A NBA protege Draymond Green

Polêmico astro do Golden State Warriors escapou da expulsão no segundo jogo das finais da liga

NBA protege Draymond Green Fonte: Garrett Ellwood/AFP

Antes que você, torcedor do Golden State Warriors, comece a espernear dizendo que se trata de mimimi, não é uma reclamação, mas uma constatação. A NBA protege Draymond Green mesmo. E não é só ele e é sobre isso que vou relatar hoje.

Sim, era para Green ter saído do jogo 2 ainda no primeiro tempo. Restavam 55 segundos para o intervalo quando o ala-pivô fez falta em Jaylen Brown em um arremesso de três. Até aquele momento, o Warriors liderava a partida por 50 a 48. Brown e Green se enroscaram, teve empurrão aqui, um pé ali e troca de farpas. Com a imensa maioria dos jogadores da NBA, aquele lance resultaria em falta técnica dupla.

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Você, que acompanha basquete, entende que naquele momento era para a arbitragem não devia nem pensar duas vezes e dar a técnica. No entanto, houve uma passada de pano porque Green já tinha uma (em lance com Grant Williams). Como resultado, se ele levasse a segunda, estaria expulso do embate. Simples assim.

Mas a NBA protege Draymond Green em um lance tão escandaloso que é difícil entender o motivo. Só que isso não é exclusividade do jogador do Warriors. A liga faz isso para “salvar” o espetáculo.

A NBA é um negócio

É óbvio que a NBA é um esporte de altíssimo rendimento, mas é algo muito maior do que a imensa maioria pensa: é um negócio. Ali, a liga “passou o pano” porque tinha de fazer isso mesmo, pensando no lado econômico da coisa. Se Draymond Green é expulso naquele momento, o Golden State Warriors poderia não ter aquele “terceiro quarto da morte” e o Boston Celtics teria uma chance de vencer mais uma vez fora de casa.

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Só que o Celtics abriria 2 a 0 e vai jogar as duas próximas partidas da série em casa. A possibilidade de acontecer uma varrida era real. Então, a decisão, por preservar o jogador antes do intervalo foi crucial para o resultado daquele jogo. Pode não ser da série, entretanto.

Imagine todo o marketing e o investimento feitos para apenas quatro jogos, sendo que poderia render mais três. É perda. E a NBA, como uma grande empresa, não gosta de perder.

Então, vamos para o lado esportivo da coisa.

Como relatei aqui, Green é o termômetro da equipe. Ele atuou em 46 jogos em 2021-22 e o Warriors venceu 34 deles (quase 74% de aproveitamento), mas quando não jogou (36 partidas), o time ganhou 17 (47.2%). Agora, imagine o time californiano sem Green em um segundo tempo de um embate decisivo.

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Sim, o Warriors corria riscos de perder, mas o “se” não existe.

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Não é exclusividade de Draymond Green

Quantas vezes você já ouviu a expressão que a NBA protege seus astros? Eu, por exemplo, escuto isso toda semana. Mas a NBA é como qualquer outra liga esportiva. Ela tenta preservar grandes nomes, faz vista grossa em alguns lances, pensando no resultado de uma ação. Se a arbitragem resolve dar a segunda técnica em Draymond Green ali, ela poderia determinar um final diferente para o jogo e para a série.

Mas quantas vezes LeBron James, Luka Doncic, Chris Paul, Jimmy Butler, Giannis Antetokounmpo, entre outros, não escaparam de uma expulsão por isso?

Vou traçar um paralelo com o futebol para você, que ainda não entendeu.

A Juventus, do campeonato italiano de futebol, tinha um zagueiro chamado Paolo Montero, um uruguaio, nos anos 90. Vou deixar o link de um vídeo dele aqui, só para compreender o que digo. Montero batia, mas batia muito. Apenas pela Juve, ele teve 13 cartões vermelhos, sendo sete deles por um segundo amarelo.

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Imagina se ele levasse cartão em todas as entradas, Montero seria expulso em todos os jogos.

E Green não é um caso tão diferente assim. Ele reclama, briga, empurra, faz de tudo para levar uma falta técnica, mas escapa de algumas delas.

“Não estou dizendo necessariamente que a NBA me trata diferente. Eu mereci ser tratado de forma diferente. Eu gosto e abracei isso”, afirmou Green, após o segundo jogo das finais.

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Green quase coloca tudo a perder

Draymond Green sabia o que estava fazendo. Ele é assim. É a versão atualizada de Dennis Rodman. Acha que Rodman era expulso todo jogo?

Então, não se trata de algo que ele não sabia o que estava fazendo. Draymond Green entende que a NBA o protege, mas até para ele e outros jogadores assim, existe um limite.

Não por menos, ele finalizou a temporada na segunda posição do ranking, com 18 faltas técnicas na temporada regular e já levou quatro nos playoffs. Pelas regras da liga, a quinta técnica resulta em aviso, mas a partir da sétima, é suspensão de um jogo e multa de US$5 mil.

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E Green sabe bem o que é colocar tudo a perder.

Nas finais de 2016, ele fez isso e foi suspenso do sexto jogo da decisão contra o Cleveland Cavaliers. Como resultado, o Cavs virou uma série que perdia por 3 a 1 e conquistou o seu primeiro título da liga.

Se ele não tivesse recebido o “perdão” dos árbitros no segundo jogo, Green poderia colocar o Golden State Warriors em risco de perder em casa pela segunda vez consecutiva. Se fosse um Andrew Wiggins no lance com Jaylen Brown, eu tenho certeza absoluta que os dois receberiam a falta técnica.

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Portanto, a NBA tem um nível de tolerância maior com Green em nome do espetáculo. Posso não concordar, mas entendo. É assim que as coisas são.

 

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