Os erros históricos do New York Knicks – Parte 1

Renan Ronchi fala sobre movimentos que não deram certo no time de Nova York

Fonte: Renan Ronchi fala sobre movimentos que não deram certo no time de Nova York

Se a NBA funcionasse da mesma forma que o futebol europeu, certamente o New York Knicks teria a relevância de um time como Juventus ou Manchester United. Afinal de contas, a franquia fica localizada em um dos maiores mercados dos Estados Unidos, possui a arena mais conhecida e considerada ‘a meca do basquetebol’, e, mesmo com os resultados ruins, ainda foi considerada pela Forbes o segundo time mais valioso da liga norte-americana, atrás apenas do Los Angeles Lakers.

Felizmente para nós (não para os fãs do Knicks), a NBA não funciona dessa forma. Existe um teto salarial, existe o draft e a meritocracia funciona no sentido literal da palavra. Então, não há segredo nenhum do porquê um dos maiores times de basquete do planeta não ganha um título desde 1973. Apostas erradas, trocas equivocadas, jogadores com contratos grandes e duradouros não rendendo 10% do esperado. David Stern, desesperado com a ideia da liga deixar de ganhar dinheiro na maior metrópole dos Estados Unidos, tentou empurrar bons executivos para a franquia. Tudo em vão. Recentemente, o time contratou o rookie de 70 anos, Phil Jackson, para a posição de presidente de operações, apostando que ele atinja no novo cargo o sucesso que conseguiu como técnico. Mas vamos relembrar os principais erros que levaram a equipe de New York ao hiato de 42 anos (e contando) sem ganhar um anel de campeão.

Recusando Julius Erving

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A série de ‘cagadas’ começa logo nos anos 70. O Knicks se sagrou bicampeão da NBA jogando um basquetebol altruísta e com nomes de peso como Walt Frazier, Dave DeBusschere, Earl ‘The Pearl’ Monroe, Jerry Lucas, Willis Reed, Bill Bradley, Phil Jackson e por aí vai. Em 1976, no entanto, o cenário já era outro. Reed, Lucas e Dick Barnett já estavam aposentados, DeBusschere batalhava com lesões, a contratação do All Star, Spencer Haywood, foi um fracasso e, pela primeira vez desde 1967, a equipe ficava de fora dos playoffs.

Em paralelo, uma fusão importante estava acontecendo naquele mesmo ano. A ABA deixaria de existir e quatro times migrariam para a NBA. Nesse processo, o New York Nets acabou sendo muito prejudicado. Todos os times que estavam migrando (Denver Nuggets, Indiana Pacers, San Antonio Spurs e o próprio Nets) foram obrigados a pagar 3.2 milhões de dólares à NBA, quantia surreal para a época. O time de New York, no entanto, foi obrigado a pagar $4.8 milhões de dólares/ano adicionais nos próximos dez anos para o Knicks por ter “invadido o território do time”. Em paralelo, a franquia também estava sendo pressionada por Julius Erving. O Dr. J era o melhor jogador de basquete da época, estava migrando para uma liga mais lucrativa e queria ganhar muito mais dinheiro do que já ganhava. Incapaz de pagar sua principal estrela e o aluguel ao seu vizinho, o dono do Nets, Roy Boe, ofereceu Erving ao Knicks em troca da quitação da dívida que adquiriu ao mudar de liga.

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A oferta foi recusada. O Philadelphia 76ers enxergou a oportunidade de adquirir o melhor jogador dos anos 70 e “comprou” Dr. J num acordo que pagou 6 milhões de dólares ao Nets, valor absurdamente alto para os padrões da época. Esse foi um dos maiores erros da franquia de New York de todos os ângulos possíveis. Do ponto de vista ‘basquetebolístico’, Erving teve médias de 21.6 pontos, 8.5 rebotes e 1.9 roubos de bola em sua primeira temporada na NBA. O 76ers conquistou 50 vitórias e foi vice-campeão daquele mesmo ano. Erving poderia ter sido o pilar que ampliaria a dominância do time de New York na NBA até meados dos anos 80. Pensando no aspecto financeiro, Dr. J era um jogador tão diferenciado que sua presença era suficiente para lotar qualquer ginásio. No seu ano de ‘rookie’, sete, eu disse SETE equipes bateram recorde de público em seus ginásios quando receberam o Philadelphia 76ers, sendo um deles recorde absoluto de um jogo de basquete até então: 27 mil espectadores em Nova Orleans, público que nem Bill Russell e Wilt Chanberlain haviam conseguido atrair.

Logo após essa série de eventos, mais um movimento estúpido por parte da franquia a colocaria de vez na mediocridade: trocou o veterano Walt Frazier para Cleveland por Jim Cleamons. O movimento não foi bom e o Knicks passou quase dez anos como coadjuvante até ganhar a primeira escolha do draft de 1985, onde selecionou o pivô Patrick Ewing.

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(continua no próximo artigo)

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