A histórica carreira de Carmelo Anthony na NBA

Um dos maiores cestinhas da história da liga, Melo anunciou aposentadoria

Carreira Carmelo Anthony NBA Fonte: Maddie Meyer / AFP

Nessa última terça-feira (22), Carmelo Anthony, por meio de suas redes sociais, anunciou o término de sua histórica carreira na NBA. A decisão de Melo em se aposentar, ainda que surpreendente pela falta de rumores sobre, não deixa de ser previsível. Já com 38 anos e 19 temporadas disputadas, Carmelo vinha de um ano sem entrar nas quadras da NBA. Ele estava fora após não assinar com nenhuma franquia após a sua passagem pelo Los Angeles Lakers, na temporada 2021/22.

Com tamanha carreira, é uma pena que Carmelo Anthony não tenha se aposentado da NBA dentro das quadras. Conforme escrevi aqui no Jumper em outro momento, Melo ainda tinha condições de contribuir, visto que seu rendimento no Lakers foi sólido. Contudo, as oportunidades, aparentemente, não surgiram. O ala, em entrevista no início do ano, comentou que estava em paz com isso, sabendo que um retorno à liga não dependia somente dele.

Dito isto, iremos discorrer sobre a carreira de Carmelo Anthony.

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O início em Denver

Dia 26 de junho de 2003. Em um dos drafts mais talentosos da história da NBA, o Denver Nuggets selecionou Carmelo Anthony, ala de Syracuse. A passagem de Melo pelo basquete universitário foi histórica: levou Syracuse ao seu primeiro e único título da NCAA. Lá, ele ganhou o prêmio de jogador mais destacado do final four e teve seu número, 15, aposentado pela universidade. Uma passagem pela NCAA como essa fez gerar muita expectativa em cima de Carmelo. Como resultado, ele foi escolhido a frente de prospectos como Dwyane Wade e Chris Bosh.

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A chegada de Carmelo em Denver tirou a franquia do ostracismo. O Nuggets vinha de oito temporadas com campanhas negativas e sem participar dos playoffs. Então, foi algo que mudou drasticamente no período em que Anthony esteve em Denver. A temporada de calouro do ala foi ótima, fazendo com que o Nuggets voltasse à pós-temporada depois de muitos anos.

Convém mencionar que na temporada anterior a franquia teve, junto do Cleveland Cavaliers, a pior campanha da NBA. Foram apenas 17 vitórias em 82 jogos. As médias de 21 pontos e seis rebotes fizeram com que Carmelo ganhasse o prêmio de calouro do mês. Foi assim em todos os meses da temporada, mas não o prêmio de calouro do ano.

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Que LeBron James é o melhor jogador da classe de 2003 não há dúvida alguma. Mas Carmelo merecia, ao menos, o prêmio de co-ROY (algo que a NBA já fez em outras oportunidades). As médias de ambos foram similares, com exceção à superioridade de James nas assistências. Entretanto, Anthony levou Denver a ter campanha positiva (43 vitórias e 39 derrotas).

Assim, jogou os os playoffs em uma conferência mais difícil, enquanto o Cavs de LeBron ficou de fora da pós-temporada e com campanha negativa. Aliás, a Conferência Leste teve dois times, New York Knicks e Boston Celtics, indo aos playoffs com campanha negativa.

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No decorrer de sua carreira em Denver, Carmelo Anthony não ficou de fora da pós-temporada da NBA nenhuma vez. Contudo, só passou da primeira rodada em uma dessas oportunidades. Mesmo que se esperasse mais do time e do ala, é fato que o Nuggets nunca montou times com para disputar o título da NBA em seu período por lá.

As limitações impostas por um mercado pequeno dificultam na aquisição de bons jogadores na agência livre, por exemplo. As melhores aquisições, ou mais impactantes, foram feitas via troca, como Allen Iverson e Chauncey Billups.

A parceria com Iverson e a chegada de Billups

Dois cestinhas de altíssimo nível e refino técnico, a dupla Melo e Iverson foi um fenômeno de highlights. Mas nem tudo são flores. Os problemas de encaixe do coletivo persistiram durante todo tempo que o armador esteve lá. Assim como as dificuldades defensivas e os ataques previsíveis pelos excessos de isolations de Melo e AI.

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Aquilo resultou em duas eliminações precoces nos playoffs. E teve, ainda, uma varrida para o Los Angeles Lakers após uma temporada regular de 50 vitórias por parte de Denver. Aliás, a Conferência Oeste foi tão competitiva nessa temporada que todos os classificados tiveram 50 triunfos ou mais.

Após a varrida para o Lakers, Iverson jogou só mais três jogos pelo Denver Nuggets. Então, logo no início da temporada seguinte, ele foi trocado para o Detroit Pistons. Enquanto isso, chegou o armador Chauncey Billups em 2008. A temporada 2008/09 foi o ápice de Carmelo Anthony em Denver.

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Billups

A franquia chegou a 54 vitórias na temporada regular, resultando no segundo lugar no Oeste. Então, nos playoffs, Denver finalmente passou da primeira rodada. Perdeu na final de Conferência para o Los Angeles Lakers de Kobe Bryant. Esta foi a primeira e única decisão de Conferência que Carmelo Anthony jogou em sua carreira na NBA. A derrota em seis jogos foi justa. O time do Lakers era melhor. Tinha Phil Jackson, o maior técnico da história na visão deste que vos escreve, e o seu craque, Kobe, vivia um grande momento.

O fato é que Billups ajudou muito no jogo de Carmelo. Ao lado dele, Melo teve estatísticas eficientes tanto na temporada regular quanto na pós-temporada. Nos playoffs, Anthony teve 27 pontos de média com 45% de aproveitamento nos arremessos.

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Os últimos momentos em Denver

A temporada 2009/10 foi a última completa de Carmelo em Denver. A equipe repetiu o bom rendimento na temporada regular e, mais uma vez, caiu na primeira rodada, dessa vez para o Utah Jazz. Essa foi uma tônica da passagem dele pelo Nuggets: um time competitivo, com ótimos role players, mas que na “hora H” precisava de mais protagonistas. Allen Iverson, já mencionando anteriormente, foi quem chegou mais perto de ser esse parceiro para Carmelo. Mas ele já se encontrava numa linha descendente na carreira, apesar de bons números ofensivos em Denver.

Na temporada 2010/11, após meses de especulações, então, veio a saída. Carmelo Anthony foi negociado com o New York Knicks em uma das maiores trocas da história da liga. A negociação, então, envolveu mais de dez jogadores e três times. Na época, o ala não quis assinar uma extensão contratual com a equipe de Denver e pediu para sair. Carmelo afirmou, em 2021, que nunca quis sair do Nuggets. Mas que a decisão da direção em partir para uma reconstrução dois anos após chegar em uma final de Conferência o fez tomar essa decisão.

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A saída de Carmelo Anthony do Denver Nuggets desgastou e sua imagem com torcedores e poderia atrapalhar sua carreira na NBA. No entanto, é possível enxergar os bons momentos vividos pelo ala em Denver. Carmelo colocou a franquia nos holofotes e trouxe a competitividade de volta a Denver. Mas era algo que carecia de regularidade desde o final da passagem de Alex English. Infelizmente, a passagem não rendeu o primeiro título da história da franquia.

A estrela que o Knicks precisava

A chegada de Anthony em Nova York preencheu um vácuo presente desde a saída de Patrick Ewing. Nascido na cidade, ele não hesitou em aceitar o desafio de ser um Knick. Ser a maior estrela do maior mercado da liga é um desafio que nem todos grandes jogadores aceitam. LeBron James e Kevin Durant são dois bons exemplos de jogadores que não quiseram lidar com tal pressão da mídia nova-iorquina.

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A passagem do jogador pelo Knicks foi de altos e baixos e um desperdício dos últimos anos do ala no mais alto nível. As inúmeras decisões erradas tomadas pela direção tiraram dele a chance de brigar por coisas maiores. O período de maior empolgação dos fãs com a franquia nesse século não chegou ao tão sonhado fim do jejum. Ainda que tivesse essa possibilidade, se as peças certas fossem colocadas ao lado de Carmelo, claro.

A mudança de patamar do Knicks foi imediata, algo similar ao que ocorreu em Denver. Após seis temporadas sem ir aos playoffs, a franquia do Madison Square Garden emplacou três idas seguidas aos playoffs sob sua batuta. A primeira experiência de Knicks e Anthony acabou em uma varrida do Boston Celtics, algo esperado ao comparar os times.

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Volta aos playoffs

Essa série se mostrou uma tônica de vários momentos do período do ala em Nova York. Foram ótimas atuações, mas que não se tornaram vitórias pela falta de bons companheiros ao lado.

No segundo jogo da série, em Boston, Carmelo teve 42 pontos, 17 rebotes e seis assistências. O Knicks, ainda assim, perdeu o jogo. Amar’e Stoudemire se lesionou durante a partida. Então, os jogadores do Knicks com mais minutos, além de Melo, foram Toney Douglas, Bill Walker, Jared Jeffries e Shawne Williams (aposto que vocês nunca ouviram falar deles).

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Não é que ele seja isento de culpa. Mas seus defeitos defensivos e a estagnação que muitas vezes gerou para o ataque do seu time são pontos que ele deveria ter melhorado. Mas é impossível ser campeão jogando sozinho na NBA. Nas oportunidades em que teve ajuda, Anthony produziu bastante e chegou mais além. Assim como nos casos do Nuggets de 2009/10 e o Knicks de 2012/13, que falaremos adiante.

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A temporada 2011/12 do Knicks foi marcada por períodos sem as duas estrelas da franquia à época: Carmelo Anthony e Amar’e Stoudemire. Enquanto Melo perdeu dez jogos, Amar’e perdeu 18, sendo algo pior em uma temporada reduzida, que teve somente 66 partidas. Os problemas da temporada resultaram num sétimo lugar na regular e um embate com o poderoso Miami Heat logo na primeira rodada. O Heat levou a série em cinco jogos, com o astro fazendo 41 pontos no quarto jogo. Então, aquela foi a primeira vitória do Knicks em playoffs desde 2001.

A melhor temporada de Carmelo Anthony na carreira pela NBA

E chegamos em 2012/13, certamente a melhor de Carmelo Anthony no Knicks e, possivelmente, a melhor da carreira na NBA. Os 28.7 pontos por jogo deram à Melo o prêmio de cestinha da temporada, além de ter ficado em terceiro na lista de MVP. O Knicks chegou a 54 vitórias na temporada (a única vez que ultrapassou a marca de 50 vitórias nesse século) e ficou em segundo lugar na conferência. Além de ter vencer a Divisão Atlântico pela primeira vez desde 1993/94, um marco.

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Na pós-temporada, o Knicks eliminou o Celtics em seis jogos, assinando o fim da era de Paul Pierce e Kevin Garnett em Boston. Na semifinal do Leste, o time não conseguiu passar pelo Indiana Pacers. Aaquela foi a última série de playoffs de Anthony na franquia. A expectativa era de que o Knicks passasse pela equipe de Indiana. Mas os problemas físicos de Tyson Chandler e o péssimo rendimento de JR Smith dificultaram a vida do Knicks. Então, acabou perdendo em seis jogos.

Portanto, após a queda na semifinal do Leste, o correto seria colocar um bom time ao redor de Carmelo para seguir competindo, né? Mas, como sabemos, dificilmente o Knicks costuma fazer o certo. Algumas peças importantes dos anos anteriores começaram a sofrer com lesões e a direção não foi capaz de fazer bons movimentos no mercado. Mas ainda tinha o contrato de Amar’e Stoudemire, um erro gigantesco do Knicks, ainda atrapalhava qualquer movimento.

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Ainda assim, nada se compara com a troca por Andrea Bargnani. Mas é que o italiano perdeu diversos jogos por lesão nos seus dois anos em Nova York e, quando esteve em quadra, em pouco ajudou a franquia.

A contraditória renovação com o Knicks

Individualmente falando, podemos considerar a temporada 2013/14 como a última do auge de Carmelo Anthony. Mas é que ele teve quase 28 pontos de média e o recorde da carreira em rebotes, com oito de média. Além de ter tido a maior média de minutos jogados na NBA na temporada. No meio de tudo isso, a histórica atuação de 62 pontos, recorde da carreira, do Knicks e do Madison Square Garden.

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No final da temporada o ala entrou na agência livre e acabou assinando novamente com o Knicks. Mas é uma decisão que deve se arrepender até hoje. Vale lembrar que Anthony esteve muito próximo de assinar com o Bulls, que tinha um ótimo time centrado em Derrick Rose e Joakim Noah. Então, a ida dele ao time de Chicago tornaria o Bulls um fortíssimo candidato ao título. Além de ser, de longe, o time mais qualificado que Carmelo já teria jogado até o referido período.

As últimas três temporadas de Anthony no Knicks foram marcadas pelas péssimas escolhas da franquia. Mas, ainda, na incrível incapacidade do front office em formar um bom time ao redor da sua estrela. Apesar de já não estar no auge, o atleta ainda entregava um bom nível ofensivo, inclusive distribuindo mais a bola.

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Período com Phil Jackson

Foi como ocorreu na temporada de calouro de Kristaps Porzingis. Aliás, os últimos anos de Carmelo no Knicks coincidem com o período de Phil Jackson como presidente da franquia. O Zen Master é o maior treinador da história da NBA, mas como dirigente fez um fraco trabalho em NY.

A insistência no triângulo ofensivo não rendeu bons frutos. Mas foi muito pela recusa de Anthony em aderir ao sistema que foi marcante na história da NBA com Michael Jordan. Como resultado, a relação entre Jackson e Anthony nunca pareceu ser das melhores. Enquanto isso, o dirigente também teve problemas com Porzingis. Depois, fez movimentos, no mínimo, duvidosos, como o péssimo contrato de quatro anos dado à Joakim Noah. E logo na segunda temporada em Nova York, já não pisava em quadra.

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O resumo de Anthony no Knicks é uma montanha russa que começa na empolgação e termina na frustração. Mas muito mais pela incapacidade da franquia do que qualquer outra coisa. O melhor resultado esportivo da franquia nos últimos 20 anos foi capitaneado por Melo em 2012/13.

Então, nas suas quase sete temporadas em NY, Carmelo jogou com 76 (!) companheiros diferentes e teve cinco treinadores. Ou seja, o Knicks não conseguiu aproveitar o melhor jogador que ali passou nesse século. Foi a única estrela que abraçou a franquia mais valiosa da liga nos tempos mais recentes, mas sem foco.

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A decepcionante passagem pelo Thunder

O melancólico fim de passagem no Knicks resultou numa troca para o Oklahoma City Thunder. Sua nova equipe visava voltar ao patamar de candidato a título. Então, a franquia não mediu esforços e, além de Carmelo, trouxe Paul George. E verdade seja dita: aquele time tinha muito potencial de chegar longe.

O rendimento era muito bom, mas tudo acabou com a gravíssima lesão de Andre Roberson. O ala-armador era a âncora defensiva da equipe e encobria as falhas defensivas de Russell Westbrook e Carmelo Anthony. Até a contusão de Roberson, o Thunder havia feito ótimos embates com as melhores franquias da liga. Ah, e venceu times como Golden State Warriors, Houston Rockets e Cleveland Cavaliers, por exemplo.

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A temporada foi uma das piores da carreira de Carmelo Anthony na NBA. A significativa mudança de sair de primeira opção ofensiva para ser a terceira em Oklahoma foi complicada para o ala-pivô (de OKC em diante, Carmelo passou a jogar nessa posição). E houve dificuldade em se ajustar durante todo tempo.

O fato é que Melo sempre foi um scorer de volume, que precisa de toques e arremessos para entrar no jogo. A partir do momento que recebeu menos a bola do que costumava, a sua adaptação passa a ser mais complicada. A dificuldade nessa transição ficou explícita nos números: foi o pior aproveitamento de arremessos da carreira de Carmelo Anthony na NBA, com míseros 40%.

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Impacto de Roberson

Para termos noção do impacto da lesão de Andre Roberson, o Thunder tinha uma campanha de 29 vitórias e 20 derrotas. Depois, a equipe venceu 18 vitórias dos últimos 32. Então, no fim das contas, conseguiu atingir 48-34, o que foi mais que suficiente para ir aos playoffs. Mas acabou em uma derrota na primeira rodada, uma tônica da carreira de Carmelo, para o Utah Jazz.

Carmelo Anthony fez a pior pós-temporada da carreira na NBA, com uma média baixíssima de 11 pontos, além de aproveitamento de 37% dos arremessos. As dificuldades defensivas da equipe, as péssimas tomadas de decisões de Russell Westbrook já seriam ruins o bastante. Mas teve, ainda, o pior nível já apresentado por Carmelo, visto que o pior estava por vir.

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O curto e injusto período em Houston

Dez jogos. Essa foi a quantia de jogos que Carmelo Anthony pôde disputar como um jogador do Houston Rockets, antes de ser dispensado pela franquia. Antes de mais nada, é importante mencionar que o casamento entre ambos sempre foi duvidoso. O Rockets, treinado por Mike D’Antoni (desafeto de Carmelo), era um time focado nas bolas de três no ataque e em uma defesa de trocas, ambos opostos ao estilo de jogo de Carmelo Anthony.

O sistema de trocas exige jogadores mais ágeis e atléticos, capazes de enfrentar adversários mais leves no perímetro. Diante disso, é notável que Anthony era um fraco defensor de perímetro, algo que tende a piorar ano após ano. No ataque, Melo abusava de arremessos de meia distância e de posses no post, dois tipos de jogadas abominadas por aquele Houston. Ou seja, o Rockets sempre soube do estilo de jogo de Carmelo e de seu contraste com aquilo que a franquia praticava.

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Erro na assinatura

Mas mesmo sabendo de todos os problemas, o Rockets decidiu assinar com Carmelo. Enquanto isso, ele estava sendo disputado por diversos contenders naquela agência livre. Então, com somente dez (!) jogos a franquia desiste da ideia sem fundamento algum. Se o estilo de jogo de Anthony era completamente contrastante àquilo que o Rockets pregava, não fazia sentido. Então, era óbvio que demoraria um tempo para que o jogador se adaptasse.

Contudo, a franquia resolveu não esperar e logo o dispensou. Mesmo nesse curto período, ele mostrou sinais que poderia dar certo. Foi como no jogo mais eficiente da carreira, onde fez 28 pontos no Brooklyn Nets em somente 12 arremessos.

A contraditória decisão de Daryl Morey e seus comandados fez com que ele ficasse mais de um ano longe das quadras. Então, fez com que muitos temessem por sua aposentadoria. O longo período longe das quadras também contribuiu para que Carmelo não chegasse no seleto clube dos 30 mil pontos. O Rockets mostrou como não utilizar o jogador.

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Obrigado, Portland!

Dia 19 de novembro de 2019. O Portland Trail Blazers, corrigindo uma injustiça de mais de um ano, anuncia a contratação de Carmelo Anthony em um contrato não garantido. Sua estreia veio no mesmo dia, acabando com o longo período longe das quadras. Seu impacto não demorou a surgir, com o ala-pivô ganhando o prêmio de jogador da semana do Oeste ainda no mês de novembro.

A realidade é que a franquia de Portland sempre quis Anthony, algo que Damian Lillard já falou publicamente mais de uma vez. E no momento que a liga fechou as portas pra ele, o Blazers foi atrás do ala mais uma vez. Portland já havia tentado Carmelo em 2017, mas o atletao preferiu Oklahoma. A escolha por Houston também teve a concorrência do Blazers.

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Mas, voltando a passagem por Portland, dessa não há o que reclamar. A equipe viveu dois bons anos, com duas idas aos playoffs. As lesões dificultaram o rendimento da franquia. Até poderia pegar caminhos mais fáceis na pós-temporada, mas acabou enfrentando, na “bolha”, o futuro campeão Lakers. Depois, na temporada seguinte, o Denver Nuggets, do MVP Nikola Jokic.

Voltando a ser ele mesmo

O fato é que Portland deixou Carmelo ser Carmelo. Ele viveu ótimos momentos, como a série de arremessos decisivos na bolha para levar Portland aos playoffs. Em sua última temporada no Blazers, Melo encarou o papel de sexto homem com boas atuações. Mas mesmo assim, teve um protagonismo ofensivo maior, muito por seu tempo com a segunda unidade da franquia. Após a eliminação para o Nuggets na primeira rodada dos playoffs, o casamento terminou.

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Mas nada que abale a gratidão que ele e os fãs de basquete tem pela franquia. Foi lá que ele teve a chance de retornar para a ligae o oportunizou se tornar um dos dez maiores cestinhas da história da NBA.

Parceria com LeBron James no Lakers

Depois de muito tempo e diversos rumores, Carmelo Anthony finalmente se tornou um jogador do Lakers. Os rumores já existiram em diversos momentos da carreira. Já quanto ao seu nível de amizade com LeBron James, a história é mais antiga. O big three de Miami era pra ser LeBron James, Dwyane Wade e Carmelo Anthony. A escolha dele por assinar uma extensão com o Nuggets inviabilizou a ideia, fazendo com que o Heat fosse atrás de Chris Bosh.

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Ainda no período de Carmelo no Knicks, existiram rumores para Cleveland, envolvendo Kevin Love, mas nunca saiu do papel. Surgiram outros quando ele esteve fora da NBA, mas não passaram disso. Convenhamos que LeBron teria influência suficiente para acabar com esse afastamento forçado de Melo, mas isso é papo para outra hora.

Chegou a temporada 2021/22 e o Los Angeles Lakers formou um time cheio de futuros Hall da Fama. Além de LeBron e Anthony Davis, a equipe trocou por Russell Westbrook e assinou com Anthony e Dwight Howard. O encaixe do time era algo duvidoso desde o momento que a franquia assinou com Westbrook, mas foi uma aposta.

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A famosa falta de encaixe…

Westbrook está na história da liga e no seu auge foi uma superestrela, mas jogar nesse Lakers era completamente distinto daquilo que o jogo do armador precisa. Mas ele não é jogador para ficar na zona morta esperando bola, como aconteceu em alguns momentos da temporada.

Os problemas de encaixe se confirmaram e a temporada do Lakers foi um desastre, ficando de fora até do play-in. Contudo, Carmelo Anthony foi um dos poucos pontos positivos da equipe. Ainda no papel de sexto homem, Melo contribuiu com 13 pontos vindo do banco, além de 38% nas bolas de três. Seu inícioem Los Angeles foi incrivelmente bom, com aproveitamento surreal nas bolas de três.

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Mas, como reflexo da queda do time, Melo foi diminuindo o nível apresentado, algo normal para alguém em sua 19ª temporada na liga. Ao contrário de Portland, o Lakers não o utilizou como deveria: não foram poucos os jogos onde Carmelo teve pouquíssimos arremessos e/ou pouca sequência destes.

A passagem em Los Angeles foi o último capítulo de Carmelo Anthony em sua carreira na NBA. Apesar de a impressão positiva, ele não assinou com ninguém para a temporada 2022/23. Mas havia a expectativa que, em algum momento, algo aconteceria. Não aconteceu, entretanto. Aquilo culminou com o seu anúncio de aposentadoria. Para um jogador histórico da liga, é decepcionante que o encerramento não tenha sido em seus termos, de forma condizente com a sua carreira.

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Carreira com a seleção dos EUA

Uma breve passagem para destacar o sucesso que foi Carmelo Anthony no basquete FIBA, além da carreira na NBA. Seu jogo traduziu muito bem para esse cenário, muito pela sua grande capacidade de arremessar. Ao ponto de sua aposentadoria da seleção, após as Olímpiadas de 2016, ele era o maior cestinha da história do time americano. Além disso, era o líder em rebotes e jogos e o primeiro jogador de basquete a ter ganho três medalhas de ouro olímpicas.

Os grandes feitos dentro e fora das quadras

Anthony é um vencedor não só dentro das quadras. Durante suas 19 temporadas como jogador da NBA, ele usou de sua influência e do ganho financeiro para ajudar diversos jovens e entidades. Sua entidade sem fins lucrativos, chamada The Carmelo Anthony Foundation, busca ajudar crianças carentes em periferias dos Estados Unidos e de Porto Rico.

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Além disso, o atleta utiliza o basquete como plataforma para inserir esses jovens no mundo do esporte, investindo em quadras públicas em diferentes locais de baixa renda de Porto Rico, por exemplo. A relação do agora ex-jogador com o local advém da origem dos seus pais. Carmelo também tem um histórico de investimentos em entidades educacionais na região de Baltimore, onde viveu durante a infância.

Como forma de reconhecimento de seu trabalho fora das quadras, ele foi o primeiro vencedor do prêmio Kareem-Abdul Jabbar Social Justice Champion Award. Esse prêmio, criado pela NBA, busca reconhecer os atletas que estão na luta pela justiça social, trazendo valores como respeito e inclusão.

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Um futuro Hall da Fama

Faltou ser campeão da NBA, faltou, inclusive, chegar em uma final de NBA. Mas, como vimos acima, a carreira de Carmelo é gigantesca. Poderia ser mais, sem dúvida alguma, mas não há como questionar que é um futuro hall da fama. O oitavo maior pontuador da história da NBA, está entre os cinco maiores jogadores da história de duas franquias e possui um dos maiores arsenais ofensivos que já passaram na NBA.

Grandes rivais da época, como Paul Pierce e Kobe Bryant, já declararam que ele era o jogador mais difícil de ser marcado na liga. Já Andre Iguodala, um dos melhores defensores da última década na NBA, declarou: “se você consegue marcar Carmelo Anthony, você consegue marcar qualquer jogador na liga”.

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O reconhecimento vindo dos adversários é mais uma prova do talento que ele sempre teve. Uma mistura de atleticismo com muita técnica, capaz de pontuar de todos os lugares da quadra.

Sua capacidade de pontuar está presente em várias estatísticas emblemáticas: de 1997 até hoje. Anthony possui o maior número de arremessos pra tomar a liderança da partida nos últimos cinco segundos de jogo, com 19 (seguido por Kobe, com 18, e LeBron, com 15). Ainda, é um dos seis jogadores na história da NBA a ter 20 pontos de média nas 14 primeiras temporadas na liga.

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Auge em período diferente de hoje

E convém mencionar que o auge de Carmelo Anthony foi em uma NBA muito diferente, comparada a atual. Em seu ápice, o jogo era muito mais lento (pace médio 92), com dois bigs no garrafão e menor espaçamento.

Na liga atual, o jogo tem um espaçamento muito maior, o small ball predomina e o pace é muito maior (próximo a 100, em média, nas últimas cinco temporadas). Se o impacto ofensivo de Carmelo foi tão grande em uma época de defesas mais fortes, resta imaginar o que seria nos tempos atuais.

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Faltou o título

Voltando à análise, é fato que um jogador desses deveria ter brigado mais por títulos, mas é certo que ele no auge nunca teve um grande time ao seu lado. Ao contrário de todos astros que dividiram época com ele, como LeBron, Kobe e Duncan, jogou “sozinho” por muito tempo.

Enquanto LeBron passava a bola pra Wade, Melo passava para JR Smith. A escolha por reassinar com o Knicks e a extensão contratual assinada com Denver se mostraram escolhas que tiraram Carmelo do caminho dos títulos. No fim da história, o atleta preferiu a parte financeira. Ele já ponderou, após a primeira extensão com Denver, que o atleta não sabe o dia de amanhã, sendo aquela uma grande oportunidade de mudar de patamar financeiramente.

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Ficam no imaginário esses cenários, assim como ser draftado pelo Detroit Pistons em 2003. Enquanto alguns pensam que não daria certo, imagino que ele ajudaria em tornar o Pistons uma dinastia, vencendo mais que um campeonato. Mais que isso, Anthony estaria num time capaz de fazê-lo melhorar significativamente no lado defensivo.

Por fim, fica o reconhecimento à incrível carreira de Carmelo Anthony, talvez menor do que o seu talento possibilitava, mas ainda assim histórica. Ele está marcado na história da liga, seja por sua absurda qualidade em pontuar, seja por seus feitos fora da quadra, que impactaram diversas pessoas de maneira positiva. Se terá sua camisa aposentada no Knicks ou no Nuggets, só o tempo será capaz de dizer.

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Mas seu nome está marcado na história do basquete. Obrigado, Melo!

*Por Julio Luizelli, leitor do Jumper Brasil e torcedor do New York Knicks

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