A presença de Phil Jackson

Ricardo Romanelli discute a possível importância chegada do lendário ex-técnico à presidência de operações do New York Knicks

Fonte: Ricardo Romanelli discute a possível importância chegada do lendário ex-técnico à presidência de operações do New York Knicks

Por Ricardo Romanelli

O New York Knicks anunciou uma contratação que já vinha sendo especulada nos bastidores há algum tempo, provavelmente tão ou mais impactante do que qualquer jogador que chegou ao time nos últimos anos: Phil Jackson, o treinador mais vencedor da história do basquete, vai assumir a posição de presidente de operações da franquia. Na prática, significa que ele será responsável pela montagem do elenco e comissão técnica, buscando tirar a equipe da péssima fase que vive. O alto salário (especulado em US$15 milhões, o mais alto da história para um executivo) e a falta de experiência prévia do ex-técnico no cargo fizeram com que alguns colocassem dúvidas sobre o sucesso do trabalho. Apesar do preço, porém, é certo que sua chegada vai agregar muito.

O primeiro efeito é a vontade que muitos jogadores terão de estar em um cenário comandado por um dos maiores vencedores que o esporte já viu. Agente livre ao final da temporada, Carmelo Anthony tem sido especulado em diversas equipes desde o começo da temporada. Nos últimos dias, porém, ele já declarou que aceita mudar seu estilo de jogo caso Jackson peça – indicando que a contratação do novo executivo não apenas contribui para que permaneça no time, como também o fez disposto a fazer adaptações necessárias em seu jogo para que o time fique mais competitivo. Isso tudo sem que o veterano tenha ainda assumido o posto.

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Com isso, fica perfeitamente demonstrado o impacto desta contratação. Treinador por trás das grandes vitórias de nomes como Michael Jordan, Shaquille O’Neal, Kobe Bryant, Scottie Pippen, Dennis Rodman, entre outros que jogaram sob seu comando em 11 títulos conquistados, Jackson possui uma reputação que intimida e inspira respeito antes de qualquer coisa. Por isso, o Knicks sabe que terá uma pessoa forte no processo de recondução da equipe ao sucesso, o que não tem preço.

Mas, em termos práticos, o que deve acontecer em New York? Jackson ganhou seus 11 títulos como treinador com o sistema de “triângulo”, padrão de jogo desenvolvido por Tex Winter – que foi seu assistente técnico durante os anos de glórias. Considerando a situação de Mike Woodson no comando técnico, uma das primeiras providências que devem ser tomadas para a montagem da equipe é a procura por um técnico com experiência no esquema favorito de “P-Jax”. Steve Kerr e Kurt Rambis são candidatos em potencial pela familiaridade, enquanto Brian Shaw, empregado no Denver Nuggets, também pode ser uma opção viável.

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Experiências anteriores já demonstraram que nem todos os jogadores se adaptam ao esquema. Por isso, para que funcione devidamente, os atletas corretos deverão estar no plantel. De imediato, dois atletas que são agentes livres no final do ano e foram seus favoritos em trabalhos anteriores podem frequentar as páginas de rumores em Nova Iorque: Steve Blake e Pau Gasol. Jogadores como Tyson Chandler, Raymond Felton e até mesmo Amare Stoudemire, que não possuem quase nenhuma das características desejáveis para o provável no sistema de jogo, são sérios candidatos a serem trocados, dispensados ou terem minutos de jogo reduzidos. Carmelo terá que passar mais a bola, mas, caso fique realmente em NY, possui estilo que deve render bem no triângulo.

Por outro lado, alguns outros atletas podem ser muito ajudados pelas mudanças táticas. Andrea Bargnani, Pablo Prigioni, Cole Aldrich e Iman Shumpert possuem características que se encaixam neste padrão de jogo. Earl Clark e Tim Hardaway Jr são incógnitas, enquanto a relação mais interessante para acompanharmos será a que Jackson conduzirá com J.R Smith. O ex-treinador conseguiu transformar jogadores problemáticos em vencedores ao longo da carreira, a exemplo de Rodman e Metta World Peace (então Ron Artest), e a dinâmica com o explosivo e talentoso Smith deve ser digna de um olhar mais atento.

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O fato é que ainda existem muitos pontos de interrogação e suposições sobre o futuro do Knicks, mas é indubitável que a equipe se tornou mais interessante pela simples presença de Phil Jackson a nível estratégico. Estamos tratando de um homem de inteligência e visão acima dos padrões da NBA e parece inevitável que, após se adaptar ao novo cargo e responsabilidades, ele será um dos grandes executivos da NBA e poderá conduzir uma das franquias de maior apelo popular e mídia da liga novamente ao topo.  Este o verdadeiro impacto que a contratação tem – e os rivais devem buscar entender este movimento como um desafio para se planejarem também à altura.

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