Charlotte Bobcats, o pior time da história da NBA

Entenda os motivos do fiasco e saiba quais são as perspectivas para a franquia de Michael Jordan O Charlotte Bobcats desta temporada é o pior time da NBA em todos os tempos. A equipe de North Carolina venceu míseros sete jogos, em 66 disputados. Um aproveitamento ridículo de 10.6%. Quebrou a marca do Philadelphia 76ers, que, […]

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Entenda os motivos do fiasco e saiba quais são as perspectivas para a franquia de Michael Jordan

O Charlotte Bobcats desta temporada é o pior time da NBA em todos os tempos. A equipe de North Carolina venceu míseros sete jogos, em 66 disputados. Um aproveitamento ridículo de 10.6%. Quebrou a marca do Philadelphia 76ers, que, em 1972/1973, venceu nove jogos em 82 disputados (aproveitamento de 11%). Neste artigo, vou analisar a trajetória do Bobcats nos últimos dois anos, que culminou nessa campanha catastrófica, e apresentar um panorama para as próximas temporadas.

O início da era Jordan e a classificação inédita para os playoffs

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Michael Jordan, maior jogador de basquete da história e dono do Bobcats, conseguiu uma marca incrível. Como jogador, ajudou o Chicago Bulls a fazer a melhor campanha de uma equipe em uma temporada regular da NBA. Em 1995/1996, o Bulls ganhou 72 partidas, em 82 disputadas. Agora, como cartola, sua franquia alcançou o pior recorde de vitórias na história da Liga. Jordan está vivenciando os dois lados da moeda. Ele tem culpa pela má campanha do time de Charlotte, mas não é o único.

Em março de 2010, Jordan comprou o Bobcats e se tornou o primeiro ex-jogador a ser dono de uma franquia na NBA. Vale lembrar que ele já era sócio-minoritário desde 2006. Logo na sua chegada, MJ mostrou estrela. O time de Charlotte, fundado em 2004, alcançou sua primeira classificação para os playoffs. A equipe treinada por Larry Brown, e que tinha em seu elenco Gerald Wallace, Stephen Jackson, Raymond Felton, Boris Diaw e Tyson Chandler, entre outros, fez a sétima melhor campanha da conferência Leste, com 44 vitórias e 38 derrotas. Caiu na primeira rodada, em uma série de quatro jogos contra o Orlando Magic. Essa derrota não apagou o feito do Bobcats. A expectativa era de que o time de Charlotte alcançasse os playoffs novamente na temporada seguinte.

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A sequência de erros do GM Rod Higgins

As coisas começaram a se complicar na offseason, em julho de 2010. Felton se tornou agente livre e assinou com o New York Knicks. Perda considerável para o elenco. Com isso, o jovem D.J. Augustin assumiria a armação da equipe. Ainda em julho, o Bobcats cometeu um grande erro ao acertar uma extensão contratual com o jovem e problemático Tyrus Thomas, que havia chegado à equipe na temporada anterior, após uma troca com o Bulls. O valor? Quarenta milhões de dólares por cinco anos. É muita grana desperdiçada…

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Em agosto de 2010, o gerente-geral Rod Higgins também fechou uma troca com o Dallas Mavericks. Eduardo Najera, Matt Carroll e Eric Dampier foram para o Bobcats. Já Tyson Chandler e o jovem Alexis Ajinca fizeram o caminho inverso. Não foi um bom negócio para a franquia de North Carolina. Najera e Carroll são dois jogadores nulos, cujos contratos expiram apenas em 2012 e 2013, respectivamente. Dampier só entrou na negociação para que os salários batessem, tanto que foi dispensado sem fazer um jogo sequer com a camisa do Bobcats. Em agosto daquele ano, o time de Charlotte contratou o limitado Kwame Brown. Ah, em 2010/2011, Chandler ajudou o Mavs a se sagrar campeão pela primeira vez na NBA…

Em dezembro do mesmo ano, o técnico Larry Brown foi demitido, após um fraco início de temporada (nove vitórias e 19 derrotas). Brown comandava o Bobcats desde 2008 e havia sido fundamental para o crescimento do time. Em seu lugar assumiu outro treinador veterano, Paul Silas. A equipe, mais fraca em relação à temporada anterior, fez mais duas trocas, em fevereiro de 2011. Nazr Mohammed foi para o Oklahoma City Thunder. Em contrapartida, o Bobcats recebeu D.J. White e Morris Peterson (dispensado quatro dias após a troca). A outra negociação foi com o Portland Trail Blazers. A franquia de Charlotte trocou Gerald Wallace, um dos principais jogadores do time, e recebeu os inexpressivos Sean Marks, Dante Cunningham e Joel Przybilla, além de duas escolhas de primeira rodada dos drafts de 2011 e 2013. O Bobcats terminou a temporada com 34 vitórias e 48 derrotas, e fora dos playoffs.

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Rich Cho assume a gerência-geral da franquia

Higgins deixou o cargo de GM em junho daquele ano. Ele foi promovido a presidente de Operações de Basquete. Em seu lugar assumiu Rich Cho, ex-GM do Blazers, o mesmo que conseguiu fechar a troca que envolveu a ida de Wallace para o time de Portland. Ironia do destino… A primeira missão de Cho era no draft. No dia do recrutamento (23 de junho), a franquia adquiriu o ala Corey Maggette para melhorar sua performance ofensiva. Na troca tripla fechada com Milwaukee Bucks e Sacramento Kings, o Bobcats ainda recebeu duas escolhas de loteria (uma de cada time). Em contrapartida, cedeu o armador Shaun Livingston, o ala Stephen Jackson e uma escolha de primeira rodada para o Bucks.

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Bismack Biyombo, Rich Cho e Kemba Walker (AP Photo/Chuck Burton)

Bismack Biyombo, Rich Cho e Kemba Walker (AP Photo/Chuck Burton)

Com as duas picks, o Bobcats apostou em Bismack Biyombo (sétima escolha, adquirida em uma troca que envolveu Sacramento Kings e Milwaukee Bucks) e Kemba Walker (nona escolha). O pivô congolês, especialista na defesa, mostrou que ainda está muito cru para jogar na NBA, o que já era esperado. Já o armador foi o terceiro cestinha do Bobcats na temporada. Pode ajudar e muito o time no futuro, mas não é aquele jogador para ser a estrela da companhia. Walker tem toda a pinta que vai ser mesmo um sexto jogador na Liga.

Outro movimento feito por Cho foi a aquisição do pivô Byron Mullens junto ao Oklahoma City Thunder. Para contar com o jogador, o Bobcats abriu mão de uma escolha de segunda rodada do draft de 2013. Uma pechincha. Mullens até que não foi mal nos 65 jogos que disputou na temporada. Médias de 9.3 pontos e 5.0 rebotes. Não é aquela Brastemp, mas mostrou que pode ter espaço na rotação de um time da NBA.

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A aposta em Maggette, como muitos esperavam, foi infeliz. O jogador, que tem o maior contrato da equipe (ele ainda vai receber mais 11 milhões de dólares na próxima temporada), enfrentou muitas lesões e atuou em apenas 32 jogos. O Bobcats é tão limitado no ataque que um jogador conhecido por ser um bom defensor do perímetro – Gerald Henderson – foi o cestinha da equipe na temporada. As médias dele foram de 15.1 pontos.

Diaw x Silas

Durante a temporada, a relação entre o ala-pivô francês Boris Diaw e o técnico Paul Silas foi se deteriorando. Era nítida a insatisfação e a falta de motivação do jogador em Charlotte. E o treinador não perdoava a falta de esforço de seu comandado e sempre fazia queixas do comportamento do francês. No dia 21 de março, Diaw (que tinha contrato expirante) finalmente foi dispensado. Hoje ele defende o San Antonio Spurs e pode ser campeão da NBA ao final da temporada. Nesta segunda-feira, dia 30 de abril, foi anunciada a saída de Silas do comando do Bobcats. Nada mais natural depois de uma campanha dessas…

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Números do pior time da história da NBA

Além da marca histórica de derrotas, vale destacar o tanto que o time de Charlotte foi ruim nesta temporada. Vamos às estatísticas:

– Pior ataque (anotou, em média, 87.0 pontos)
– Quarta pior defesa (levou, em média, 100.9 pontos)
– Pior aproveitamento nos arremessos de quadra (41.4%)
– Pior aproveitamento nas bolas de três pontos (29.5%)
– Segundo pior time em rebotes (39.0 por jogo)
– Segundo pior time em roubadas de bola (6.0 por jogo)
– Perdeu as últimas 23 partidas da temporada regular
– Em apenas sete jogos conseguiu anotar 100 pontos ou mais
– Em 16 partidas anotou menos de 70 pontos
– Sofreu 37 derrotas por mais de dez pontos

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Essa foto representa bem o que foi a temporada do Bobcats

Esta foto representa bem o que foi a temporada do Bobcats

Folha salarial do Charlotte Bobcats em 2012/2013

D.J. Augustin: 4,4 milhões de dólares (oferta qualificatória)
Kemba Walker: 2,5 milhões de dólares
Corey Maggette: 10,924 milhões de dólares (expirante)
Reggie Williams: 2,5 milhões de dólares
Gerald Henderson: 3,1 milhões de dólares
Tyrus Thomas: 8 milhões de dólares (26 milhões de dólares até 2015)
D.J. White: 3 milhões de dólares (oferta qualificatória)
DeSagana Diop: 7,3 milhões de dólares (player option)
Matt Carroll: 3,5 milhões de dólares (player option)
Bismack Biyombo: 3 milhões de dólares
Byron Mullens: 2,2 milhões de dólares

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Perspectivas

A torcida do Bobcats vai precisar de muita paciência para ver novamente um time competitivo em quadra. Já direção da franquia vai ter que ser mais inteligente no draft e na remontagem do elenco. O time tem 50,5 milhões de dólares comprometidos na folha salarial para 2012/2013, ou seja, terá cerca de 8 milhões de dólares para se reforçar. Mas qual agente livre vai se sentir atraído a se transferir para o Bobcats? Se anistiar o problemático Tyrus Thomas (como eu espero que faça), a equipe de Charlotte vai ter mais 8 milhões de dólares disponíveis na folha salarial.

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Vocês viram acima quais jogadores estarão sob contrato na próxima temporada. Perceberam que o elenco será praticamente o mesmo do fiasco de 2011/2012? Pois é, complicado… A verdade é que esse time não é nada talentoso. É muito jogador mediano e alguns medíocres atuando juntos. Além de anistiar Thomas, eu tentaria trocar o expirante de Corey Maggette por um jogador que não seja “chinelinho”, por escolha de draft (de preferência), por qualquer coisa.

O pontapé inicial para que o Bobcats tenha dias melhores será dado no próximo dia 21 de maio, quando será realizada a loteria do draft. O time tem 25% de chances de  abocanhar a primeira escolha do próximo recrutamento, mais do que qualquer outra equipe da Liga. Anthony Davis é o sonho de consumo de Jordan e Cho. O pivô de Kentucky é o jogador mais talentoso do draft e seria o pilar do Bobcats para os próximos anos. Será uma frustração imensa se a franquia não vencer a loteria. Vale dizer que a equipe ainda terá uma escolha (alta) de segunda rodada em 2012.

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Enfim, não há muito segredo para a reconstrução do elenco. O time precisa se livrar dos jogadores que ganham muito e jogam pouco (Thomas e Maggette), ter sorte na loteria deste ano e competência nos próximos drafts, além de contratar um técnico que trabalhe bem com jogadores jovens. Sugestão? Nate McMillan, ex-técnico do  Portland Trail Blazers. O trabalho vai ser de médio e longo prazo. Não espere ver o Bobcats chegar aos playoffs nos próximos dois anos. Paciência…

No mês passado, saiu a notícia de que, se os vexames continuarem e a franquia continuar perdendo dinheiro nos próximos três, quatro anos, Jordan venderia o Bobcats. O maior jogador de basquete de todos os tempos negou veemente a informação. Ele disse que está 100% comprometido em construir um time competitivo e que não pensa em vender a franquia.

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Será que Jordan vai conseguir montar um Bobcats vencedor? Esse vai ser seu maior desafio no basquete, mais do que em qualquer temporada como jogador. Vocês duvidam do cartola Michael Jordan?

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