Sinceramente, eu não tinha a menor ideia do que escrever hoje, como se fosse uma grande novidade. Eu nunca sei. Mas dessa vez, tive a ajuda do Ricardo Stabolito, ainda que indireta. Notei que ele havia postado uma foto na nossa página do Facebook e lembrei do quanto era legal acompanhar esses caras. Resolvido, então.
No dia 5 de fevereiro de 1999, três dos maiores jogadores das últimas décadas estrearam na NBA: Dirk Nowitzki, Vince Carter, e Paul Pierce. E isso só aconteceu em fevereiro porque a liga estava em greve e a temporada teve apenas 50 partidas. O grande detalhe é que Pierce e Carter se enfrentaram naquela noite. Hoje, muito mais próximos da aposentadoria, os três lutam para fechar suas carreiras em grande estilo.
Recentemente, escrevi sobre a reconstrução do Dallas Mavericks e Nowitzki foi o ponto de partida para o time texano conseguir o seu único título até aqui. Dos três que falo hoje, ele é o único que permanece na mesma equipe. Mas eu fiquei impressionado quando Don Nelson desafiou todo mundo e bancou o alemão na franquia. Naquele momento, o finado Robert Traylor era um jogador consolidado vindo da Universidade de Michigan. Dirk era uma incógnita. Um ala-pivô europeu que arremessava de qualquer lado da quadra? Pouco provável que daria certo. Ao menos, na época.
O Mavericks deixou de ser café com leite, teve 11 temporadas seguidas vencendo ao menos 50 partidas na fase regular, e disputou duas finais.
Nowitzki provou dentro e fora de quadra que era um sujeito diferenciado. Ponto para ele, ponto para o Mavs. O camisa 41 é nome certo no Hall da Fama. Disso, todos já sabem. Porém, isso não o impede de abdicar de um alto e merecido salário para dar maior flexibilidade ao teto salarial do time. Hoje, o Mavericks ocupa um excelente sexto lugar na disputadíssima conferência Oeste.
Carter, assim como Nowitzki, foi trocado na noite do draft por Antawn Jamison. Sua trajetória na NBA foi marcada, principalmente, pelas enterradas plásticas e pela explosão.
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Vince se desgastou no Toronto Raptors, quando chegou a anunciar que não iria mais enterrar. Estava desmotivado e forçou sua saída para o New Jersey Nets. Lá, ele deu suas cravadas, sim, e jogou em nível de All Star até 2008-09. Depois, o físico já não permitia tanta estripulia, teve de ajustar seu estilo de jogo para permanecer na liga e tornou-se um especialista nos arremessos de longa distância. Para se ter uma ideia, nas últimas duas temporadas, pouco mais de 46% de seus chutes vieram atrás da linha de três. Hoje, aos 38 anos, atua pelo Memphis Grizzlies sem o mesmo brilho de tempos atrás.
Já Pierce, tem sua história ligada ao Boston Celtics por questões óbvias. Foram nada menos que 15 anos jogando de verde. E pensar que na infância, ele odiava a equipe de Massachusetts. O ala é californiano e torcia para o seu maior rival, o Los Angeles Lakers.
Mas isso ficou para trás quando foi a décima escolha do draft, pelo Celtics. No time de Boston, o eterno camisa 34 foi para o Jogo das Estrelas em dez ocasiões. Ele chegou desbancando o então ídolo local, Antoine Walker, como a principal arma ofensiva. Waker chegou a dizer que se Pierce quisesse ser campeão, teria de sair de Boston. O rechonchudo ala-pivô acabara de obter um título no Miami Heat. Mas nem precisou. Pierce conseguiu seu anel de campeão em 2007-08 ali mesmo. Não por menos, ele foi eleito o MVP das finais em um elenco que contava com Ray Allen, Rajon Rondo, e Kevin Garnett.
Anos mais tarde, o GM Danny Ainge resolveu mudar as coisas no time e não sobrou ninguém. O último deles, Rondo, foi trocado com o Mavericks em janeiro. Pierce acabou indo embora um pouco mais cedo, ao lado de Garnett. Os dois rumaram para o Brooklyn Nets, mas a experiência do jogador por lá durou apenas uma temporada e hoje ele defende o Washington Wizards. Mesmo sem tanto tempo de quadra, segue em alto nível, e é um dos responsáveis pela ótima campanha da equipe em 2014-15.
O tempo passa para todos. Não é diferente para esses três excepcionais jogadores. Atuando em potenciais candidatos ao título, todos eles possuem contratos por pelo menos mais um ano. No entanto, um eventual triunfo em junho, pode ser o fim da linha para um deles.
Números das estreias:
Nowitzki: dois pontos, quatro assistências
Carter: 16 pontos, três rebotes, duas roubadas
Pierce: 19 pontos, nove rebotes, cinco assistências, quatro bloqueios