Há um ano, escrevi, aqui no Jumper Brasil, sobre o fim de uma ótima temporada do New York Knicks na NBA. Na época, expus a necessidade de trocar RJ Barrett, a possibilidade de buscar OG Anunoby e imaginei que viriam mudanças pontuais para a temporada 23/24. Pois bem, o Knicks se livrou de RJ Barrett pelo próprio Anunoby, além de ter realizado bons movimentos durante a temporada.
Se analisarmos friamente, o resultado foi o mesmo da temporada anterior: eliminação na semifinal da Conferência. No entanto, é importante tratar o contexto. A queda precoce não se deu por falta de qualidade, mas sim por uma extensa lista de lesões de jogadores importantes. Ainda que o senso comum atribua a culpa a Tom Thibodeau, é importante corrigir tal injustiça. A maior parte das lesões vieram de choques (Randle, Bogdanovic, Brunson, Robinson e Hart). Enquanto isso, só dois jogadores tiveram problemas musculares (Anunoby e Hartenstein).
Lesões impediram o Knicks de seguir em frente
O fato é que o Knicks teve azar, puramente. O núcleo principal teve pouquíssimos jogos juntos. Mitchell Robinson, pivô titular da franquia no início da temporada, passou por uma cirurgia no tornozelo ainda em dezembro, antes mesmo da troca por OG Anunoby. Ainda que tenha retornado no final da temporada regular, tendo um papel importante na série contra o Philadelphia 76ers, voltou a ter problemas no tornozelo.
Como resultado, ficou fora da série contra Indiana. Importante mencionar que, enquanto saudável, Robinson é o melhor reboteiro ofensivo da liga, além de ser um dos melhores defensores do elenco.
Não bastava ter perdido seu pivô titular na maior parte da campanha, a franquia perdeu seu segundo melhor jogador ainda na fase regular, Julius Randle. O ala-pivô, que fazia ótima temporada, se machucou em jogo contra o Miami Heat e não voltou a jogar esse ano, após cirurgia.
A lesão de Randle foi um duro golpe nas pretensões do Knicks, visto que ele tem um papel importantíssimo no funcionamento ofensivo da equipe. Ele é capaz de criar seu próprio arremesso, cria bons passes no post e, principalmente, é o responsável por desafogar o jogo das mãos de Jalen Brunson.
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Como vimos na pós-temporada, sem Randle, a bola ficava na mão de Brunson a maior parte do tempo. Enquanto isso, o trabalho das defesas adversárias era mais fácil. Tudo porque tornava previsível o ataque do Knicks. Mesmo com seus defeitos, Randle é o flexibilizador do ataque, além de ser importante pelo seu tamanho no lado defensivo. Na série contra o Pacers, vimos Pascal Siakam castigar Josh Hart em vários momentos, até pela diferença de tamanho.
Ainda no campo das lesões, o ala Bojan Bogdanovic, que chegou na trade deadline para ser um pontuador vindo do banco, passou por cirurgia no tornozelo. Assim como Randle, foi após choque, não muscular. Aconteceu diante de Nicolas Batum no jogo 3 contra o 76ers. Ainda que seu rendimento estivesse aquém do esperado, Bogdanovic seria importante nos playoffs, principalmente pela limitação numérica da rotação do Knicks.
O impacto impressionante de OG Anunoby
A chegada de OG Anunoby foi o divisor de águas da temporada para a equipe. Se antes a franquia estava brigando na zona de play-in, com ele o Knicks chegou no segundo lugar, mesmo com o ala sofrendo com variadas lesões em sua breve passagem na Big Apple.
Logo em sua chegada, ainda com Julius Randle saudável, o Knicks teve campanha de 12 vitórias em 14 jogos. Após a lesão de Randle, seu impacto seguiu impressionante: 20 vitórias em 23 jogos (!). A versatilidade defensiva de Anunoby é crucial para mascarar as deficiências de Brunson. Ele é o responsável por marcar o melhor jogador adversário sempre, além de possuir bons números ofensivos: 14.1 pontos, com 49% de aproveitamento nos arremessos, além de 39% de aproveitamento na bola de três.
O fato é que o britânico foi um ótimo movimento do Knicks, ainda pendente de extensão contratual. No entanto, imagino que isso não venha a ser um problema, já que, possivelmente, foi pré-acordado no momento da troca.
No entanto, nem tudo são flores. As lesões, presentes no período de Anunoby em Toronto, voltaram a se repetir em Nova Iorque. Por uma contusão no cotovelo, o ala perdeu mais de 20 jogos na temporada regular. Inicialmente, passou por um pequeno procedimento cirúrgico e, ao voltar, agravou a lesão, ficando de fora mais algumas partidas.
Mesmo com esse problema, retornou no final da temporada regular com o mesmo impacto. Na série contra o 76ers, um ótimo rendimento que ajudou o Knicks a passar em seis jogos. E, contra Indiana, vinha fazendo um ótimo início de série, até ter uma lesão muscular na coxa. Com ele, o Knicks ganhava a série por 2×0, sem ele, perdeu quatro de cinco jogos (ficou por menos de cinco minutos na sétima partida).
O Franchise Player: Jalen Brunson
Apenas para não passar batido, é preciso, mais uma vez, reverenciar a absurda temporada de Jalen Brunson. Convivendo com lesões de seus companheiros, Brunson carregou a franquia na temporada regular e nos playoffs. Após a lesão de Julius Randle, foi eleito o jogador da Conferência em março.
Na pós-temporada, um rendimento incrível, fazendo a franquia passar pelo 76ers de Joel Embiid. Nos últimos quatro jogos da série, uma média de 41.7 pontos (!). Brunson repetiu o ótimo rendimento contra o Indiana Pacers na semifinal do Leste. Porém, as lesões limitaram o astro. Além de conviver com problemas no pé, o armador saiu no terceiro quarto do jogo 7 com uma fratura na mão, sendo o último a entrar na interminável lista de lesionados da franquia.
O sucesso do New York Knicks nas próximas temporadas da NBA passa pelas mãos de Brunson, o armador já comprovou que está pronto para ser o líder do time. Se alguém possuía dúvidas sobre sua capacidade para ser o franchise player do Knicks, a campanha na pós-temporada foi suficiente para sanar todas elas.
Quais os próximos passos?
Com o decepcionante final da temporada (pelo contexto, não pelo rendimento), é necessário olhar, desde já, para a temporada 24-25. E, nesse sentido, importante mencionar que a offseason será de importantes decisões para o Knicks. Dentre os jogadores importantes da rotação, OG Anunoby e Isaiah Hartenstein serão agentes livres, além de já ter Randle e Brunson aptos para extensões contratuais.
O contrato de Bojan Bogdanovic, embora alto, é parcialmente garantido. Contudo, é possível imaginar o Knicks mantendo o jogador para usá-lo, posteriormente, em trocas, visando abater salários. Mitchell Robinson, na opinião deste que vos escreve o melhor pivô do elenco, deverá ser usado como moeda de troca, principalmente pela ausência de disponibilidade, já que possui longo histórico de lesões.
Mercado
O fato é que a rotação da equipe já é fortíssima e, se seguisse com o mesmo elenco, já seria suficiente para brigar por mando de quadra no leste. Mas, com a quantidade de escolhas de draft que a franquia possui nos próximos anos, combinado com bons contratos para trocas, é momento de atacar o mercado e garantir alguma peça para se tornar, definitivamente, um contender.
O mercado da NBA promete ser agitado para o New York Knicks, com nomes como Paul George e Donovan Mitchell, este via troca e aquele via agência livre (ou sign and trade), podendo estar disponíveis. Se Mitchell é o star power sempre desejado em Nova Iorque, Paul George, ainda que em baixa na carreira, é o complemento perfeito para o time de Thibodeau. Ele é um bom pontuador, versátil e capaz de defender múltiplas posições.
O fim da temporada deixa o mesmo gosto da anterior, de que o Knicks tem espaço para melhorias. Nos resta torcer de que Leon Rose faça, assim como vem fazendo, boas movimentações para melhorar o elenco e, desta vez, brigar ativamente pelo título.
*Por Julio Luizelli, torcedor do New York Knicks na NBA
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