Por Ricardo Romanelli
O New York Knicks é uma das grandes decepções da temporada. Com aproveitamento em torno de 25%, nem de longe é a equipe que todos esperavam que fosse se classificar para os playoffs sem maiores problemas. O Knicks não tem nem a desculpa de novo técnico, novos jogadores e lesões em excesso, como pode alegar seu vizinho Brooklyn Nets.
Culpados para a situação não faltam. Desde dirigentes a técnicos e jogadores, todos têm sua parcela de culpa na formação do time e no seu desempenho em quadra. Para o Knicks, não adianta encontrar culpados. Pelo contrário. A necessidade agora é encontrar quem vai salvar o time.
A mudança mais óbvia seria no comando técnico. Mike Woodson vem recebendo duras críticas pela performance do time. Ele não é o culpado da situação, mas o técnico é sempre o primeiro a cair nesse tipo de crise. Saindo ele, quem entraria? O nome mais especulado é o de Jeff Van Gundy. Fora de ação há vários anos, Van Gundy, que hoje é comentarista, sempre é especulado quando surge uma vaga em alguma franquia de maior poder econômico. Com o Knicks, sua ligação é mais estreita, tendo em vista que foi o técnico de algumas boas campanhas do time de New York nos anos 90, naqueles que muitos acreditam terem sido os últimos bons anos do Knicks. No entanto, Van Gundy já recusou diversos convites de outras equipes durante os últimos anos, e deus sinais de que não aceitaria um eventual convite do Knicks. Além disso, está há muitos anos parado, e seu impacto não seria imediatamente sentido.
Outro técnico cujo nome tem sido ventilado é George Karl. Recentemente desligado do Denver Nuggets, Karl seria o comandante ideal. Fez excelentes campanhas com times medianos em Denver, e lá liderou nomes como Carmelo Anthony, J.R Smith e Kenyon Martin, todos hoje membros do Knicks. Além disso, sempre teve fama de ser um técnico bom no gerenciamento de egos, algo que falta no Knicks de hoje. Apesar disso, Karl recentemente declarou que não assumiria o Knicks “nem por um milhão de dólares”, além de ter feito referências comparando o time a um inferno, e ter dito que Carmelo Anthony não é capaz de participar de um time campeão. Não nos parece, portanto, que George Karl possa salvar a temporada do Knicks.
Dois anos atrás, quando a temporada se encaminhava para o buraco por conta de lesões, surgiu Jeremy Lin, e o Knicks viveu o período conhecido como “Linsanity”, onde um time de reservas liderado pelo então inexpressivo armador, que tomou as rédeas do sistema ofensivo, conseguiu criar uma série de vitórias memoráveis, garantindo que o Knicks não perdesse sua vaga nos playoffs daquela temporada. Na ocasião, o surgimento de Lin manteve as pessoas interessadas no Knicks, e ele foi o salvador naquela temporada. Agora, Lin está em Houston, não é metade do jogador que foi naquele período, e dificilmente surgirá outro fenômeno parecido.
Mas então se os melhores técnicos disponíveis não estão dispostos a resgatar o Knicks, e a chance de um jogador sair da inexpressividade para o estrelato em poucos jogos é mínima, quem deve salvar o Knicks? A resposta é simples. Quem deve salvar o Knicks é aquele que recebe o dinheiro e o status de salvador: Carmelo Anthony.
Anthony é, desde sua chegada, visto como a peça principal do elenco, e com razão. Já completando dez temporadas na NBA, sempre foi um dos pontuadores mais completos da liga. No ano passado, quando o Knicks fez boa campanha, Anthony jogava com uma maturidade impressionante, segurando a bola nos momentos em que precisava e compartilhando-a com sabedoria, tornando-se um jogador muito mais eficiente.
Neste ano, porém, as coisas mudaram. As médias são as mesmas da carreira, mas a atitude dentro de quadra é outra completamente. E isso reflete no resto do time, que joga sem união e sem propósito, por ausência de um líder em quadra. Além disso, Anthony estará no mercado no final da temporada, pois seu contrato acaba. Com o Los Angeles Lakers tendo flexibilidade financeira para contratá-lo, alguns já questionam seu comprometimento com o Knicks.
O fato é que a maturidade alcançada por Anthony no ano passado parece ter regredido, e ele novamente lembra aquele jogador sem compromisso e sem vontade de vencer. Isso reflete no time, que fica sem líder, sem referencial técnico e sem alguém que agregue a todos em torno de um propósito.
A única maneira que o Knicks vai encontrar para sair dessa crise passa por uma renovação de votos de comprometimento entre os jogadores do elenco em torno do sistema de Woodson, e este movimento deve, necessariamente, partir de Carmelo Anthony, que tem que querer mais, sob pena de dar razão a George Karl e mostrar os motivos pelos quais seu ex-treinador acredita que nunca será campeão.
