Popovich, a exceção

No aniversário de Gregg Popovich, Ricardo Romanelli fala sobre a longevidade do “comandante” do San Antonio Spurs entre os melhores técnicos da liga

Fonte: No aniversário de Gregg Popovich, Ricardo Romanelli fala sobre a longevidade do "comandante" do San Antonio Spurs entre os melhores técnicos da liga

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Por Ricardo Romanelli

Gregg Popovich completa 65 anos de idade nesta terça-feira (28). O treinador do San Antonio Spurs está no cargo desde 1996, aproxima-se dos de duas décadas a frente do mesmo time. Neste meio tempo, ele levou a equipe a cinco finais da NBA e venceu em quatro oportunidades. Tem aproveitamento geral de 68% das partidas – número incrivelmente alto. Foi duas vezes eleito o técnico do ano na liga e é um dos dois únicos na história a alcançar 900 vitórias com a mesma franquia, ao lado de Jerry Sloan (Jazz).

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Nestes quase 20 anos com o Spurs, mais de 130 jogadores estiveram sob seu comando e ele – tanto quanto os atletas –, é parte integral do sucesso da equipe no período. Quando Popovich começou a carreira, ele estava acompanhado de outros grandes nomes de sua geração como Don Nelson, Larry Brown, Phil Jackson, Hubie Brown, entre outros. Todos foram se tornando obsoletos ao longo do tempo, o que é perfeitamente normal. Mas “Pop” foi diferente, pois soube se reinventar. Tornou-se a exceção em uma liga hoje dominada por jovens técnicos como Tom Thibodeau, Eric Spoelstra e Frank Vogel.

Pat Riley, um dos maiores nomes das últimas décadas na NBA em diversos níveis, certa vez disse que o Spurs era o time mais estável emocionalmente na NBA. E isso se deve, em muito, à personalidade de Popovich. Ele escolhe a dedo os jogadores que poderão ser contratados pelo Spurs, tomando como molde uma filosofia bem consolidada na organização. Aqueles que não se adaptam, saem. De qualquer forma, raramente vimos o veterano cometer um erro de avaliação, pois é muito bom nisso.

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O perfil de treinador hoje é outro, completamente diferente daqueles grandes motivadores anos 1990. Eles tinham grande presença e poder de liderança, eram mais estrategistas e vinham de outras carreiras antes de serem técnicos – geralmente ex-jogadores. A nova geração é muito mais detalhista: são profissionais que se prepararam para comandar times desde cedo, não vieram de outro ramo. São verdadeiros tecnocratas do esporte. Ao passo que estes profissionais extremamente preparados foram sendo inseridos no mercado, “comandantes” do modelo antigo foram se aposentando. No entanto, como o Spurs que comanda, Popovich encontrou uma maneira de se reinventar e viu seus colegas se aposentarem, muitas vezes, por obsolescência.

Esta é a diferença fundamental entre “Pop” e outros técnicos de sua geração: por mais laureado que seja, sempre foi o mais humilde, introspectivo, trabalhador e estudioso de todos. Claro que ele tem uma visão de jogo que a maioria dos seres humanos não compartilha, mas isso é comum aos grandes treinadores. Foi a capacidade de enxergar as mudanças do jogo ao longo dos anos que fizeram com que pudesse readaptar seu sistema tático e o elenco de apoio texano.

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É fundado nesta formidável habilidade de leitura do basquete e tendências que Popovich consegue, ano após ano, remodelar o Spurs e levar a equipe, mais uma vez, a disputa do título na NBA. No entanto, apoiado na personalidade humilde, trabalhadora e desprovida de vaidades que também consegue manter a disciplina exemplar de seu time e colecionar admiradores por onde passa, aumentando ainda mais seu prestígio e respeito ao redor da liga.

Como já disse anteriormente, Popovich completa 65 anos – uma idade em que a maioria dos técnicos com duas décadas de trabalho costumam se tornar obsoletos. No entanto, ele é a exceção e não temos dúvida que, quando decidir se aposentar, será ainda um treinador mais moderno e atualizado do que a maioria de seus colegas de profissão.

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