, sendo 27 através de arremessos de 3 – empatado com Carter em acertos de 3 em um jogo de playoff). Mas no jogo 7 ele decidiu mais uma vez com 44 pontos, e o Sixers avançou – Mutombo e Ray Allen igualaram recordes em séries de sete jogos: o maior número de cestas de 3 pontos, com 28 acertos, para Allen; e Mutombo pegou 45 rebotes ofensivos.

The Finals

Fazendo a sua primeira aparição em 18 anos nas finais da NBA (a última havia sido em 1983, quando varreu o Los Angeles Lakers), o Philadelphia 76ers teve como adversário o… Los Angeles Lakers! A turma de Phil Jackson era a atual campeã da liga e havia vencido todos os jogos dos playoffs até o momento, varrendo o Portland Trail Blazers, o Sacramento Kings e o San Antonio Spurs. A imprensa noticiava que o Lakers seria o primeiro time invicto nos playoffs da NBA, feito que o próprio Sixers falhara em alcançar em 83, e ainda contava com dupla Kobe Bryant e Shaquille O’Neal no auge da forma e do entrosamento.

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Porém, logo no jogo 1 das Finais Allen Iverson encerrou essa especulação. Com uma atuação histórica, o armador fez 48 pontos,  ofuscou as estrelas Shaq (44 pontos e 20 rebotes, mas nenhum toco) e Kobe (que falhou miseravelmente em marcá-lo naquela noite) e humilhou Tyron Lue; o Philadelphia venceu na prorrogação por 107×101. Infelizmente suas atuações não foram suficientes para vencer mais nenhum jogo naquela série, e o Sixers foi “varrido em cinco jogos” nas finais, mesmo com as médias de 35.3 pontos de “The Answer” – e o recorde de 162 arremessos em uma série de cinco jogos – maior do que a do MVP das finais, Shaq, que teve “apenas” 33 pontos de média, além de 15.6 rebotes por partida.

Não vingou

Desde os playoffs de 2000-01 (em que igualou o recorde negativo da NBA de mais derrotas, com 11 ao todo, sendo 6 em casa), a melhor campanha do Philadelphia ocorreu na temporada passada, quando avançaram até as semifinais da Conferência Leste, mas perderam em sete jogos para o Boston Celtics. Iverson continuou sendo a estrela solitária da franquia até ser negociado com o Denver Nuggets em 2007, mas nunca mais jogou uma final de NBA. Em 2004, o técnico Larry Brown se vingou dos Lakers ao ser campeão com o time do Detroit Pistons.

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Curiosidade

No início daquela temporada, surgiram rumores de que Allen Iverson seria trocado para o Los Angeles Clippers devido à falta de sucesso do time nas temporadas anteriores. Ele então implorou para não sair do time, até mesmo publicamente, e pediu mais uma chance para mostrar que era capaz de guiar o time ao título. Quem acabou saindo foi Larry Hughes, seu colega na armação. Bem, ele quase conseguiu seu anel, não é verdade?

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