Sem patriotismo exacerbado, por favor. Anderson Varejão poderia ser senegalês, sei lá, que só pelos números já poderia ser considerado para o Jogo das Estrelas. Mas ele é brasileiro e é aí que as coisas mudam de figura.
Mudam para alguns, que amam dizer que a grama do vizinho é melhor que a sua.
Porém, é inegável que Varejão está conquistando uma vaga entre as melhores surpresas da temporada 2012-13 e de quebra, já pode ser uma opção para o All Star game de 2013.
Com esses números? Claro que pode. Em 13 jogos, o camisa 17 possui médias de 14.1 pontos, 14.7 rebotes e 1.5 roubada. Em nove oportunidades, ele garantiu ao menos 15 rebotes. E é nisso que ele mais se destaca. Varejão é o líder da NBA no quesito. Ele é seguido por Zach Randolph, do Memphis Grizzlies, com 13.2.
E foi justamente contra Randolph e o espanhol Marc Gasol, que Varejão mostrou estar em um nível espetacular.
Ainda que o Cleveland Cavaliers tenha sido derrotado, o ala-pivô obteve 15 pontos e 22 rebotes diante de uma das duplas mais fortes da NBA tratando-se de garrafão.
Mas o medo de Varejão se machucar novamente, existe. Nas últimas duas temporadas, ele ficou de fora de 92 partidas (de possíveis 148) por conta de contusão. Aliás, o brasileiro jamais atuou nos 82 jogos em nove anos na liga. Isso também não acontecerá em 2012-13, pois já desfalcou o Cavs uma vez.
Conhecido pela sua cabeleira avantajada e pela sua raça, Varejão é um dos preferidos da torcida do time de Ohio. Agora ele está provando ser mais que isso.
O ano é muito bom. Ele já quebrou o seu recorde pessoal de pontos, rebotes e assistências. Anotou 35 pontos contra o Brooklyn Nets e pegou 23 rebotes e distribuiu nove passes decisivos diante do Washington Wizards.
Mas com quem Varejão brigaria para atuar no Jogo das Estrelas?
Supondo entre quatro e cinco vagas para jogadores de garrafão, entre eles podendo ser dois titulares. O problema é que no quinteto inicial, um deles deve ser um alinha, já que Carmelo Anthony e LeBron James poderão começar o jogo.
Então, sobram o pivô titular e dois, ou com sorte três lugares entre os 12. No ano passado, James e Anthony foram os titulares nas alas, com Dwight Howard de pivô, enquanto o banco contou com Roy Hibbert e Chris Bosh.
Howard foi para o Oeste, Hibbert não vem tão bem, e Bosh agora concorre pela vaga direta como pivô titular.
Al Horford e Josh Smith (Atlanta Hawks), Kevin Garnett (Boston Celtics), Joakim Noah (Chicago Bulls), Greg Monroe (Detroit Pistons), Roy Hibbert (Indiana Pacers), Tyson Chandler (New York Knicks), e Glen Davis (Orlando Magic), são os seus principais rivais.
Destes, Horford e Smith não estão bem o suficiente. Ao menos, eu esperava bem mais do segundo. Davis precisa ser mais consistente para brigar, enquanto Garnett está jogando menos tempo que nos anos anteriores. Hibbert começou mal, mas vem se recuperando.
Então, de cara, Noah e Monroe são aqueles que mais colocam o futuro de Varejão em um All Star game em cheque. Noah faz o seu melhor ano na carreira, com 13.4 pontos, 9.7 rebotes, 4.0 assistências, 1.5 roubada e 2.2 bloqueios. Já Monroe, está com 17.0 pontos, 9.5 rebotes, 3.7 assistências e 1.7 roubada. Continuando assim, esses dois podem colocar água no chopp do brasileiro.
Se eu quero ver Varejão lá? Claro que sim, até porque a tendência é popularizar ainda mais o basquete no Brasil. Isso já vem acontecendo desde a classificação para as Olimpíadas, e esse fato melhoraria um pouco o espaço perdido para o vôlei nas duas últimas décadas. Mas principalmente, quero que o jogador do Cleveland dispute o seu primeiro evento das estrelas pelo simples fato de estar jogando muito bem e com números de gente grande.
Se vai acontecer, não sei. Porém, vejo que há chances de ele seguir neste mesmo nível e aí sim, ter a esperança de concretizar esse sonho.
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