Quem é melhor?

Gustavo Freitas coloca lado a lado dois dos mais consagrados armadores da liga, Chris Paul e Rajon Rondo, para descobrir quem é o melhor

Fonte: Gustavo Freitas coloca lado a lado dois dos mais consagrados armadores da liga, Chris Paul e Rajon Rondo, para descobrir quem é o melhor

Essa coluna foi testada aqui uma vez, aos moldes do que a finada revista Basketball Digest fazia, e agora, com a remodelada que o Jumper Brasil está fazendo, voltamos com o “Quem é melhor?”. É simples. São analisados os principais aspectos técnicos de cada jogador e no fim, temos um veredito, ainda que pode e deve ser contestado.

A primeira comparação é entre os armadores Chris Paul, do Los Angeles Clippers e Rajon Rondo, do Boston Celtics. Embora este último esteja contundido e fora de combate pelos próximos meses, estes dois são considerados os melhores jogadores da posição na atualidade. Diferentemente do “Melhores jogadores por posição em 2013-14”, quando levei em conta o tempo que Rondo ficaria de fora, além do fato de jogar sem Kevin Garnett e Paul Pierce pela primeira vez, este artigo leva em conto o histórico de sua carreira.

Paul está na NBA desde 2005, quarta escolha do draft daquele ano. O armador chegou com status de grande organizador e o que seu viu nas temporadas seguintes é que ele é bem mais que isso. Ele iniciou sua trajetória no New Orleans/Oklahoma City Hornets, já que na época, a cidade de Nova Orleans foi devastada pelo furacão Katrina e foi obrigado a jogar em Oklahoma City. Posteriormente, a cidade herdou do Seattle Supersonics a franquia e mudou de nome para Thunder. O Hornets retornou para New Orleans em 2007-08 e recentemente alterou o seu nome para New Orleans Pelicans.

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O camisa 3, que conta com cinco participações no Jogo das Estrelas, foi duas vezes o líder em assistências. Fora isso, foi o melhor em roubadas em cinco das últimas seis temporadas, interrompido apenas por Rondo, em 2009-10, ano em que se contundiu gravemente no joelho e, por conta disso, teve de passar por cirurgia.

Muito se comenta que essa lesão acabou freando Paul nos anos seguintes. O que se notou em quadra foi que o jogador perdeu a explosão que tinha no início de carreira.

Antes da temporada 2011-12, o atleta foi envolvido em uma negociação entre três equipes e ele iria atuar pelo Los Angeles Lakers. No entanto, o comissário David Stern vetou a troca por baskeball reasons. Paul foi para o Los Angeles Clippers, ao invés disso, onde transformou da água para o vinho uma franquia que nos 14 anos anteriores havia conquistado uma vaga para os playoffs apenas uma vez. Desde a sua chegada na equipe, entretanto, o time obteve duas classificações, com 96 vitórias e 52 derrotas.

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Já Rondo, debutou em 2006, após ser a vigésima primeira escolha do Phoenix Suns, mas trocado naquela noite por Brian Grant, uma escolha de primeira rodada de 2007 e considerações em dinheiro. No ano seguinte, o Suns negociou Rudy Fernandez com o Portland Trail Blazers em troca de nada (considerações em dinheiro).

Em seu primeiro ano, Rondo não conseguiu muita coisa. Atrás de Sebastian Telfair e Delonte West na rotação, o camisa 9 só foi titular em 25 partidas. Na temporada seguinte, Telfair e West foram negociados e ele assumiu a posição em um elenco recheado de estrelas. O resultado foi imediato e o Boston Celtics sagrou-se campeão pela primeira vez em mais de 20 anos.

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Seu talento, de fato, só começou a surgir em sua terceira temporada, e foi o grande nome do time de Massachusetts nos playoffs, com médias incríveis de 16.9 pontos, 9.7 rebotes e 9.8 assistências. Pronto, estava ali um dos melhores jogadores da posição.

Líder em assistências nos últimos dois anos, Rondo possui 28 triplos duplos na carreira, sendo dez deles em playoffs. Uma contusão no joelho, em janeiro de 2013, o fez perder o restante de 2012-13 e boa parte desta temporada.

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Pontuando (15)

Chris Paul já teve duas temporadas com médias superiores a 20 pontos por jogo e, apesar de ter obtido 16.9 pontos em 2012-13, sua segunda pior marca da carreira, ele iniciou esta temporada em um nível espetacular, como na vitória sobre o Golden State Warriors, quando saiu de quadra com 42, um a menos que o seu recorde pessoal.

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Paul agora conta com grandes opções ofensivas ao seu lado. Talvez esse seja o motivo principal por ter pontuado menos no ano passado. Blake Griffin e Jamal Crawford agora ganharam mais um cestinha, o ala-armador J.J. Redick. Entretanto, mesmo com a adição deste último, o camisa 3 faz seu melhor início de temporada em tempos.

Rajon Rondo jamais passou de 13.7 pontos nos sete anos em que está na NBA. Entretanto, nunca lhe foi pedido isso. Sempre jogou ao lado de outras estrelas da NBA e isso fez com que ele procurasse o seu próprio arremesso apenas como artifício, diferentemente de Paul, que apesar de ser um ótimo organizador, é um cestinha, caso necessário.

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Como está machucado e a previsão mais otimista para a sua volta às quadras é em dezembro, fica difícil analisar como ele vai lidar com o fato de não ter mais Paul Pierce e Kevin Garnett no mesmo elenco. Imagina-se que o atleta buscará mais a cesta do que antes, até porque o nível de seus companheiros caiu.

Nota: Paul, 14 a 11

Defendendo (15)

Aqui é briga de foice no escuro. Chris Paul e Rajon Rondo são dois dos melhores defensores de perímetro da NBA. Sabem ficar na linha do passe, mas principalmente, tentam eliminar as opções ofensivas de seus adversários com um posicionamento fantástico. 

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Em todas as temporadas, exceto em 2006-07, Paul não teve pelo menos duas roubadas de média, enquanto Rondo obteve a marca apenas em dois anos, sendo um deles o que foi o principal ladrão de bolas da Liga. Rondo bloqueia (um pouco) melhor, até por ter envergadura gigantesca, com 2,06 metros, 11% maior do que o normal para a sua altura. 

Nota: Paul, 15 a 14

Passando (15)

Podemos dizer que Chris Paul veio pronto de Wake Forest. O que veio depois foram alguns ajustes que o fizeram ter as principais credenciais para um armador de elite. E Paul tornou-se em questão de poucos anos. Já em sua terceira temporada, ele conseguiu médias acima de 20 pontos e 11 assistências. 

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Rajon Rondo, pelo contrário, foi moldando seu estilo de jogo aos poucos. Continua com um arremesso contestado por muitos, mas cresceu de produção assustadoramente nos últimos anos. Partiu de 3.8 assistências em sua primeira temporada para chegar em 11.7 em 2011-12. Mais uma vez, esteve em um time com Paul Pierce, que também era organizador.

Para Magic Johnson, um dos melhores jogadores de todos os tempos, Rondo é o melhor armador puro da NBA na atualidade. Eu vou com ele.

Nota: Rondo, 15 a 14

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Arremessando (15)

Aqui chega a ser até uma covardia. Por mais que Rajon Rondo tenha evoluído o seu jumper, ainda está longe, mas muito longe de chegar próximo dos melhores no quesito. E nisso, Chris Paul já está lá.

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Rondo tem um alto aproveitamento de field goal, mas com bandejas e arremessos curtos. Paul é um especialista em qualquer tipo de chute. Nos últimos seis anos, o jogador do Clippers converteu ao menos 36% das tentativas de três em cinco deles. Rondo jamais passou de 31% e na carreira, acumula 24%. 

Nos lances livres, outra diferença brutal: Rondo tem 62.1%, enquanto Paul acertou 85.9%.

Nota: Paul, 14 a 8

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No rebote (10)

Chris Paul já teve dias melhores quando o assunto é pegar rebote, mas nem por isso deixa de ser muito bom para a posição, com sólidos 4.4 na carreira. Rajon Rondo passou a buscar mais essa área nos últimos anos, e em 2012-13 tinha a melhor marca da carreira, com 5.6 por jogo quando se machucou. 

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Estamos falando de dois jogadores do mais alto nível, que buscam a perfeição acima de tudo. Rondo é um atleta fanático por números, que estuda seus adversários e até mesmo no posicionamento do rebote para sair em rápidos contra ataques. 

Nota: Rondo, 9 a 7

Controle de bola (10)

Uma das principais características de Chris Paul é cuidar da bola. O astro do Los Angeles Clippers comete poucos erros de ataque e tem a habilidade em seu favor. Para cada turnover, ele distribui quatro assistências, um índice quase surreal. 

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Rajon Rondo, apesar de ser tão habilidoso quanto Paul, tem uma média bem mais baixa, com três passes decisivos para cada erro ofensivo.

Nota: Paul, 10 a 9

Presença de quadra (10)

Vamos fazer apenas uma suposição. Você está iniciando a sua franquia e precisa de um armador. Qual deles você acha que vai te levar aos playoffs sem contar com outros jogadores? Se a sua resposta foi Chris Paul, então estamos juntos. O impacto de Paul em um elenco é imediato. É só olhar para o Los Angeles Clippers de três temporadas atrás e ver o que é hoje. Uma mudança enorme, em todos os sentidos.

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Porém, Rajon Rondo é um intimidador, apesar da baixa estatura. Basta procurar aí nos vídeos do Youtube e você vai encontrar diversas ocasiões em que Kevin Garnett estava brigando com alguém (como sempre…) e Rondo aparecia para defendê-lo. Não seria mais fácil o contrário?

Paul não é adepto ao trash talk. Em uma entrevista a revista GQ americana, o jogador do Clippers afirmou que não acredita nesse tipo de coisa, apesar de ter um episódio marcante com Pau Gasol, do Los Angeles Lakers, quando o chamou de soft após ter colocado a mão em sua cabeça.

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“Sim, eu o chamei de soft por ter passado a mão na minha cabeça”, disse Paul. “Eu não quero que ele me trate como se eu fosse o seu filho. Quando eu levo o meu filho ao banheiro, eu coloco a mão na cabeça dele. Então, não faça comigo o que eu faço com o meu filho”.

Nota: empate, 9 a 9

Durabilidade (10)

Nos seus primeiros quatro anos de NBA, Rajon Rondo deixou de atuar em apenas 13 ocasiões. Porém, depois disso, virou rotina encontrá-lo no banco de reservas com o uniforme de Derrick Rose. De lá pra cá, Rondo não jogou em 71 de possíveis 230 embates (30.8% de ausência), o que se agravou pela contusão no joelho em 2012-13.

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Já Chris Paul, excluindo o segundo ano de carreira e quando se lesionou, sempre esteve em ao menos 85% das vezes em quadra. Além disso, seu tempo de quadra nunca foi abaixo de 36 minutos, excluindo a temporada passada. Rondo só passou a ter isso desde 2009-10, seu quarto ano de carreira.

Nota: Paul, 8 a 7

Conclusão

Analisando cada uma das categorias sugeridas, é notável que Chris Paul é um armador melhor que Rajon Rondo hoje. Isso não significa que no final das contas, quando os dois estiverem aposentados, Rondo não pode ultrapassá-lo, até pelo fato de o jogador do Boston Celtics já contar com um anel de campeão, enquanto Paul ainda está na busca pelo seu primeiro. Títulos fazem muita diferença em um somatório total. Basta ver uma comparação entre Magic Johnson contra John Stockton. Para muitos, Johnson só é considerado o melhor por ter obtido cinco campeonatos e ter um carisma enorme. Mas nos números, Stockton poderia sim, brigar em cada categoria com o eterno camisa 32 do Los Angeles Lakers. Como Stockton nunca venceu, a comparação fica desigual.

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Total: Paul, 91 a 82

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