A vitória do Miami Heat sobre o Boston Celtics na noite de quarta-feira deixou muitas coisas claras. Apesar de jogar fora de casa, o time da Flórida bateu Boston por 111 a 101. Só aí já seria uma surpresa, certo? Então, adicione aí que o Celtics teve 18 triunfos a mais que o Heat durante a temporada. Não é suficiente? Que tal as ausências de Jimmy Butler e Terry Rozier? No fim, todo mundo sabe: é a diferença clara entre quem comanda: Erik Spoelstra e Joe Mazzulla.
Não que o o técnico do Heat seja “um pouco melhor” que o do Celtics, como gostam de cravar por aí. Tem um abismo, tá? Miami entrou em quadra com Jaime Jaquez, Caleb Martin, Tyler Herro, Nikola Jovic e Bam Adebayo. O melhor reserva? Duncan Robinson. Enquanto isso, Boston tinha Jayson Tatum, Jaylen Brown, Kristaps Porzingis, Derrick White e Jrue Holiday, além de Al Horford vindo do banco.
Dito isso, as casas de apostas indicavam que o Celtics era favorito a vencer o Heat por 14 pontos.
Só no material humano em quadra, havia um desequilíbrio gigantesco, mas mesmo assim deu Miami. O motivo todo mundo já conhece: Erik Spoelstra é anos luz melhor que Joe Mazzulla. Fim. Não tem como argumentar de forma diferente.
Sim, o Heat acertou 23 cestas de três em 43 tentativas (53.5%), um aproveitamento que dificilmente vai acontecer de novo. Mas o do Celtics não foi ruim (37.5%) ao ponto de ser o grande problema do time.
Será?
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Vou pegar a previsão da série, quando escrevi sobre a diferença entre temporada e playoffs de 2022/23.
Ali, eu citei que o Heat pegou o Celtics de surpresa na última campanha, mas sem Jimmy Butler, a situação seria mais favorável a Boston. Afinal, quem assumiria a função de atacar? Depois, o fato de a equipe de Massachusetts adicionar Porzingis e Holiday, deixando o elenco ainda mais forte. Mas existia um problema: quando a bola de três não cai. Não era para esperar algo diferente de Joe Mazzulla.
Durante a temporada regular, o Celtics teve 42.5 tentativas de três, enquanto Miami arremessou 33.7 vezes. Só que nos playoffs, a coisa muda e o jogo equilibra por diversos fatores. Na série entre as equipes nos playoffs de 2022/23, Boston converteu somente 30.3% e Miami acertou 43.4%.
Claro que não foi tem uma diferença tão grande na série atual, mas em dois jogos, o Heat já supera com 43.8% contra 42% do Celtics. Miami está fazendo Boston provar do próprio veneno e com um detalhe a mais: a defesa zona atrapalha a pontuação dentro do garrafão.
Holiday é um cara que teve aproveitamento enorme nos cantos da quadra durante a fase regular, com 61.9%, mas era imaginado que Spoelstra tentasse tirar isso dele na série. Até aqui, 0-1 em uma tentativa bizarra no primeiro jogo.
Portanto, não é surpresa o que está acontecendo. É óbvio que o Celtics é amplo favorito a seguir em frente, mas… é bom ficar de olho.
Detalhes…
Primeiro, sobre Joe Mazzulla não tentar algo diferente. Mostramos, ao longo da temporada, que o caminho para bater o Celtics era tirar a eficiência desse arremesso. E o Heat foi o quinto melhor nesse quesito entre as 30 equipes. Então, se tem um time que pode atrapalhar Boston, é justamente Miami.
Depois, também na previsão, citei o fator Bam Adebayo na defesa. E o que aconteceu entre os jogos 1 e 2? Ajustes por parte de Erik Spoelstra. Aquela jogadinha que Porzingis faz na cabeça do garrafão, por exemplo, a defesa de Miami já tirou na segunda partida.
Não é só contestar o arremesso, pois Porzingis é um sujeito com quase 2,20 metros. Está em encurtar os espaços, trazer outros jogadores para incomodarem o pivô de Boston. Logo nas primeiras posses, é possível ver o letão tentando encontrar espaço ali, mas Jaquez o tira a chance, mesmo sem bola. Depois, Jovic o faz enquanto o astro do Celtics tem a posse.
O jogo físico de Miami fez com que Porzingis saísse de seu “lugar confortável”, forçando o atleta a arremessar a sua primeira no jogo com quase dois metros atrás da linha de três. Enquanto isso, Jovic, Herro e Martin arremessaram de três sem ninguém por perto. E acertaram.
Então, de um lado você tem uma defesa zona que faz um dos melhores jogadores de Boston a acertar apenas um arremesso em nove tentativas, fica muito mais difícil. Os ajustes de Erik Spoelstra só ali já fizeram com que Joe Mazzulla ficasse perdido.
E ficou o resto do jogo.
Jayson Tatum e Jaylen Brown
Enquanto Tatum esteve em quadra no primeiro período, o Celtics tinha vantagem sobre o Heat. Aliás, só ali ele anotou 14 pontos. Mas por conta de rotação, Mazzulla o retirou no momento em que ele estava “pegando fogo”. Era tão necessário assim?
Brown, por outro lado, começou devagar, mas anotou 11 pontos em pouco mais de um minuto para deixar Boston na liderança ao fim do primeiro tempo. Enquanto isso, Holiday, Porzingis e White eram discretos.
Mas na volta do intervalo, quando era o momento de utilizar ainda mais a dupla, Mazzulla sacou Tatum após o astro tentar apenas uma bandeja (e errar). Nisso, a diferença de Miami subiu de cinco para 12 quando o camisa 0 retornou (três minutos depois). A vantagem caiu para seis. Ele esfriou, mas White veio para o jogo no quarto período e o Celtics ainda competiu.
Só que Tatum e Brown lideraram Boston o jogo todo e no último quarto, eles tentaram (combinados) sete arremessos, além de seis lances livres (três acertos). Terminaram com 28 e 33 pontos respectivamente, mas ali era o momento em que eles deveriam ter mais a bola nas mãos.
Não aconteceu.
Tyler Herro, Bam Adebayo e Caleb Martin
Os três foram responsáveis por 66 dos 111 pontos de Miami no jogo, convertendo 23 das 38 tentativas (60.5% de aproveitamento). Enquanto o Celtics pode conviver com as pontuações de Herro e Adebayo, não dá para levar 21 de Martin.
Na primeira partida da série, Martin estava errando até o caminho dos vestiários. Sem confiança, ele teve momentos em que pensava demais para arremessar. Como resultado, o jogador errou as quatro tentativas de três.
Mas sei lá o que acontece com ele quando o assunto é playoffs contra o Celtics. Em 12 partidas que enfrentou a equipe de Boston na fase regular, Martin é outro cara. São 6.1 pontos com 31.3% de aproveitamento. Em pós-temporada? Salta para 13.4 pontos (15 jogos) e um aproveitamento de 48.6% de aproveitamento em três pontos.
Sobre Adebayo e Herro, é até normal, pois Butler está fora da série. Então, alguém precisa cuidar do ataque. Mas sabe o que Erik Spoelstra faz e Joe Mazzulla ainda não consegue entender?
É que sem referências, você até tem um ou outro aparecendo mais na pontuação, mas o que brilha é o conjunto.
Por que o Heat foi às finais do ano passado, mesmo sem Victor Oladipo (que vinha sendo importante) e Herro? Justamente pelo fato de Spoelstra fazer a equipe de Miami jogar como um grupo.
Mas o Heat é favorito?
Até que se prove o contrário, não. Celtics é muito favorito a seguir nos playoffs. Mas é bom esperar pelos dois jogos que vão acontecer em Miami. Agora, é aguardar por ajustes de Mazzulla. Se você é torcedor de Boston como eu, é bom ficar preocupado.
Que venha o terceiro jogo, no sábado.
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