A regra de 65 jogos para que jogadores estejam elegíveis aos prêmios da NBA, como o MVP, apenas oficializou algo que vinha acontecendo nas últimas décadas. Apesar de alguns atletas reclamarem publicamente, como Tyrese Haliburton e Draymond Green, é importante dizer que quase sempre foi assim. A diferença, entretanto, é que todo mundo agora sabe o que é necessário.
É óbvio que existem alguns casos raros nos últimos 40 anos, mas possuem explicações simples. Karl Malone, por exemplo, recebeu o prêmio máximo em 1999 após atuar em 49 partidas. No entanto, a NBA teve uma greve naquela temporada e apenas 50 jogos aconteceram, ao invés dos 82 que conhecemos. O mesmo se repetiu anos depois. LeBron James foi eleito pela terceira das quatro vezes na carreira com 62 embates em 2011/12. De novo, o mesmo motivo, mas aquela campanha teve 66 partidas.
Em 2019/20 e 2020/21, a NBA teve temporadas mais curtas do que o normal e Giannis Antetokounmpo foi MVP com 63 jogos (de 72 possíveis), mas a regra, então velada, prevaleceu. A partir da atual campanha, após decisão conjunta com a Associação de Jogadores, veio o número: 65 partidas. Portanto, o atleta precisa atuar em 79.3% dos embates para concorrer aos prêmios.
Para ter uma ideia, a última vez que um jogador recebeu o MVP com um percentual abaixo disso foi em 1977/78, quando Bill Walton ficou com o prêmio máximo para um atleta da NBA. Ou seja, precisamos voltar 46 anos para encontrar algo similar. Walton atuou em 58 partidas naquela campanha.
Antes de Walton? Ninguém.
Bob Cousy foi MVP em 1956/57 com 64 jogos, mas a regra da NBA era diferente e, acima de tudo, cada time atuava 72 vezes. Ou seja, ele também está dentro do parâmetro de 79.3%.
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Agora, em 2023/24, Joel Embiid provavelmente vai perder o MVP da NBA por conta da regra de jogos. Apesar de ele liderar a última edição da Corrida para o MVP, que a liga divulga toda sexta-feira, o camaronês sofreu uma contusão séria no menisco e deve ficar fora de algumas partidas. Aliás, ele corre o risco de se ausentar por um período bem longo, caso seja necessário passar por cirurgia.
Sim, Embiid faz uma temporada para receber o bi, mas ele não vai conseguir atingir o mínimo que a regra pede. Aliás, como você percebeu, é algo que a NBA exige e só tem um caso fora da curva em sua história de quase 80 anos.
E sabendo que a liga pouco mudava suas regras até poucos anos, é apenas natural que outros jogadores não tenham recebido o prêmio com um mínimo de partidas. Agora, a NBA apenas oficializou a coisa toda, deixando tudo de forma mais clara.
Além disso, os outros prêmios vão entrar na mesma regra. Até então, “passavam um pano” para isso em outras categorias. Na última temporada, por exemplo, Jaren Jackson Jr foi eleito o melhor defensor com 63 jogos. O mesmo aconteceu com Rudy Gobert em 2017/18 (56 partidas) e Kawhi Leonard em 2014/15 (64).
Ja Morant, por exemplo, recebeu um dos prêmios mais estranhos da NBA em sua história. Apesar de ele ser um All-Star e uma realidade, ele venceu o de jogador que mais evoluiu em 2021/22. Além disso, ele fez apenas 57 jogos. Como resultado, Morant entregou o troféu ao colega Desmond Bane. Antes disso, ninguém mais recebeu abaixo do mínimo de partidas que a regra velada pedia.
Outros casos
A temporada 2020/21 foi mais curta (72 jogos), mas o mínimo seria em torno de 58. No entanto, LaMelo Ball foi eleito o melhor calouro daquela campanha com 51. Mas o prêmio teve casos similares de várias décadas.
Terry Dischinger, do Chicago Zephyrs (hoje, Washington Wizards), venceu com 57 de possíveis 80 jogos. Depois, em 2006/07, Brandon Roy foi eleito com os mesmos 57, mas em 82 possíveis.
Bobby Jackson foi o melhor reserva de 2002/03 com apenas 59 jogos, mas é o único caso na categoria com menos de 79.3% de presença.
Portanto, a partir da atual temporada, o mínimo é de 65 partidas, seja para qual premiação for.
É justo?
Bem, depende.
Se você considerar que são apenas casos raros (nove no total, incluindo todos os prêmios na história), sim. Com certeza.
Mas isso mexe com o bolso de jogadores, né? Há algum tempo, eles recebem bônus por diversas metas. Julius Randle, por exemplo, vai receber US$1.3 milhão a mais em seu contrato por ser eleito para o All-Star Game. Em contrapartida, Domantas Sabonis deixou de ganhar o mesmo valor por não fazer parte.
Então, se pensar por esse lado, alguns prêmios acabam ativando automaticamente tais bônus.
Mas o fato é que, agora, ninguém precisa mais ficar pensando que Fulano perdeu prêmio apenas por critérios subjetivos. Tem uma meta, o que deixa tudo mais claro.
Por que tem a regra?
Antes de tudo, dinheiro. É o que importa. A NBA não quer perder receita por conta do load management. Ou seja, jogadores poupados de forma arbitrária. Mas a própria liga soltou um comunicado após estudos comprovando que poupar atletas não os previne de lesões. A NBA mirava em Paul George e Kawhi Leonard, mas acertou Joel Embiid.
E se você pensar que há dez anos coisas parecidas raramente aconteciam. Bem, a não ser que você seja Gregg Popovich e poupa todo o time titular em cima da hora de um jogo que vai passar para a TV em rede nacional. Pop fez isso em uma partida que passaria na TNT americana, sacando Tim Duncan, Manu Ginobili, Tony Parker contra o Miami Heat de LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh.
Levou uma multa por isso.
Agora, é assim. Se o jogador não aparece na lista de contusões antes de um horário mínimo, o time recebe a penalização. Por um caso envolvendo Joel Embiid contra o Denver Nuggets, o Philadelphia 76ers terá de pagar US$75 mil. O Sixers não incluiu o pivô, ele não entrou em quadra e recebeu a multa.
Justo ou injusto, o que a NBA quer é transparência, especialmente com o torcedor que vai ao ginásio achando que jogador X vai atuar e se frustra.
Há alguns anos, isso aconteceu envolvendo um jovem brasileiro que queria ver Dirk Nowitzki em ação. No dia, o alemão foi poupado. Um ano depois, ele teve a chance de não só ver um jogo de Nowitzki, como entrar em quadra, tirar foto com ele e ainda fazer alguns arremessos.
É por isso, também, que a NBA quer seus astros em quadra.
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