Bagunça em Detroit

Gustavo Lima analisa a campanha pífia do Pistons, que vem de 13 derrotas consecutivas e que só não é pior que o Sixers

Fonte: Gustavo Lima analisa a campanha pífia do Pistons, que vem de 13 derrotas consecutivas e que só não é pior que o Sixers

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O Detroit Pistons é uma das maiores decepções da temporada. O time tem a segunda pior campanha da liga, com três vitórias e 19 derrotas (13 delas seguidas), ficando à frente apenas do medonho Philadelphia 76ers. Aliás, o Pistons conseguiu a proeza de perder em casa para esse Sixers.

O competente Stan Van Gundy foi contratado na offseason para acumular as funções de presidente e técnico da equipe, e a expectativa era a de que ele limpasse a bagunça deixada por Joe Dumars, ex-gerente-geral da franquia. Vale dizer que, desde 2008, após a saída de Flip Saunders, o time já teve cinco treinadores e nenhum deles deixou saudades em Detroit.

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Evidentemente, Van Gundy não mudaria o time da água para o vinho. O trabalho do bigodudo de tornar o Pistons competitivo novamente é de médio e longo prazo. Vale lembrar que seu vínculo com a franquia é válido por cinco anos. A herança maldita que caiu no colo dele contém os contratos de Josh Smith (US$42 milhões até 2017) e Brandon Jennings (US$16,3 milhões até o final da próxima temporada), dois dos jogadores mais criticados da equipe, além de um elenco fraco.

Van Gundy já testou várias formações em quadra, inclusive aquela que foi um desastre na temporada passada, com o trio Josh Smith, Greg Monroe e Andre Drummond. Nenhuma deu resultado satisfatório. Nos últimos seis jogos, Monroe foi para o banco e Singler assumiu a condição de titular, com Smith passando a atuar na posição 4.

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Na NBA atual, o time que não tem ninguém para espaçar a quadra, como é o caso do Pistons, sofre para ganhar. Além disso, a movimentação de bola da equipe deixa muito a desejar. O pivô Andre Drummond recebe poucas bolas na área próxima à cesta e alguns de seus companheiros estão pecando pelo excesso de individualidade e precipitação nos arremessos.

O próprio treinador revelou, na semana passada, que o time passa por problemas internos. “Nós estamos realmente desajustados neste momento. Realmente desajustados como equipe. Temos vários dilemas, vários jogadores sentindo-se pressionados aqui. Não estamos em um bom momento mentalmente”.

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Pistons e sua rotina de amassar o aro

Na temporada passada, o Pistons foi o segundo pior em aproveitamento nas bolas de três pontos. Para resolver a carência nos arremessos, Van Gundy foi ao mercado e trouxe os “especialistas” Jodie Meeks, D.J. Augustin, Caron Butler e Cartier Martin. O primeiro se machucou na intertemporada e só deve estrear neste final de semana. Já o outros três vêm sendo muito irregulares. Curiosamente, o melhor arremessador do time é o ala Kyle Singler, único que tem um aproveitamento superior a 40% nos chutes da linha de três pontos, e remanescente do elenco da temporada passada.

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Além de nenhum dos reforços ter dado resultado satisfatório até o momento, o armador Brandon Jennings vem fazendo uma temporada terrível. Para se ter uma ideia do fraco desempenho do camisa 7 do Pistons, nas últimas cinco partidas, ele teve um aproveitamento de 16.7% nos arremessos de quadra (sete cestas em 42 tentativas), errou as 12 bolas de três pontos que tentou, desperdiçou a bola 14 vezes e marcou míseros 26 pontos. Números horríveis para um armador titular na NBA. Enfim, Jennings está cada vez mais individualista e amassando o aro.

Jennings - Shot chartAliás, a produção ofensiva do perímetro do time de Detroit é de assustar. Dos titulares, apenas Singler corresponde. Os aproveitamentos de Jennings e Kentavious Caldwell-Pope nos arremessos de quadra não chegam a 38%. Smith, que pode atuar na posição 3, tem pouco mais de 38%. Dos reservas, apenas Butler acerta mais de 40% dos arremessos. Não é à toa que o Pistons tem o segundo pior ataque da NBA (92.8 pontos) e o pior aproveitamento nos arremessos de quadra (40.4%).

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Josh Smith - Shot chartNúmeros do perímetro do Pistons

Brandon Jennings: 37.6% nos arremessos de quadra, 33.7% nas bolas de três
Kentavious Caldwell-Pope: 37.5% nos arremessos de quadra, 34.2% nas bolas de três
Kyle Singler: 43.8% nos arremessos de quadra, 41.1% nas bolas de três
Josh Smith: 38.1% nos arremessos de quadra, 26.7% nas bolas de três
D.J. Augustin: 34.9% nos arremessos de quadra, 25.4% nas bolas de três
Caron Butler: 40.4% nos arremessos de quadra, 36.8% nas bolas de três
Cartier Martin: 29.6% nos arremessos de quadra, 22.2% nas bolas de três

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KCP - Shot chart

Historicamente, Van Gundy sempre contou com ótimos arremessadores de longa distância nos times que dirigiu. No Heat, ele comandou Eddie Jones, Damon Jones e Rasual Butler, em 2004/05, e Jason Kapono, James Posey e Dorell Wright, em 2005. Já no Magic, ele tinha Rashard Lewis, J.J. Redick, Hedo Turkoglu, Ryan Anderson, Courtney Lee e Jameer Nelson. Ambas as equipes conseguiram chegar à pós-temporada, com o Magic, inclusive, alcançando a final em 2009. Com esse Pistons sem bons chutadores, Van Gundy corre o sério risco de não chegar aos playoffs pela primeira vez na carreira

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O “problema” Greg Monroe e o futuro da equipe

Depois de não chegar a um acordo com a franquia quanto à extensão contratual, o ala-pivô Greg Monroe resolveu aceitar a oferta qualificatória de US$5.5 milhões presente em seu atual vínculo. Por isso, em 2015 ele será agente livre irrestrito e poderá se transferir para qualquer equipe da liga.

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Monroe, inclusive, chegou a ter uma extensão de US$60 milhões por cinco temporadas em mãos, mas as negociações entre as partes nunca evoluíram. O papo é de que o ala-pivô está insatisfeito com a franquia e que não vai renovar o contrato nem que a vaca tussa. Para não perder o jogador de graça, a direção da franquia deve tentar negociá-lo até a trade deadline (19 de fevereiro). 

Além de Monroe, o Pistons deveria tentar se livrar de Smith e Jennings, jogadores que têm contratos indigestos e que não vêm rendendo em quadra. Em troca deles, a equipe de Detroit deveria priorizar a chegada de bons arremessadores e de jogadores para espaçar a quadra. Não custa lembrar que a ideia de Van Gundy é cercar o jovem pivô Andre Drummond de bons chutadores, assim como ele fez em Orlando com Dwight Howard.

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O time de Detroit ainda tem os contratos expirantes de Jonas Jerebko (US$4.5 milhões), Joel Anthony (US$3.8 milhões) e Gigi Datome (US$1.75 milhão) para envolver em negociações.

Com esse elenco fraco à disposição e a classificação para os playoffs cada vez mais distante, a franquia, mais do que nunca, deve pensar com carinho no próximo draft. Aposto que muito torcedor do Pistons já deve imaginar o armador Emmanuel Mudiay como o titular da posição em 2015/16. Como todo mundo sabe, ter mais chances de conseguir uma pick alta no recrutamento do ano que vem é diretamente proporcional a uma campanha ruim.

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Enfim, a temporada da equipe de Detroit vem sendo vexatória, mas é apenas o início de trabalho de Stan Van Gundy no comando do time. Sem saber o que é playoffs desde 2009, o Pistons provavelmente vai ter mais uma temporada medíocre. Uma reformulação mais profunda será mais do que necessária na próxima offseason. Com uma boa escolha no draft e a contratação de jogadores que preencham as maiores carências da equipe, dias melhores virão para o time de Detroit.

A torcida do Pistons precisa ter paciência e confiar na capacidade de Van Gundy. Como diria um certo palhaço que virou deputado, pior do que está não fica.

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