Por Ricardo Romanelli
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Selecionado na primeira posição do draft de 2011, Kyrie Irving representava muito mais do que uma escolha de elite naquele momento. O armador de Duke era o símbolo de uma nova era do Cleveland Cavaliers, aquele que ergueria o time à grandeza depois da saída de LeBron James – até então, o maior nome da história da franquia. O jovem possuía as credenciais para tanto. Alguns anos antes, desde o basquete colegial, ele era visto como uma potencial primeira escolha quando decidisse encarar o recrutamento. Mesmo passando a maior parte de seu único ano universitário com uma lesão no pé, o Cavs elegeu-o sem pestanejar quando teve a chance.
Seus dois primeiros anos na NBA foram excelentes. Na temporada de estreia, Irving conquistou o prêmio de calouro do ano e foi MVP do “Desafio dos Calouros”, no All Star Weekend. Teve grandes atuações individuais, apresentando excelentes números em pontos e assistências. O sucesso coletivo, no entanto, não veio: o time do Cavs ainda era muito fraco. No ano seguinte, Kyrie foi ainda melhor. Aumentou suas médias em relação ao ano de novato e foi eleito para o Jogo das Estrelas pela primeira vez. Ganhou o concurso de arremessos de três pontos no All Star Weekend e seu poder de decisão em partidas apertadas fez com que se consolidasse como uma das grandes promessas para o futuro da NBA – ainda que a equipe do Cavs continuasse não permitindo que navegasse por mares mais distantes.
Na atual temporada, Irving manteve os números do ano anterior e foi escolhido pelo público para ser titular da Conferência Leste. Foi além: terminou eleito MVP da partida, após liderar sua seleção à vitória com 34 pontos e 15 assistências. Isso atesta que vai tendo mais uma temporada de ascensão e consolidação como um dos grandes jogadores da NBA, correto? Errado. A vitória no Jogo das Estrelas foi um dos poucos pontos altos do armador na campanha e lembra a todos de uma coisa importante: ele tem grande potencial, mas ainda precisa amadurecer muito.
Até ganhar o MVP, Irving vinha com rendimento insatisfatório. Embora os números pessoais sigam estagnados, ele já começa a ser criticado pela falta de resultados do Cavaliers. Recentemente, de maneira anônima, alguns dirigentes da NBA até chamaram o ainda jovem atleta de imaturo e individualista – colocando em dúvida as conquistas individuais que teve até aqui.
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O fato é que o armador não conseguiu ainda encontrar um modo de transformar seu inegável talento em vitórias para a franquia que representa. John Wall, com um ano a mais de experiência, vem se consolidando como um armador de ponta no Leste (talvez até o melhor) levando uma equipe similar em termos de material humano à pós-temporada. Enquanto isso, em Cleveland, todos se planejam para a próxima loteria.
Irving também recebe críticas por sua defesa. O PER (índice de eficiência que leva em conta as estatísticas por minuto do jogador) mostra que os armadores da liga têm suas melhores performances quando jogam contra o Cavs. Se não é um dos piores defensores da NBA na posição, ele (infelizmente) está próximo disso. Tem toda a condição física para ser um bom defensor, mas é justamente sua falta de foco e atitude que fazem com que não o seja.
Este é outro problema que pode facilmente ser corrigido com vitórias: Damian Lillard, do Portland Trail Blazers, também é um péssimo defensor, mas tudo isso é esquecido pela grande campanha que faz o Blazers – com elenco melhor do que Cleveland, é verdade.
No entanto, com a brilhante atuação no Jogo das Estrelas, Irving nos lembrou de outra coisa: há diversos jovens armadores talentosos na NBA, mas ele talvez seja o mais talentoso dentre eles. Embora os outros até possam viver melhor fase e ter alcançado maior maturidade para liderar suas equipes, a esperança de Cleveland possui qualidades que o diferenciam do resto do bando.
Por este motivo, respondendo à pergunta proposta no título, afirmo: ele chega onde quiser. Com o inegável talento e competência demonstrados, além de enorme capacidade de decidir partidas, Irving só não será um dos grandes armadores da liga se não quiser. E, neste momento, infelizmente, parece que não quer com algumas de suas atitudes. Torçamos para que mude isso rapidamente. Como espectadores, seria muito triste perdermos mais um grande jogador para problemas de comportamento e postura dentro de quadra.
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