Ranking dos Novatos 2013-14 – Segundo mês

Ricardo Stabolito Jr. dá sequência a suas análises mensais sobre os calouros da temporada

Fonte: Ricardo Stabolito Jr. dá sequência a suas análises mensais sobre os calouros da temporada

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=w-hiGds-7c4]

Primeiro mês

O novato do ano é um prêmio essencialmente estatístico. Digo isso porque, por mais que você jogue bem dentro de quadra, precisa de médias altas para ter uma chance de vencê-lo. No fim das contas, lógico, o troféu costuma ir para quem melhor combina números, desempenho e impacto positivo sobre o time. Mas, se tiver que se agarrar a apenas um deles, o calouro deve ficar com os números.

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Vamos pegar somente as três estatísticas que tendem a ter mais visibilidade: média de pontos, rebotes e assistências. Os últimos nove vencedores do prêmio de novato do ano lideraram sua classe em, pelo menos, um destes quesitos. LeBron James (2004) foi o último a ser nomeado sem estar no topo da turma em nenhuma das três. No entanto, o hoje astro do Miami Heat era a primeira escolha do draft e figurou entre os cinco melhores em todas.

Indo ainda mais além, a estatística bruta que mais impressiona os votantes (não é preciso ser gênio para deduzir) é a pontuação. Oito dos nove últimos vencedores foram os cestinhas da turma. Dois deles venceram em rebotes, enquanto quatro lideraram os novatos nas assistências. Confira no quadro abaixo as médias dos dez mais recentes premiados nos três quesitos e a posição que ocuparam entre todos os novatos de suas respectivas classes:

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Ano

Vencedor

Pontos

Rebotes

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Assistências

2004

LeBron James

2º (20.9)

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5º (5.5)

3º (5.9)

2005

Emeka Okafor

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1º (15.1)

1º (10.9)

30º (0.9)

2006

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Chris Paul

1º (16.1)

4º (5.1)

1º (7.8)

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2007

Brandon Roy

1º (16.8)

7º (4.4)

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1º (4.0)

2008

Kevin Durant

1º (20.3)

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9º (4.3)

4º (2.4)

2009

Derrick Rose

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2º (16.8)

15º (3.9)

1º (6.3)

2010

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Tyreke Evans

1º (20.1)

5º (5.3)

2º (5.8)

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2011

Blake Griffin

1º (22.5)

1º (12.1)

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2º (3.8)

2012

Kyrie Irving

1º (18.5)

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17º (3.7)

2º (5.4)

2013

Damian Lillard

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1º (19.0)

18º (3.1)

1º (6.5)

Para o premiado, as estatísticas (ou, pelo menos, algumas delas) são fundamentais. Pontos, em especial. Mas será que elas traduzem sucesso também para os demais? Será que uma pontuação alta como calouro é sinônimo de carreira sólida no basquete profissional? Não dá para cravar, mas trata-se de um bom sinal. Se analisarmos as cinco turmas de novatos que entraram na liga entre 2004 e 2008, você encontrará 35 jogadores que anotaram 10.0 ou mais pontos por jogo em sua primeira temporada na NBA. Apenas seis deles (17.1%) não estão mais na liga. Por outro lado, 20 são titulares em franquias atualmente (57.1%). Doze dos 35, inclusive, já foram para – no mínimo – um Jogo das Estrelas (34.3%).

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No momento em que escrevo este texto, apenas três calouros possuem média de 10.0 ou mais pontos por partida: Michael Carter-Williams (17.2), Trey Burke (13.3) e Victor Oladipo (12.7). Seguindo as proporções registradas no levantamento anterior, podemos imaginar que, dentro de seis a dez anos, um deles será um all star. E, possivelmente, todos ainda estarão na NBA – o que é o mais importante.

Bem, depois de passarmos por todos esses números, vamos à segunda edição do Ranking dos Novatos Jumper Brasil, que analisa o desempenho dos estreantes da liga no período entre 1º e 31 de dezembro

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1. Michael Carter-Williams (armador, Philadelphia 76ers)

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Um dos motivos para o ótimo início de temporada de Michael Carter-Williams foi o mesmo que impediu-o de ser mais do que a 11ª escolha e o terceiro armador selecionado no último draft: o arremesso. Ele abriu a carreira profissional acertando mais de 40% de suas tentativas de longa distância, em um ritmo que se revelou insustentável a partir do fim de novembro. Seu índice de acerto entrou em queda livre desde então. O interessante é que o problema de seu arremesso nunca foi uma mecânica ruim ou mal trabalhada (apesar de ser verdade que parece melhor na NBA, mais consistente e fluida), mas sim uma seleção de chutes problemática. A vantagem de altura e envergadura que o ex-aluno de Syracuse sempre teve contra os oponentes da mesma posição fez com que ganhasse o péssimo hábito de tentar arremessos contestados – algo que, especialmente quando preso ao jogo de meia quadra e mais lento, continua acontecendo entre os profissionais.

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Por isso, o técnico Brett Brown merece grandes elogios por implantar um esquema que não só favorece a condição atlética e pontaria certeira de seus jovens jogadores, mas as habilidades de Carter-Williams em particular. O 76ers joga em um sistema rápido que começa exatamente pela capacidade do jovem em bater oponentes no perímetro e quebrar defesas. O novato está entre os 15 atletas com mais “ataques ao garrafão” (drives) na temporada, com quase oito por partida – mais do que Russell Westbrook e Dwyane Wade, por exemplo. O interessante é que, apesar de todos os atributos físico-atléticos, o titular do Sixers nunca foi um bom finalizador em torno da cesta desde os tempos universitários (seus 49% de conversão em arremessos nesta região está abaixo da média da liga nesta temporada). Em compensação, ele é uma ameaça em potencial no kick – “abrindo” o jogo ao passar a bola em uma infiltração para chutadores no perímetro.

Assim como John Wall, por exemplo, Carter-Williams é eficaz neste tipo de situação por conta de sua combinação de tamanho, impulsão e braços longos. Quando salta, ele consegue ver a quadra com mais tempo (a impressão é que realmente para segundos no ar) e clareza do que um armador comum. A envergadura faz com que seus passes sejam mais difíceis de serem alcançados e condições para que adapte-os aos eventuais marcadores. É por motivos como este que, mesmo não sendo um pontuador dos mais eficientes, o armador é a “alma ofensiva” do Sixers: os 101.0 pontos a cada 100 posses que o time marca quando ele está em quadra é o maior índice entre todos os atletas do elenco.

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2. Trey Burke (armador, Utah Jazz)

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Todas as classes têm um novato que surge para mostrar como más atuações na Liga de Verão podem não dizer rigorosamente nada sobre como será sua carreira profissional. Neste ano, ele é Trey Burke. Retornando de lesão, o armador do Utah Jazz foi o melhor calouro de dezembro e “sumiu” com os críticos que usavam o desempenho de julho para duvidar de seu sucesso na NBA. O jovem foi tão bem que mudou a história da equipe de Salt Lake City nesta temporada: após vencer somente uma de suas primeiras 12 partidas, os comandados de Tyrone Corbin já acumulam nove vitórias em 22 jogos – contra o calendário mais difícil da liga – desde a estreia da nona escolha do último draft. Quando ele joga 30 ou mais minutos, o retrospecto melhora ainda mais: são sete triunfos em 14 confrontos.

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Seu sucesso instantâneo na NBA não é uma surpresa ao lembrarmos que um de seus pontos fortes sempre foi o pick and roll. Burke está triunfando por conta de sua impecável tomada de decisões após receber bloqueios com a bola. Atuando ao lado de um pivô jovem que oferece ótimos bloqueios (Derrick Favors) – algo que não tinha em seu time na Liga de Verão –, o ex-aluno da Universidade de Michigan vem encontrando as condições ideais para comandar um ataque com segurança incomum. E isso se deve não somente aos seus ótimos instintos, mas por sua afiada leitura de jogo. “Se eu dou-lhe um bloqueio bom o bastante, Trey vai conseguir um arremesso para si ou para mim”, resume o próprio Favors.

Burke apresenta bom equilíbrio entre pontuar e passar porque sabe reconhecer quando espaço e linhas de infiltração se abrem para si ou seu companheiro em progressão à cesta é a melhor opção. Além disso, ele usa “bloqueios bons o bastante” para criar separação dos defensores e produzir bons arremessos de média distância para si (com 45% de conversão, índice acima da média da liga). Seu timing para dar passes a jogadores em movimento, no ponto futuro e entre oponentes, também está muito acima do que se espera de um armador estreante e raramente comete erros. Aliás, este é outro detalhe que mostra sua maturidade: só comete desperdícios em 8.5% de suas posses, o que o coloca não só como o melhor armador calouro da liga, mas também entre os cinco melhores da posição em toda a NBA com 20 ou mais minutos por jogo (ao lado de Jerryd Bayless, José Calderón, Mike Conley e Chris Paul).

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Sua conversão nos arremessos em geral (confira nas estatísticas) ainda não é boa e precisa melhorar, mas isso não se deve a uma seleção de tiros ruins. Você ainda pode “colocar na conta” da fratura na mão que sofreu na pré-temporada e às grandes dificuldades finalizando em torno da cesta (apenas 44.4% de aproveitamento nesta região). Mas Burke tem mais a comemorar do que lamentar neste primeiro mês: tamanho e condição atlética sempre ajudam, mas não se ensina alguém a jogar com a naturalidade e inteligência do calouro.

 

3. Tim Hardaway Jr. (ala-armador, New York Knicks)

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“Arremesso e condição atlética de elite não são duas virtudes que costumam andar juntas em prospectos”. Esta não é uma descoberta, apenas uma citação minha de antes do draft. Eu me referia a Ben McLemore. Mas, com dois meses de temporada, nenhum novato atende melhor ao perfil descrito lá em junho do que Tim Hardaway Jr. Embora Victor Oladipo (que será tema mais a frente) tenha sido a “escolha oficial” da NBA, o atleta do New York Knicks foi o melhor calouro da conferência Leste em dezembro. Ele anotou 11.7 pontos em apenas 24.1 minutos, convertendo excelentes 46.2% de suas tentativas de longa distância e sendo um dos poucos pontos de eficiência no jogo de transição em um dos ataques que menos pontua neste tipo de situação na liga. Diferente de estreantes em geral, o ala-armador registra alto aproveitamento porque tenta bons arremessos, produto de movimentação sem a bola e bom posicionamento.

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Neste momento, seu índice de acerto acima do comum nos tiros de quadra em geral (também é melhor do que a média para média distância) faz com que Hardaway acumule 1.1 ponto por posse de bola – colocando-o entre os 20 melhores da liga no quesito. Em situações de spot up, equilibrado para arremessar, sua eficiência sobe ainda mais: 1.2 pontos por posse. O calouro está fazendo bem mais do que se esperava em um time que vive profunda crise técnica e sob intensa pressão. Trata-se de um feito tão importante e difícil que até perdoamos o rendimento defensivo abaixo da média que vem apresentando: seu esforço é inegável, mas falta-lhe uma maior compreensão do jogo e comunicação com os companheiros de time – erra em trocas de marcação e toma decisões ruins após ficar preso em bloqueios.

Classes de novatos após classes de novatos provam que eficiência defensiva, e não lapsos de qualidade marcando, é algo que acaba surgindo com o tempo. Não apenas com a experiência, mas também com uma maior compreensão de como funciona os sistemas defensivos na NBA – muito diferentes do basquete universitário. Então, cada coisa de uma vez. Acertando 42% de seus arremessos para três e se esforçando no outro lado da quadra, Hardaway já merece um lugar importante na rotação.

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4. Steven Adams (pivô, Oklahoma City Thunder)

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De uma forma geral, analistas dão pouco crédito a novatos que conseguem minutos de quadra em equipes vencedoras e candidatos ao título. Se um time alcança um nível de excelência tão alto, alguém sem experiência profissional tem poucas chances de ajudá-lo a ser melhor do que já é. E este é um fato que passa por cima de qualquer carência do elenco em uma posição. O Oklahoma City Thunder foi prova disso na temporada passada, ao deixar um dos melhores e mais completos prospectos do draft de 2012 (Jeremy Lamb, campeão universitário em 2011) na D-League pelo ano inteiro. Ele não tinha condições de ajudar o então campeão do Oeste. Nesta campanha, a história tem sido diferente com Steven Adams.

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Adams está na rotação porque, como já disse no mês anterior, traz mobilidade e senso de luta que o Thunder nunca teve. Ele movimenta-se pela quadra, fecha espaços, acompanha contra-ataques, briga por rebotes, altera arremessos e cobre trocas de marcação de uma forma que o titular Kendrick Perkins revelou-se cada vez menos capaz de fazer nos últimos anos. Até mais do que isso, o pivô não vem se acanhando diante de jogadores mais rodados, partindo para a briga (sim, cotoveladas e empurrões) quando necessário – algo que, um dia, Perkins também já se caracterizou por fazer. Na dose certa, isso também é preciso para um bom homem de garrafão. Então, como explicar que seu tempo de quadra não tenha aumentado de novembro para dezembro? Por incrível que pareça, a resposta é defesa.

Embora seja um bom defensor em situações de post up, o pivô permite 0.98 pontos por posse aos adversários (apenas 321º melhor da liga) e força muito poucos desperdícios (só em 5.2% das posses). Como quase todos os calouros, Adams falha em trocas de marcação e encontra problemas para parar pivôs capazes de sair do garrafão e arremessar de média distância – o que é mais difícil do que no basquete universitário pelo espaçamento da quadra. Talvez mais grave seja o fato de que, entre todos os integrantes da rotação, o time tem seu pior índice de eficiência defensiva quando o novato está em quadra: toma 100.8 pontos a cada cem posses de bola, quase três pontos a mais do que a média da equipe. Trata-se de uma marca clara de um atleta que, bom ou ruim, não está totalmente entrosado com companheiros e sistema.

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Um dos motivos para o desempenho abaixo da média é simples: quando ele está em quadra, Kendrick Perkins não está (que ainda é um bom protetor de aro e excelente defensor no post up). Isso derruba seus números por si só. Outro é o mesmo que vale para Tim Hardaway Jr.: jogar defesa regular e eficientemente não costuma ser coisa de calouro. A melhora virá com o tempo. O aumento dos minutos, provavelmente, também.

 

5. Mason Plumlee (pivô, Brooklyn Nets)

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Plumlee fechou o ano com uma de suas melhores atuações na NBA: 15 pontos e 13 rebotes na derrota do Nets para o San Antonio Spurs. No entanto, a atuação isolada não diz muito sobre o mês do jovem pivô. Mesmo com a contusão de Brook Lopez, seu tempo de quadra foi bastante instável e – como aconteceu com Steven Adams – diminuiu em relação a novembro. O técnico Jason Kidd vem dando preferência para formações mais baixas e os minutos do calouro estão sendo passados para jogadores de perímetro. Neste cenário, sua falta de arremesso (continua sem acertar nenhuma cesta fora do garrafão na temporada) também não contribui. Mas, assim como Adams, a principal razão para o ex-aluno de Duke perder espaço na rotação talvez seja o impacto defensivo ruim que sua presença parece ter sobre a equipe.

Com Plumlee em quadra, o Nets sofre 110.0 pontos a cada 100 posses de bola dos oponentes. Este é o terceiro pior índice entre os jogadores de rotação nova-iorquinos (apenas a frente de Jason Terry e Andrei Kirilenko, que acabam de voltar de lesão e vem atuando pouco). O efeito é bem parecido com o que vimos de Adams, mas, diferente do pivô do Thunder, seu problema não está evidenciado nas cestas permitidas – cede 0.89 ponto por posse, índice emparelhado com a média da liga. Para o novato do Brooklyn, as coisas se complicam nos rebotes. Ele pega apenas 11.7% dos rebotes que acontecem quando em quadra, porcentagem que não o coloca nem entre os 50 melhores pivôs da temporada.

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Presença imponente no garrafão, Plumlee tem um inegável potencial para dominar partidas pegando rebotes. No entanto, ele não bloqueia seus adversários constantemente – um erro muito comum entre calouros e até veteranos – e “confia” demais na condição físico-atlética para coletar rebotes. Além disso, até refletindo a forma mecânica como atua (que discuti no último mês), o pivô não é um brigador por natureza e raramente usa sua envergadura para buscar bolas fora da área em que está posicionado. Tais características ficam refletidas em baixas taxas de rebotes ofensivos (7.6%) e contestados (38.8% deles são registrados com oponentes nas proximidades) para atletas da posição cinco.

Dizem que a chave para novatos jogarem é trabalhar e esforçar-se mais do que veteranos em quadra. Então, não por acaso, Plumlee ainda pode melhorar neste aspecto.

 

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6. Nate Wolters (armador, Milwaukee Bucks)

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Uma das ideias simplistas que continuam a se perpetuar durante o processo de recrutamento é que “apenas bons atletas podem ser bons defensores na NBA”. Não há dúvidas de que possuir condição atlética de elite ajuda no confronto com outros atletas de elite, mas não a ter nunca foi ou será “atestado de óbito” em um lado da quadra. Este é o caso de Nate Wolters: um defensor subestimado em nível universitário, ele vem desafiando a “lógica” ao causar imenso impacto na marcação em seus primeiros meses de temporada sem ser dono de recursos atléticos ideais. O calouro está permitindo 0.7 pontos por posse de bola aos oponentes no momento, nada menos do que o 21º melhor índice de toda a liga no quesito. E faz isso substituindo uma impulsão fora do comum ou velocidade sensacional por inteligência, esforço e fundamentos sólidos.

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Na verdade, em termos práticos, Wolters não faz nada particularmente fora do normal para ter tamanha eficiência. O armador do Bucks, primeiramente, “persegue” oponentes pela quadra e coloca o máximo esforço possível para não deixar que fiquem livres – o que envolve, mais do que correr de um lado para o outro, lutar contra bloqueios e reduzir espaços. Isso o coloca em boas condições de fazer algo básico para qualquer marcador: contestar arremessos. Ele não possui braços longos, mas ser alto (6’4’’ ou 1.93m) contribui para que dificulte as tentativas ao limitar a visão da cesta dos adversários e ocupar mais espaço. Tanto que, hoje, o calouro é o melhor jogador da liga defendendo situações de spot up – só 0.47 pontos cedidos por posse, sete cestas em 42 lances.

Até mesmo nas infiltrações, defendendo jogadores muito mais atléticos, Wolters tem se saído bem e contrariado os críticos. Ele tem uma boa velocidade de partida para alguém que não é considerado atlético e, uma vez bem posicionado, usa seu tamanho para bloquear espaços e não oferecer oportunidades fáceis em torno da cesta. Neste momento, com uma amostragem ainda pequena, o novato cede cestas em 47.4% das posses que marca – o que se revela um bom número entre os armadores.

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7. Victor Oladipo (ala-armador, Orlando Magic)

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A escolha de Oladipo como melhor novato da conferência Leste em dezembro é uma prova da força dos números na impressão da liga sobre seus estreantes, pois, como explicou o analista David Thorpe (ESPN) recentemente, o atleta do Magic “tem sido produtivo, mas não eficiente”. Embora sua proporção de assistências por desperdícios de posse tenha aumentado de forma considerável no último mês do ano passado – um reflexo da maior familiaridade e experiência com a bola nas mãos, especialmente passando no pick and roll –, ele perdeu a titularidade no time com o retorno de Tobias Harris. Lógico que é fácil para um treinador colocar o calouro no banco quando um veterano volta a atuar, mas, no caso do ala-armador, a saída do quinteto inicial pode ter outra razão também: não estar conseguindo converter arremessos.

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Em dezembro, Oladipo acertou apenas 38% de seus arremessos de quadra e 24% para três pontos. Os números são ruins, mas pior é notar que muitas das tentativas de longa distância são livres porque equipes estão “oferecendo” o chute, encorajando-o a tentá-los para não ter que lidar com infiltrações (seu ponto forte, batendo oponentes no perímetro e finalizando em torno da cesta). Ou seja, o novato não está fazendo com que respeitem seu arremesso. Além disso, se vem evoluindo como passador, ele ainda não lê o jogo após bloqueios na bola com precisão e está tentando alguns tiros ruins, pouco eficientes. O segundo selecionado do draft usa os picks, mas não costuma observar as trocas de marcações ou deslocamentos de outros atletas para fazer a ajuda, muitas vezes resultando em arremessos longos e contestados.

O alento aqui é que Oladipo tem sido tão bom quanto o esperado no lado defensivo da quadra. As principais virtudes que exibiu no basquete universitário estão se traduzindo eficientemente em nível profissional, impondo-se fisicamente para reduzir o espaço de ação dos oponentes e dedicando-se tanto quanto qualquer outro jogador em quadra no trabalho de marcação. São os tocos em Carmelo Anthony e Damian Lillard ou os roubos de bola seguidos de enterradas que ganham destaque na internet, mas seu desempenho “lutando” contra bloqueios para não deixar que adversários se desgarrem e defendendo situações de um contra um tem sido nada menos do que o esperado. Para o calouro, tudo parece ser uma questão de acertar o jogo no ataque.

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8. Giannis Antetokounmpo (ala, Milwaukee Bucks)

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Por preferência, pressão ou lesões no elenco, o técnico Larry Drew elevou Antetokounmpo à titularidade do Bucks em dezembro. Esta pode ser uma benção disfarçada para a franquia: o único modo de tornar os lampejos de brilhantismo que o calouro teve no início da temporada em rotina é dar-lhe o máximo de tempo de quadra e a chance de jogar contra os melhores. A julgar por seu desempenho em dezembro, ele está a altura do desafio e dá sérios indícios de que pode ser o melhor two way player (ou seja, um jogador capaz de causar impacto no jogo dos dois lados da quadra). Tudo isso com a inexperiência e falta de refinamento técnico de alguém que completou 19 anos há pouco mais de um mês e vive a prova de fogo da carreira.

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Com sua altura, condição atlética e mobilidade, Antetokounmpo é um pesadelo em potencial para os adversários e vem trabalhando em cima de tais recursos para conseguir produzir no ataque. Assim como Anthony Davis na temporada passada, o estreante do Bucks nunca está parado em quadra e compensa sua falta de arremesso consistente (os índices de conversão caíram em dezembro, como esperado) com muita movimentação e dinamismo em quadra. O novato está dando opção de passe para companheiros, forçando defesas a se manterem em constante circulação e cortando sem a bola para a cesta com fantástica eficiência (seus 1.45 pontos por posse em tais situações é a nona melhor marca da liga no momento). Além disso, quando marcado por alas-pivôs, ele tem a consciência de levá-los ao perímetro para batê-los com sua agilidade de elite em progressão à cesta – Kevin Garnett foi uma das vítimas dele.

Antetokounmpo ainda está aprendendo as nuances da defesa na NBA, mas, com seus já ditos atributos físico-atléticos, ele já consegue causar impacto neste lado da quadra também. Como Oladipo, tocos explosivos e roubos de bola quebrando linhas de passe são só parte da história, que ganha proporções sérias ao analisarmos seus números marcando situações de um contra um. A amostragem é minúscula, mas o calouro permitiu apenas 11 pontos em 19 situações de isolation na temporada – 26% de conversão e 0.57 pontos por posse, o que coloca-o entre os 15 melhores da NBA.

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Em um exame médico recente, o “Greak Freak” recebeu a informação de que ainda está crescendo. Como jogador, ele só tem a crescer também.

 

9. Kentavious Caldwell-Pope (ala-armador, Detroit Pistons)

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A transição do jogo de um prospecto ao basquete profissional é sempre um mistério e guarda surpresas praticamente impossíveis de se prever. Kentavious Caldwell-Pope, por exemplo, foi selecionado pelo Pistons por sua grande capacidade ofensiva e arremesso de longa distância em constante evolução. É verdade que sua produtividade no ataque parece, aos poucos, estar entrando nos eixos – embora ainda não consiga criar separação para tiros de quadra como no basquete universitário, converteu 38.3% para três pontos em dezembro e “espaçou” a quadra como Detroit tanto precisa –, mas ele continua na rotação pela defesa. E o calouro é um bom marcador por saber que a forma mais simples de não deixar o oponente pontuar é não deixar que a bola chegue até suas mãos.

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“Eu acho que Kentavious é um dos jogadores que negam passes muito bem. Ele tira a bola das mãos do oponente e isso limita seus arremessos”, elogiou o técnico Maurice Cheeks, fazendo menção ao intenso trabalho defensivo do calouro. O ala-armador é um verdadeiro “carrapato”, perseguindo adversários pela quadra e sem dar espaço para que operem com tranquilidade – algo que o Pistons precisa desesperadamente com suas formações altas. Uma vez próximo do atacante, ele utiliza seu tamanho e envergadura para fechar linhas de passe e diminuir a área de ação dos adversários, o que faz com que o passador procure outras opções. Ele anula uma alternativa em quadra. É lógico que isso demanda muito do condicionamento do jogador, mas não para por aí: é necessária atenção defensiva e disciplina tática que novatos não costumam possuir. Caldwell-Pope é um atleta seguindo instruções do técnico e, no fim das contas, este é o tipo de postura que rende minutos de quadra a um jovem.

Não é difícil notar o ponto problemático da forma como Caldwell-Pope joga: quando não tem a vantagem físico-atlética sobre o adversário, ele encontra enormes dificuldades de se impor e a história vira. Se dominou veteranos mais baixos, como O.J. Mayo, no decorrer do mês, o titular do Pistons foi dominado por Joe Johnson – um ala-armador muito mais alto e forte. Levar umas “surras” faz parte do aprendizado. O que não mata, fortalece.

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10. Ben McLemore (ala-armador, Sacramento Kings)

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A maior dúvida que existia em torno de McLemore antes do recrutamento era a respeito de sua postura passiva dentro de quadra. Embora seja um grande talento, o ex-atleta da Universidade de Kansas já mostrou a tendência de desaparecer em partidas do basquete universitário e não tem a característica de pedir a bola, “buscar o jogo”. É o jeito do jogador. Um jeito que tem tudo para ser realçado pelo atual Sacramento Kings, que conta com três jogadores (Isaiah Thomas, Rudy Gay e DeMarcus Cousins) usando mais de 70% das posses do time. Mais do que nunca, o trabalho do calouro vai ser acertar bolas de longa distância em passes do trio. O problema é que ele não está conseguindo fazer aquilo em que deveria ser especialista.

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Ben McLemore shot chart

McLemore não converteu nem 35% dos arremessos de longa distância tentados na temporada e, observando seu shotchart, percebe-se que o problema está na localização das tentativas de quadra. Seu maior aproveitamento está nos corners, mas ele não está conseguindo “encontrar” a posição em condições de chute: só um de cada quatro tiros de três sai de lá. A maioria deles vem, na verdade, de pontos da quadra em que mal passa dos 30% – e, por isso, sua eficiência diminui. Isso passa por uma série de problemas que vão além do próprio atleta (o time não tem passadores natos), mas também pela questão do uso das posses. Arremessadores – novatos, em especial – precisam de ritmo (“ficar quentes”, como alguns dizem) e, com cada vez menos posses e sem uma postura mais ativa, o ala-armador nunca vai “aquecer”.

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Não por acaso, McLemore perdeu a titularidade do Kings em dezembro: os números provam que, se o arremesso não estiver caindo, ele não consegue trazer grandes benefícios. Pior ainda, as formações da equipe com sua presença vêm se provando bem ineficientes no lado defensivo da quadra: tomam 110.1 pontos a cada 100 posses de bola, mais de três pontos a mais do que a média do time.

 

COMPLETANDO O TOP 20 (em ordem alfabética):

Cody Zeller (ala-pivô, Charlotte Bobcats)
Hollis Thompson (ala, Philadelphia 76ers)
Kelly Olynyk (ala-pivô, Boston Celtics)
Matthew Dellavedova (armador, Cleveland Cavaliers)
Miroslav Raduljica (pivô, Milwaukee Bucks)
Pero Antic (ala-pivô, Atlanta Hawks)
Robbie Hummel (ala, Minnesota Timberwolves)
Shane Larkin (armador, Dallas Mavericks)
Tony Snell (ala, Chicago Bulls)
Vitor Faverani (pivô, Boston Celtics)

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ENQUANTO ISSO, NA D-LEAGUE

Dennis Schroeder (armador, Atlanta Hawks / Bakersfield Jam)

Jogos

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Min.

Pts.

Reb.

Ass.

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R.B.

Erros

FG%

3pt.%

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FT%

6

34.0

17.0

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4.2

6.7

0.8

3.6

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47.9

29.4

71.1

Ao contrário de Burke, Schroeder foi um dos sucessos da Liga de Verão e ainda não conseguiu repetir o sucesso do torneio amistoso na temporada regular. O calouro começou a campanha como reserva imediato de Jeff Teague, mas logo perdeu o lugar para Shelvin Mack e tem sido enviado para a D-League nas últimas semanas para manter-se com ritmo de jogo. Não é difícil entender seu aumento de rendimento na liga de desenvolvimento: além do nível técnico mais baixo, lógico, ele está encontrando um cenário muito mais próximo (esquemas de jogo, estilo de jogadores) daquele que “dominou” em julho. Como esperado, o “garoto” alemão fez boas apresentações.

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Embora seu arremesso não tenha caído com frequência (não parece um problema de forma), Schroeder bateu todos os oponentes que encontrou sem problemas para invadir o garrafão e colocar-se em boas condições de pontuar. A defesa na D-League não deve ser levada a sério, mas o novato mostrou uma habilidade que deve se traduzir na NBA também por conta de sua velocidade e explosão de elite. Eficiente finalizando próximo da cesta, ele também manteve a atenção em seus companheiros enquanto atacava e – entre um ou outro desperdício de bola – deu bons passes para arremessadores ou jogadores se movimentando sem a bola nos limites da área pintada.

Pensando em seu retorno à NBA, porém, nada me pareceu mais promissor do que os floaters e arremessos curtos que mostrou em vários momentos de sua passagem pela D-League. Um jogador franzino como Schroeder encontra os verdadeiros problemas para pontuar na NBA ao ser combatido por pivôs mais fortes e com maior envergadura dentro do garrafão. A habilidade de converter cestas “por cima” dos pivôs adversários e sem ter que ir até a tabela costuma ser um trunfo importante a qualquer armador. Este é um primeiro passo para recuperar um espaço na rotação do Hawks.

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UMA SEGUNDA OPINIÃO

Neste quadro, nós temos outros integrantes do Jumper Brasil e convidados especiais apresentando aqueles que seriam os cinco primeiros colocados de seus rankings dos novatos. Os participantes não vão ser os mesmos de mês para mês e a intenção é apenas mostrar uma segunda opinião sobre os melhores calouros da temporada:

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X

Gustavo Freitas (Jumper Brasil)

Luiz Fernando Teixeira (Jumper Brasil)

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Vitor Camargo (Two Minute Warning)

Denis Botana (Bola Presa)

1

Michael Carter-Williams

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Michael Carter-Williams

Michael Carter-Williams

Michael Carter-Williams

2

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Trey Burke

Trey Burke

Victor Oladipo

Trey Burke

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3

Victor Oladipo

Victor Oladipo

Giannis Antetokounmpo

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Victor Oladipo

4

Kentavious Caldwell-Pope

Ben McLemore

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Trey Burke

Ben McLemore

5

Ben McLemore

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Giannis Antetokounmpo

Steven Adams

Steven Adams

 

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O QUE ELES DIZEM…

Gregg Popovich (técnico do San Antonio Spurs) sobre Trey Burke:

“Trey tem um ótimo comportamento em quadra. Não fica empolgado com uma boa jogada ou abaixa a cabeça quando comete um erro. Ele apenas joga”.  

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Ray Allen (ala-armador do Miami Heat) sobre Ben McLemore:

“Ben é um arremessador, antes de qualquer coisa. Não assisti muitas de suas atuações, mas todos os arremessos que tenta possui forma igual ao anterior e ao seguinte. Ele é consistente no modo como lança coloca a bola no ar”.

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Mike Woodson (treinador do New York Knicks) sobre Tim Hardaway Jr.:

“Tim está sendo muito consistente nos minutos que vem recebendo desde que chegou aqui. Eu simplesmente confio em como ele joga dentro de quadra”.

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David Thorpe (analista da ESPN) sobre Hollis Thompson:

“Ele é mais um jogador de posicionamento do que alguém que ataca a cesta, mas sua altura e envergadura no perímetro funcionam bem abrindo o meio da quadra para atletas como Carter-Williams”.

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[polldaddy poll=7712734]

Legenda:

Min. – Minutos
Pts. – Pontos
Reb. – Rebotes
Ass. – Assistências
R.B – Roubos de bola
FG% – Porcentagem de aproveitamento de arremessos de quadra
3pt.% – Porcentagem de aproveitamento de arremessos de três pontos
FT% – Porcentagem de aproveitamento de lances livres

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Fontes estatísticas: NBA, ESPN, 82 games, Synergy Sports.

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