A história da NBA – Parte 7

Ricardo Romanelli encerra sua trajetória histórica pela Liga falando sobre os últimos anos de competição

Fonte: Ricardo Romanelli encerra sua trajetória histórica pela Liga falando sobre os últimos anos de competição

https://www.youtube.com/watch?v=sHzJ8-4qbdY

De 2008 a 2014: chegando aos dias atuais

Chegamos à última parte de nossa série sobre a história da NBA: depois de visitar as origens e os grandes acontecimentos do passado, alcançamos os sete anos mais recentes. Temos uma liga já consolidada como força global em um modelo onde as franquias conseguem montar bons elencos, se souberem fazer uma boa administração.  Nesta conclusão, nós passaremos brevemente pelos fatos históricos do presente da NBA para que possamos construir considerações finais em vista de tudo que lembramos nos últimos meses.

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O período começa com uma interessante retomada das duas franquias mais vitoriosas da liga, Boston Celtics e Los Angeles Lakers. A primeira, que vinha de péssimas temporadas, deu uma guinada na offseason de 2007 e fechou trocas por dois grandes astros: Ray Allen e Kevin Garnett. Eles reforçaram um elenco que já tinha o ala Paul Pierce e o técnico Doc Rivers no comando. Do outro lado do país, os angelinos patinavam desde a saída de Shaquille O’Neal. A situação mudou em fevereiro daquela temporada, quando Pau Gasol chegou ao time em uma das trocas mais polêmicas já fechadas até hoje: o Memphis Grizzlies recebeu Kwame Brown, Javaris Crittenton, Aaron McKie e os direitos do irmão de Pau, Marc Gasol. Com o tempo, a inesperada ascensão de Marc fez a transação parecer mais justa.

Os dois times fizeram a final de 2008 e o Boston Celtics, mais coeso defensivamente, conquistou o título. Esta foi, aliás, a grande marca deste time do Celtics: uma marcação aguerrida, impenetrável liderada pelo intenso Garnett no garrafão e o auxiliar técnico Tom Thibodeau. A ascensão da dupla e a baixa momentânea de potências do Oeste – como Dallas Mavericks e San Antonio Spurs –, fez com que se criasse uma nova polarização entre Celtics e Lakers durante as temporadas seguintes.

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Bill Russell e Kevin Garnett

No ano posterior, Garnett estava contundido nos playoffs e o Orlando Magic de Dwight Howard se aproveitou da “janela” para chegar a decisão. O Lakers, bem mais experiente, levou a melhor sobre a equipe da Flórida e levantou o troféu Larry O’Brien após cinco jogos. O time da Califórnia contratou o ala Ron Artest para defender o título ao lado da dupla Gasol/Bryant em 2010. O grupo vingou a derrota de dois anos antes e prevaleceu sobre o Celtics em uma final dramática. Artest converteu uma cesta de longa distância no último minuto da sétima partida da série para selar o bicampeonato angelino.

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Heat Big Three 3Um dos períodos de agência livre mais aguardados da história se seguiria ao segundo título em sequência do Lakers. Diversas equipes fizeram manobras financeiras para ter flexibilidade e entrar na disputa por atletas do nível de LeBron James, Dwyane Wade, Chris Bosh, Dirk Nowitzki, Ray Allen, Joe Johnson, Paul Pierce e Rudy Gay. Além deles, veteranos como Shaquille O’Neal, Allen Iverson e Tracy McGrady também estavam disponíveis no mercado. O cenário culminou com a formação do “Big Three” do Heat, onde LeBron, Wade e Bosh se uniram sob a tutela de Pat Riley para formar a equipe mais comentada dos anos seguintes.

No entanto, quem levou a melhor no primeiro ano do supertime foi um grupo de veteranos: o Dallas Mavericks surpreendeu a todos e levou o título. Com atletas de alta rodagem como Nowitzki, Shawn Marion, Jason Kidd, Tyson Chandler, Peja Stojakovic e Deshawn Stevenson, entre outros, o Mavs supreendeu o mundo ao “varrer” o bicampeão Lakers na segunda rodada e derrotar o “Big Three” de Miami em uma improvável história de sucesso.

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Foi só um adiamento, porque o inevitável acabou acontecendo em 2012. Todos já sabiam que o Heat seria dominante e, após o fracasso da primeira temporada, dois títulos em sequencia viriam: primeiro contra um jovem Oklahoma City Thunder, depois diante do veteraníssimo San Antonio Spurs – em uma série em que o envelhecido grupo texano levou o campeão a sete disputadíssimos jogos inesperadamente. No sétimo duelo, em uma das últimas posses de bola, LeBron sacramentou a vitória com um arremesso do topo do garrafão que, em termos de importância, pode ser considerado o maior de sua carreira por enquanto.

Em 2014, a revanche entre Heat e Spurs foi bem menos equilibrada do que se imaginava: o time comandado por Gregg Popovich derrotou os bicampeões em cinco avassaladores jogos e tornou-se, mais uma vez, a equipe a ser batida. A derrota deu fim ao “Big Three” de Miami, pois LeBron decidiu voltar para o Cleveland Cavaliers na offseason passada.

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Ao fim desta trajetória pela história da NBA, nós constatamos várias coisas. Vimos uma liga que cresceu graças a um processo de desenvolvimento estratégico, primeiramente se estabelecendo nos maiores mercados dentro dos EUA e posteriormente com acirradas rivalidades dentro de quadra promovidas com rara felicidade. Depois, com a crescente expansão das comunicações, a NBA conseguiu tornar-se um fato global e que possui jogos acompanhados em centenas de países espalhados pelos cinco continentes do globo.

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Não podemos deixar de ressaltar também a importância das regras igualitárias na contratação de jogadores. Um dos fatores mais apaixonantes da NBA é que qualquer franquia, desde que com o planejamento correto, pode ser campeã. Em outras ligas e esportes, as equipes de maior mercado e/ou tradição se aproveitam do maior poder econômico para formar os melhores elencos e quase impossibilitam times menores de competir. Na NBA, o modelo do teto salarial e das taxas punitivas mantêm todos numa média próxima: na maior parte do tempo, quem tiver maior competência para montar seu plantel é, praticamente sem exceções, bem sucedido. Estar em um grande mercado sempre será uma vantagem, mas não é uma vantagem decisiva aqui.

De pequeno congregado de times de um esporte emergente a potência global e negócio multibilionário. Este foi o caminho que a NBA percorreu ao longo das últimas seis décadas e vai chegar ao aniversário de 70 anos como um campeonato em franca ascensão mundial, com atletas muito bem pagos e expostos, jogos competitivos, idoneidade e transparência em suas finanças e um modelo econômico sustentável e equilibrado. É exemplo de promoção de marca e organização não apenas para outras ligas esportivas, mas também para muitas companhias do setor privado. Um esporte tão apaixonante e envolvente como o basquete não poderia pedir por um modelo melhor para se desenvolver.

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