O Oklahoma City Thunder, atual vice-campeão da NBA, vem fazendo um temporada irrepreensível e mostrando que não está sentindo falta do ala-armador James Harden, negociado pouco antes do início da temporada com o Houston Rockets. A equipe comandada pelo técnico Scott Brooks já engatou 12 triunfos seguidos e tem a melhor campanha entre os 30 times da Liga: 21 vitórias e quatro derrotas, um aproveitamento de 84%. Quem esperava esse desempenho?
Ao negociar Harden, muitos achavam que o Thunder teria uma queda de rendimento, sobretudo na tábua ofensiva. Não foi o que aconteceu. O talento do melhor reserva de 2011/2012 é indiscutível, mas a saída de Harden foi benéfica para o ataque do time de Oklahoma. Na defesa, há de se destacar a melhora considerável do ala Kevin Durant, que a cada dia vem se tornando um jogador mais completo (meu favorito ao prêmio de MVP da temporada). Mas este artigo pretende mostrar a melhora ofensiva do Thunder após a saída do barbudo.
Durant e Westbrook estão passando mais a bola
Nesta temporada, a dupla Russell Westbrook e Kevin Durant vem dando provas de amadurecimento ao colocar os demais companheiros em melhores condições para contribuir no ataque. Enganam-se aqueles que achavam que, sem Harden, o jogo ofensivo ficaria ainda mais concentrado na dupla. Eles estão passando mais a bola e o resto do time está convertendo mais cestas fáceis. Os dois têm as melhores médias em assistências de suas carreiras: Westbrook (8.8, contra 5.5 na última temporada) e Durant (4.2, contra 3.5 na temporada passada) e vêm anotando menos pontos. Em 2011/2012, Durant foi o cestinha da NBA pela terceira vez consecutiva (28.0 pontos por partida). Agora, ele está com média de 27.7. Já Westbrook teve média de 23.6 pontos na temporada passada. Em 2012/2013, a média caiu para 21.1.
O Thunder lidera a Liga em três estatísticas: melhor ataque (105.6), melhor aproveitamento em lances livres (84.5%) e equipe que mais dá tocos (7.7). Além disso, a equipe de Oklahoma é a segunda melhor em outras duas categorias: aproveitamento em bolas de três pontos (40.9%) e aproveitamento nos arremessos de quadra (48.5%). E uma outra estatística demonstra a mudança no jogo do Thunder. Na última temporada, o time foi o pior em assistências (apenas 18.5 por partida) e em desperdícios de bola (16.0 por jogo). Agora, a média de assistências subiu para 22.3 – a décima melhor da NBA, e a média de erros caiu para 15.2.
“Estamos passando a bola muito melhor este ano. O nosso ataque tem estado em um ritmo muito agradável”. As palavras do técnico Scott Brooks comprovam os números acima.
A importância dos coadjuvantes
Se Durant e Westbrook vêm anotando menos pontos, se Harden deixou a equipe (ele teve média de 16.8 pontos na última temporada), de onde está vindo essa melhora ofensiva? Além de passar mais a bola, o que já foi dito acima, vou citar três atletas para responder a essa questão.
O primeiro deles é o ala-pivô Serge Ibaka, que vem fazendo a melhor temporada na carreira. Em 2011/2012, o congolês naturalizado espanhol teve médias de 9.1 pontos e 7.5 rebotes por partida. Em 27 minutos em quadra, ele arremessava 7.4 vezes e tinha um aproveitamento de 53.5%. Na atual temporada, suas médias subiram para 14.2 pontos e 8.2 rebotes, e seus minutos em quadra aumentaram para 31 por jogo. Ibaka vem arremessando mais – média de 10.6 arremessos por partida, e o aproveitamento nos arremessos aumentou para 57.1%. Ele continua um monstro em tocos – 3.0 por partida, mas tem dado uma grande contribuição na tábua ofensiva.
O segundo atleta a ser citado é o ala Kevin Martin, uma das peças que veio na troca envolvendo Harden. Na temporada passada, ele deixou de atuar em 26 partidas pelo Rockets por causa de lesões. Além disso, Martin estava desacreditado em Houston, já que era sempre lembrado nos rumores de troca. A melhor coisa que poderia ter acontecido a sua carreira foi a transferência para o Thunder. Martin, de 29 anos, tem contrato expirante e sempre foi lembrado como um “cestinha de time ruim”. Em Oklahoma, ele vem sendo a principal arma ofensiva vindo do banco, assim como era Harden. Terceiro cestinha do Thunder, com média de 15.7 pontos, Martin está desempenhando muito bem o papel que lhe foi dado: ser letal nos arremessos, até porque ele não se destaca em outras áreas. É nítido que o atleta está muito motivado pela chance de atuar em um time que briga pelo título. Martin não se importa com a condição de reserva. O aproveitamento dele nos arremessos de quadra é impressionante para um jogador da posição: 46.9% de bolas convertidas por partida. Melhor ainda é seu desempenho nos chutes de longa distância: 45.8%, terceiro melhor da Liga. Martin deixou ser o cestinha de um time ruim para ser peça-chave vindo do banco de um contender. Nada mal…
O terceiro jogador é o ala-armador Thabo Sefolosha. O atleta suíço continua sendo um dos melhores defensores de perímetro da NBA, mas vem melhorando seus números na parte ofensiva. Sefolosha tem ficado mais tempo em quadra nesta temporada em comparação com a última (28 minutos contra 22 em 2001/2012) e vem marcando mais pontos (7.1 contra 4.8). Além disso, ele vem arremessando mais e melhor, graças, em grande parte, aos passes de Westbrook e Durant. Em 2012/2013, são 5.6 arremessos por jogo e um aproveitamento de 45.7%. Na temporada passada foram 3.7 arremessos por jogo e um aproveitamento de 43.2%.
Sam Presti acertou novamente
Ao optar pela saída de Harden, que pediu um caminhão de dinheiro para estender o contrato com o Thunder, o gerente-geral Sam Presti demostrou porque é um dos melhores da Liga. A franquia preferiu dar uma generosa extensão de contrato ao ala-pivô congolês. Decisão mais do que acertada. Ao liberar Harden para não comprometer as finanças da equipe, Presti ainda concretizou uma excelente troca com o Houston Rockets. Kevin Martin, que tem contrato expirante, veio para ser “o cara” do banco de reservas. Além disso, a franquia obteve o novato Jeremy Lamb, outro jogador da posição 2, e que tem um grande potencial, e três futuras escolhas de draft (duas de primeira e uma de segunda rodada para 2013). Lembrem-se que foi Presti que recrutou Durant, Westbrook e Ibaka, além de Harden. O GM do Thunder é excelente quando se fala em draft.
Caminho para o título está pavimentado
Enfim, o Thunder percebeu que nem tudo estava perdido com a saída de Harden. A equipe comandada por Scott Brooks percebeu que não adianta ter a dupla Durant e Westbrook anotando mais de 60 pontos por jogo e que o time precisaria se adaptar à saída do barbudo. Para ser campeão, ele compreendeu que era preciso de algo novo: que o time passasse mais a bola, que fosse mais coletivo em quadra.
Claro que o talento da dupla citada é fundamental para o bom desempenho do Thunder, mas nesta temporada estamos notando que eles estão jogando mais relaxados, mais para a equipe. Acho que vocês vão concordar que o time de Oklahoma é um dos favoritos ao título. Se vai conquistá-lo é outra história. Mas que o caminho para o anel de campeão está sendo bem pavimentado, ah isso está.