Por Ricardo Romanelli
Em 5 de janeiro de 1988, exatamente 25 anos atrás, morria “Pistol” Pete Maravich, um jogador que fez história na NBA. Com a prematura idade de 40 anos, Maravich sofreu um infarto, em virtude de um defeito congênito em seu coração.
No entanto, ele viveu tempo suficiente para deixar uma grande marca para o basquete. Marca essa que, por diversos motivos, não tem sua grandeza devidamente reconhecida pela história.
Apelidado de Pistol Pete, Maravich teve uma carreira destacada desde cedo. É, até hoje, o maior pontuador da história do basquete universitário americano. Teve uma média de 44,2 pontos por jogo durante sua passagem pela Universidade de Louisiana (LSU). Esta média se mostra mais fantástica ainda quando ressaltamos o fato de que quando Maravich jogou na NCAA, a linha de três pontos ainda não havia sido introduzida.
Em 1970, foi escolhido pelo Atlanta Hawks com a 3ª escolha do draft, onde desde cedo teve grandes estatísticas individuais, porém sem que o time tivesse o mesmo sucesso. Em 1974, o New Orleans Jazz (hoje Utah), era uma franquia em expansão, e precisava de um jogador que fosse a cara da franquia. Não havia homem melhor para o posto do que Maravich, que além de efetuar jogadas incrivelmente plásticas e acrobáticas, tinha sido a maior estrela da LSU, universidade do estado cuja capital é New Orleans.
Ele ficou com o Jazz até 1980, primeira temporada da equipe em Utah, quando foi . Durante esse tempo, fez as temporadas mais marcantes de sua carreira. No período abrangido, alcançou feitos como liderar a liga em pontuação, alavancado por 13 jogos com mais de 40 pontos, sendo que chegou a 68 pontos como jogo com maior pontuação da carreira. Na época, apenas Elgin Baylor e Wilt Chamberlain tinham marcado tantos pontos em um só jogo.
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Mas é na forma como ele conseguiu esses impressionantes números que reside o verdadeiro motivo de seu sucesso, e a importância de sua contribuição para o basquete.
Maravich foi um gênio, com todo o alcance e significado da palavra. Ele criou fintas, dribles e movimentos jamais vistos na quadra de basquete. Em uma época onde o jogo ainda não tinha grandes variações, ele introduziu diversos movimentos que, até hoje, ainda são dos mais eficientes para vencer defesas adversárias.
Passes com o cotovelo, dribles embaixo das pernas, por trás das costas, fintas com o corpo, mudança de velocidade, giros, passes sem olhar, movimentos de finta com o pé de pivô, entre outros movimentos que hoje são característicos todos vieram da mente deste gênio do basquete, que os criou a partir de sua imaginação e amor pelo esporte.
Uma contribuição deste tamanho é inestimável, pois não é possível imaginarmos o basquete atual sem todos estes movimentos.
É por isso que Kobe Bryant diz ter aprendido todos os seus truques com Pistol Pete. Por isso que Steve Nash diz ter muito de Maravich em seu estilo de jogo. Por esse mesmo motivo que John Havliceck diz que ele foi o melhor controlador de bola que o basquete já viu.
E, no entanto, pela carreira relativamente curta, sem ter jogado em um grande mercado, e sem títulos da NBA, Maravich acaba, muitas vezes, esquecido na conversa sobre os grandes jogadores da liga. Muitas vezes colocado atrás de atletas bem menos capazes e inventivos do que ele.
“Pistol” Pete Maravich foi uma das maiores mentes que o basquete já viu. Um gênio que transformou a maneira de se jogar basquete.
Hoje, um quarto de século após sua morte, seus passes e dribles ainda continuam indefensáveis. Alguns deles, inclusive, ainda não conseguiram ser reproduzidos por nenhum outro atleta.
É este o tamanho da contribuição deste homem para o basquete. Um jogador que, seguramente, jamais veremos parecido. O showman original, que passou pela NBA em uma época de pouco glamour e destaques, mas que com certeza teve impacto em tudo que aconteceu no mundo do basquete nos 33 anos que se passaram desde sua aposentadoria.