No primeiro mês da temporada, já podemos perceber que o draft de 2015 foi especial. Considerado um recrutamento profundo e repleto de bons jogadores de garrafão, o draft está se revelando melhor do que todo mundo esperava. Alguns nomes desta classe vêm mostrando que vieram para ficar na NBA.
Há um ano, quando a temporada do basquete universitário norte-americano ainda estava no começo, escrevi um artigo sobre o que poderíamos esperar do recrutamento de 2015. Na ocasião, dei uma atenção especial aos pivôs Karl-Anthony Towns e Jahlil Okafor e ao armador Emmanuel Mudiay. Eram os melhores prospectos e favoritos a serem a primeira escolha. Hoje, podemos notar que o trio realmente tem muito talento e grandes chances de consolidar uma carreira de sucesso na liga.
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A primeira escolha do draft, o pivô Karl-Anthony Towns, desponta como o favorito ao prêmio de melhor novato da temporada. O começo de Towns é impressionante, com o jovem de 20 anos causando impacto nos dois lados da quadra. Ele é o único novato que tem médias de duplo-duplo (16.0 pontos e 10.4 rebotes). Aliás, Towns alcançou os dois dígitos em oito das 13 partidas que disputou até o momento. Além disso, ele é o segundo cestinha do Minnesota Timberwolves e o quinto na liga em rebotes (10.4) e tocos (2.4). E Towns já entrou para a história da liga: é o segundo jogador mais jovem, nos últimos 30 anos, a conseguir ao menos 20 pontos, dez rebotes e cinco tocos em uma partida. No duelo contra o Orlando Magic, disputado no dia 18 de novembro, o pivô anotou 21 pontos, pegou 12 rebotes e distribuiu seis tocos. A parceria com Andrew Wiggins promete render bons frutos ao Timberwolves nos próximos anos. Towns já avisou que “não é um produto terminado“.
Já Okafor, é o destaque solitário do horrendo time do Philadelphia 76ers. Tudo o que falávamos dele está se mostrando na prática: um pivô com um arsenal ofensivo que chama a atenção, mas que peca na defesa. O pivô de 19 anos é o cestinha do Sixers até o momento (17.9 pontos), além de ser o jogador que mais arremessa (16.6 bolas por jogo) e que mais dá toco (1.6) em sua equipe. Dotado de movimentos refinados no post (área próxima à cesta), Okafor é o líder em pontuação entre os novatos. Também pudera, ele é a principal peça de ataque do Sixers.
Mudiay, por sua vez, vem chamando a atenção no reformulado Denver Nuggets. Alçado à condição de titular com a saída do problemático Ty Lawson, o armador de 19 anos Mudiay tem atleticismo de elite, boa visão de quadra e é muito agressivo nos dois lados da quadra. Pela pouca idade, e estilo de jogo baseado na explosão e velocidade, já era esperado que ele fosse ter uma média alta de turnovers. Mas é bom falar que Mudiay é o 14o jogador que mais deu assistências (6.3) até o momento.
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Vale destacar ainda o grande desempenho do letão Kristaps Porzingis, um dos meus prospectos favoritos desta classe. O ala-pivô, que era o melhor prospecto do basquete europeu no último draft, está deixando envergonhados todos aqueles “corneteiros” que o vaiaram quando ele foi anunciado como escolha do New York Knicks. O jogador de 20 anos não está sentindo a pressão de atuar em um mercado gigantesco e em um time tradicional que não faz nada relevante na NBA há muitos anos. Porzingis é o principal reboteiro do Knicks (8.8), líder em tocos da equipe (1.5) e o segundo cestinha (13.2 pontos). Com o letão em quadra, o o time novaiorquino tem a quarta melhor defesa, e, com ele no banco, é apenas a 23a. No último sábado (21), Porzingis teve uma atuação estelar contra o Houston Rockets: 24 pontos, 14 rebotes e sete tocos.
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Outros novatos que vêm chamando a atenção são os alas Justise Winslow e Stanley Johnson. O primeiro “caiu no colo” do Miami Heat na décima escolha, pois muitos acreditavam que ele não passaria do TOP 8 do draft. Winslow é o reserva da equipe com mais tempo de quadra (cerca de 28 minutos por noite), e, inclusive, já foi elogiado pelos companheiros e pelo técnico Erik Spoelstra por sua maturidade e excelência defensiva. Quer um dado interessante? Ele é um dos dez jogadores que cedem menor aproveitamento de arremessos ao oponente que marca.
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Já Johnson, que é dotado de atributos físico-atléticos de elite, é o principal reserva do surpreendente Detroit Pistons (20:17 minutos por jogo). Depois de um grande desempenho na Summer League e nos amistosos de pré-temporada, ele recebeu elogios de seu técnico Stan Van Gundy: “realmente não soa como um daqueles calouros que estão perdidos entre os veteranos. Ele parece saber o que faz em quadra”. Parece questão de tempo que Johnson seja o titular da equipe no lugar de Marcus Morris ou de Ersan Ilyasova.
O armador T.J. McConnell, que não foi selecionado no draft, provavelmente por sua idade “avançada” (23 anos), vem surpreendendo neste começo de temporada. Líder em assistências (6.4) entre os novatos, ele ganhou a titularidade no Philadelphia 76ers e é o 12o jogador que mais deu passes decisivos na liga.
No quesito decepção, o primeiro nome que vem à mente de todos é o do armador D’Angelo Russell. Segunda escolha geral do recrutamento, o armador ainda não empolgou no Los Angeles Lakers. Espero que Byron Scott perceba logo que não dá para o trio Russell, Jordan Clarkson e Kobe Byrant começar as partidas. Um dos jovens teria que ir para o banco de reservas e liderar a segunda unidade.
Willie Cauley-Stein (Sacramento Kings), Rondae Hollis-Jefferson (Brooklyn Nets) e Jerian Grant (New York Knicks) não atuam tanto quanto os novatos já mencionados, mas contribuem de alguma forma para suas equipes. Mesmo com pouco tempo de quadra, eles já mostraram que podem ser úteis às suas equipes e que têm condições de permanecer na NBA por muito tempo. Cauley-Stein e Hollis-Jefferson, inclusive, são titulares em seus times.
As outras escolhas TOP 10 que não foram citadas – Mario Hezonja (quinta pick, Orlando Magic) e Frank Kaminsky (nona pick, Charlotte Hornets) vêm tendo poucas oportunidades. Ambos disputam sequer 15 minutos por noite. Hezonja é apenas o quinto reserva do Magic que mais atua, enquanto Kaminsky enfrenta uma concorrência pesada na rotação de garrafão que tem Al Jefferson, Marvin Williams, Cody Zeller e Spencer Hawes.
Com tudo o que foi apresentado acima, dá para concluir que a classe de 205 não deve nada à do ano passado, que nos brindou com Andrew Wiggins, Jabari Parker, Julius Randle, Marcus Smart, Elfrid Payton e Clarkson, entre outros. Towns, Okafor e Porzingis têm potencial para serem estrelas na NBA. Já Mudiay e Winslow estão mostrando que terão ao menos carreiras sólidas na liga. Ainda confio na recuperação de Russell e espero que Hezonja possa ter mais tempo de quadra.
P.S. O artigo foi escrito antes da rodada de segunda-feira (23).