Jumper Brasil entrevista – David Blatt

Entre outros assuntos, novo técnico do Cavs falou sobre a montagem da equipe e quem será seu pivô titular

Fonte: Entre outros assuntos, novo técnico do Cavs falou sobre a montagem da equipe e quem será seu pivô titular

David Blatt

Se Erik Spoelstra foi um dos profissionais do Miami Heat mais procurados pela imprensa nos treinos da Gávea, David Blatt representou o completo oposto. O novo treinador do Cleveland Cavaliers mostrou-se mais acessível do que o parceiro de profissão e, surpreendentemente, pouquíssimo requisitado pelos repórteres. A impressão foi que poucas pessoas conheciam o atual campeão da Euroliga.

A “calmaria” permitiu que o Jumper Brasil conversasse nos dois dias de treinos com Blatt e pudesse abordar vários temas com o técnico: a transição para o basquete dos EUA, o elenco do Cavaliers, seu sistema defensivo, estatísticas avançadas e muito mais. Você pode conferir o resultado dos dois dias de bate-papo a seguir:

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Jumper Brasil – Treinador, aquele time com o qual você assinou contrato definitivamente não é o mesmo de agora. Houve mudanças que, eu acredito, foram positivas. Como você se sentiu com cada notícia dos reforços que estavam chegando?

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David Blatt – Obviamente, eu fiquei muito feliz com as notícias e com cada novo atleta que era anunciado. Acho evidente que houve um acréscimo bem considerável de talento, qualidade e experiência em nosso elenco nos últimos meses, sem dúvidas. Só posso dizer que sou muito afortunado pelas circunstâncias.

JB – Nós já vimos vários jogadores enfrentarem problemas na transição do basquete europeu para a NBA. O que você pode dizer sobre essa transição para um técnico?

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DB – Não há dificuldades para mim porque o esporte é algo global. Eu tenho dito isso para todos: basquete é basquete, não importa o lugar do mundo. Muito mais complicado é, por exemplo, encarar a mudança geográfica e o calendário da NBA.

David Blatt 2

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JB – Na última temporada, com o Maccabi, você era Davi enfrentando os Golias da Europa (Real Madrid, Barcelona, etc). Na NBA, o Cavs parece ser o alvo de todos. Você tem essa impressão de que a situação que está prestes a encarar é muito diferente?

DB – Não sei. Eu acho que há muitos times bem fortes na NBA porque estão juntos faz tempo. Nós estamos atrás da concorrência neste sentido porque vamos construir algo agora. Por isso, na verdade, ainda precisamos de alguns meses de bom basquete para começarmos a falar em nós mesmos como um “alvo” do resto da liga.

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JB – Uma coisa que realmente chama a minha atenção quando vejo seu elenco é o número de atletas que podem atuar com a bola nas mãos: LeBron James, Kyrie Irving, Dion Waiters, Matt Dellavedova, até Mike Miller já atuou dessa forma antes. Isso foi algo pensado?

DB – É interessante você comentar isso porque foi realmente uma das questões em que nós estivemos empenhados nos últimos meses: trazer mais ballhandlers para a equipe. Sabíamos que, para implantar o sistema ofensivo que queremos, precisávamos de mais jogadores com a capacidade de operar com a bola e tornar o jogo mais dinâmico. Observando agora, eu sinto que fomos muito bem sucedidos neste sentido.

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JB – A julgar por seus últimos times na Europa, você gosta de ter jogadores altos capazes de arremessar. Imagino que Kevin Love será uma adição fundamental para seu sistema, certo?

DB – Ah, sim. É um reforço de alto nível, sem dúvidas. Eu valorizo muito o espaçamento nas minhas equipes mesmo e Kevin oferece a versatilidade para operar dentro e fora do garrafão. Ele encaixa-se muito bem dentro da realidade do nosso elenco.

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JB – No nosso site, muitos leitores perguntam como você vai montar a defesa do Cavaliers. Eles acham que muitos dos jogadores do elenco não são bons marcadores. Como você responderia esses questionamentos e o que uma defesa de David Blatt precisa fazer bem?

DB – Mais do que como um grupo de indivíduos, nós precisamos marcar bem como um time, uma unidade. Temos que desenvolver bons fundamentos e, especialmente, entrosamento. Uma coisa que prezo muito é conter pick and rolls, porque eles são grande parte do jogo ofensivo em qualquer parte do mundo. É um ponto em que nós – e meus times, em geral – precisam fazer muito bem.

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JB – Vamos ver um pouco de defesa zona no Cavaliers?

DB – Provavelmente. Não sei quanto, mas nós vamos usar um pouco. Eu sempre usei defesas zona e princípios delas nos times que comandei ao longo da carreira. Seguirei dessa forma e usarei diferentes tipos de marcação quando achar que ela me dá uma vantagem competitiva.

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Anderson Varejão e Tristan Thompson

JB – É impossível não perguntar sobre isso, treinador Blatt: Varejão ou Tristan Thompson, quem será o titular?

DB – Esse é um bom problema que tenho [risos]. A meu ver, os dois são bem parecidos: bons reboteiros que se dedicam em quadra colocando o time sempre em primeiro lugar. Acredito ter dois titulares em mãos e vou utilizá-los dependendo das situações que o jogo apresentar. Não há uma resposta errada para mim.

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JB – As estatísticas avançadas estão se tornando parte importante da NBA nos últimos anos. Como um profissional que chega de outro continente e outras ligas, como você avalia o uso da sabermetria?

DB – Eu acho que existe muito valor nas estatísticas avançadas. Para mim e os técnicos em geral, este é mais um recurso para aprimorar e ajudar o trabalho. O principal agora é saber como usá-las. Como conseguir a informação de uma forma que possamos processá-la e traduzi-la em uma vantagem real na interpretação do jogo. Eis o desafio.

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JB – Uma última: nos últimos meses, nós tivemos a trágica lesão de Paul George reavivando a discussão sobre a liberação dos jogadores da NBA para competições internacionais. Como alguém com vasta experiência, você tem uma posição consolidada neste debate?

DB – Eu entendo a preocupação dos times com possíveis problemas físicos dos atletas e o basquete internacional precisa ser mais sensível aos interesses das equipes. Mas, por outro lado, é preciso entender que lesões podem acontecer em qualquer lugar ou momento e um jogador que quer representar seu país deve ser autorizado a fazê-lo. Defendo, no fim das contas, um modelo de coexistência e respeito às necessidades de todos os envolvidos.

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