Quando o Chicago Bulls teve a sorte grande de ganhar a primeira escolha do draft de 2008, o destino unia Derrick Rose ao time da cidade onde nasceu. E o Bulls tinha motivos para comemorar: Rose era um jogador diferenciado, com técnica refinada e explosão física, o suficiente para garantir a equipe nos playoffs pelos próximos anos e sonhar com voos mais altos.
Suas performances em quadra justificavam o sentimento em cada torcedor de que ali estava o sujeito para levar o time aos triunfos. E foi assim que tudo começou na NBA.
Rose, de 1,90 metro de altura, tinha o primeiro passo em direção ao garrafão mais rápido que qualquer adversário, o que facilitava na hora da infiltração. Se não fazia a cesta, levava a falta. Mas esse estilo de jogo é demasiadamente perigoso para qualquer atleta na liga. As contusões começam a surgir e, como a temporada é longa, os prazos para a recuperação são curtos.
Mas até o seu segundo ano na NBA, nada disso parecia atormentar a vida do armador. Na realidade, ele até ganhou mais massa muscular e dava a sensação que estava pronto para receber pancadas lá na área pintada. Foi escolhido para atuar no Jogo das Estrelas em 2009-10 e já era um dos jovens mais temidos por seus oponentes.
Na terceira temporada, a glória.
Rose, embalado por uma excelente campanha do Bulls, foi premiado como o MVP. Imagine isso: ele foi eleito o melhor jogador da temporada em apenas três anos de basquete profissional. O sucesso estava garantido.
Apesar de toda a badalação, ele ainda era imaturo demais para comandar um time ao título. E isso foi mostrado quando o Bulls encarou o Miami Heat. LeBron James tratou de marcá-lo na série final do Leste e o time de Illinois foi despachado. Ficou para o outro ano.
A temporada 2011-12 começou tardiamente, por conta da greve dos jogadores. Mas em dezembro daquele ano, tudo foi resolvido e Rose era o atleta a ser batido. E foi.
Após perder 27 partidas por lesões no quadril e no pulso esquerdo, o camisa 1 estava pronto para o início dos playoffs. O Bulls havia obtido a primeira colocação no Leste e encararia o Philadelphia 76ers, o oitavo melhor. No primeiro jogo, quando a vitória estava decretada, veio o início do fim: Rose sofreu uma grave contusão no joelho esquerdo e deixou a quadra amparado por colegas. Para piorar, o Sixers venceu a série.
A cirurgia foi realizada dias depois, por causa de um inchaço no local. Estava claro que o Bulls teria de se virar sem ele por pelo menos um ano. Foi o que aconteceu.
Rose ficou de fora de toda a temporada 2012-13 e fez fisioterapia e um trabalho de fortalecimento no joelho para suportar a carga exaustiva que os jogos da NBA trazem. Então, restava apenas esperar.
Depois de 18 meses se preparando, ele estava de volta às quadras. Rose participou do primeiro jogo do Bulls em 2013-14 e, embora parecesse um tanto tímido, ele começou a se soltar. Só que o destino pregou-lhe mais uma peça.
No dia 22 de novembro, ele vinha em sua melhor partida daquela temporada, mas o menisco direito não suportou. Rose estava fora de ação mais uma vez, após apenas dez jogos.
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Mais uma cirurgia e um longo período de recuperação marcaram o ano do atleta. Era um MVP em apuros, pois ninguém acreditava mais em sua volta. Exemplos recentes, como de Greg Oden e Brandon Roy, estavam lá para comprovar a tese. Mas Rose era mais forte que isso.
Convocado para disputar o Mundial de 2014, ele conseguiu ficar no elenco de 12 jogadores do técnico Mike Krzyzewski. Coach K queria dar-lhe a oportunidade de voltar às quadras fora da NBA, sem a responsabilidade de ser a grande estrela. Jogou, ainda que de forma comedida e sem grandes expectativas.
Retornou para 2014-15 com a certeza de que estava pronto para um desafio: manter-se em quadra pelo maior tempo possível. Mas em fevereiro de 2015, teve de enfrentar a mesa cirúrgica novamente. Rose voltou a sentir dores no joelho direito e foi obrigado a parar por 45 dias. Retomou suas atividades próximo dos playoffs e até fez um bom papel.
2015-16 e mais lesões
No início dos treinamentos, Rose conhecia o seu novo técnico, Fred Hoiberg, que substituía Tom Thibodeau após cinco anos no comando do Bulls. E Hoiberg foi enfático ao dizer que seu armador não teria de se preocupar com lesões, pois estava livre delas.
Em partes, verdade.
Rose retornou sem sentir nenhum problema nos joelhos, mas levou uma cotovelada no olho bem no primeiro dia. Precisou passar por nova cirurgia, desta vez na face esquerda.
Só que isso não o tirou do início da atual temporada. Ele teve atuações ruins, muito por conta da visão embaçada, mas aos poucos passou a se acostumar e voltou a jogar bem. Em dezembro, Rose anotou 34 pontos em sua melhor partida desde o ano anterior. Dias depois, no entanto, voltou a sentir dores no joelho e na coxa e ficou de fora de três jogos. Nada grave.
O futuro
Está claro que Rose não consegue mais jogar em alto nível por muito tempo. Vai voltar a se machucar aqui e ali, enquanto tenta mudar o seu estilo de jogo. Ele já não encara os garrafões adversários como antes. O aproveitamento nos arremessos de média e longa distâncias, seguem abaixo da média, no entanto.
Ele precisa se reinventar para voltar a ser um dos astros da liga. Hoje, é apenas o terceiro cestinha do Bulls. O talento não consegue ser acompanhado por seu corpo. A esperança é que isso mude. E rápido.