O draft de 1993 pegou muita gente de surpresa. Naquela noite, aconteceu uma troca que abalou a NBA e ditou o futuro de alguns astros e de três franquias. Mais do que isso, acabou montando uma das melhores duplas de todos os tempos e abriu os caminhos para uma equipe se projetar.
David Stern, então comissário da liga, se aproximou do microfone para anunciar a negociação e a vaia começou logo após ele citar o primeiro time. Era o Orlando Magic, que havia ficado com a primeira escolha do recrutamento. Mas, antes, vamos entender o que aconteceu em 1992.
Pat Williams, não o jogador do Chicago Bulls, é um homem de sorte. Por mais de 30 anos, ele representou o Orlando Magic como vice-presidente de operações de basquete. Então, na loteria do draft de 1992, lá estava ele quando o time da Flórida ficou com a primeira escolha. Ninguém menos que Shaquille O’Neal fora nomeado com aquela pick.
E Shaq “chegou chegando” na NBA. Um jogador alto, forte, ágil, de muita explosão perto do aro e extremamente carismático. Era tudo o que o Magic precisava para iniciar sua luta por um título. Vale lembrar que a franquia começou em 1989, então tudo era muito novo para Orlando.
O’Neal brilhou em sua primeira campanha e, de cara, foi para o Jogo das Estrelas. No entanto, a vaga para os playoffs escapou após uma sequência ruim no início de abriu e empatou com o Indiana Pacers pelo oitavo lugar do Leste. O Pacers foi para os mata-matas nos critérios de desempate, no fim das contas.
Portanto, o Magic precisava de algumas peças para chegar lá…
Draft de 1993
Mais uma vez, Pat Williams estava lá para representar o Orlando Magic na loteria do draft. Pelo segundo ano consecutivo, o time ficou com a primeira escolha. Agora, era a hora de fazer do Magic uma força no Leste. Mas quem escolher?
Chris Webber era o cara daquele recrutamento. Embora ele tenha feito besteira na final do basquete universitário (pediu tempo quando não havia), Webber brilhou no Fab Five de Michigan. Ali, estavam Juwan Howard e Jalen Rose, dois ótimos jogadores da NBA nos anos 90.
Na época, a NBA cuidava muito do garrafão. Então, a ideia era bem simples: Webber vai jogar com Shaquille O’Neal e formar a melhor dupla de todos os tempos na área pintada.
Todavia, aconteceu algo inesperado. A troca que abalou a NBA e seu futuro ocorreu no dia 30 de junho de 1993.
David Stern foi vaiado logo que anunciou o Magic como um dos times da negociação. Veja o vídeo:
O Magic enviou Webber para o Golden State Warriors por Anfernee Hardaway. Além disso, Orlando recebeu três escolhas futuras de primeira rodada (1996, 1998 e 2000).
O futuro é agora?
Anfernee Hardaway, terceira escolha do draft de 1993, chegou para ser o cara que iria organizar as jogadas para Shaquille O’Neal. De fato, deu tão certo que eles fizeram final de NBA e um filme. Tudo bem que a parceria não rendeu título, mas a final contra o Houston Rockets foi incrível.
Para ocupar a posição que seria de Chris Webber, o Magic contratou Horace Grant, três vezes campeão pelo Chicago Bulls. Com Dennis Scott e Nick Anderson atrás da linha de três, o time foi incrível na temporada 1994-95, ainda que não tenha vencido.
Embora o Magic tenha chegado ali como estreante, o time liderou boa parte do primeiro jogo da decisão e, só nos minutos finais, a coisa desandou. Nick Anderson, que estava na franquia desde o seu início, falhou em quatro lances livres de forma consecutiva, quebrou o momento de Orlando e, então, Hakeem Olajuwon passeou para conquistar o seu segundo anel de campeão, em 1995.
Como ponto máximo, o Magic bateu o Bulls no ano em que Michael Jordan voltou a jogar basquete. Apesar disso, no ano seguinte, Jordan e o Bulls deram o troco na temporada seguinte e as coisas mudaram em Orlando.
Shaq deixou o Magic rumo ao Los Angeles Lakers, mas o time da Flórida ainda era muito competitivo.
Só que Hardaway sofreu com lesões e seu basquete, explosivo e incrível para um armador de dois metros de altura, foi se apagando.
Jogadores da troca que abalou a NBA
Antes de qualquer coisa, houve uma verdadeira salada de trocas envolvendo Orlando Magic e Golden State Warriors. Nos anos seguintes, o Magic só manteve a do draft de 2000, enquanto as de 1996 e 1998 voltaram para o Warriors em outras negociações com o Washington Bullets.
Penny Hardaway
Terceira escolha do draft de 1993, Hardaway foi quatro vezes eleito para o Jogo das Estrelas e campeão olímpico em 1996, mas uma cirurgia no joelho, em 1997, fez com que seu jogo mudasse de vez. Hardaway ainda tentou seguir em alto nível nos anos seguintes. No entanto, as dores insuportáveis o colocaram em um patamar abaixo e ele deixou de ser um astro. Em 2007-08, ele fez a sua última partida como profissional, pelo Miami Heat.
Chris Webber
Talvez, a carreira de Chris Webber não tenha atingido todo o seu potencial, mas ele foi um astro na NBA. Hall da Fama, Webber foi cinco vezes para o All Star Game, com participações impactantes por onde passou: Golden State Warriors, Washington Bullets, Sacramento Kings, Philadelphia 76ers e Detroit Pistons. Ele fez o Kings passar de um time fraco para competitivo e muito (muito mesmo) legal de se assistir e de playoffs. Também encerrou a carreira em 2007-08, no mesmo Warriors, onde iniciou a carreira.
Todd Fuller (draft de 1996)
Lembra que o Orlando Magic enviou três escolhas ao Golden State Warriors? Fuller foi décima primeira escolha do draft de 1996, mas sem brilho algum. Ele era um pivô pesado, sem muitos recursos e teve vida curta na NBA, deixando de atuar por lá em 2001. Em cinco anos, Fuller passou por quatro times. Eca.
Vince Carter (draft de 1998)
Conhecido por suas enterradas, Vince Carter foi escolhido pelo Golden State Warriors no draft de 1998. Entretanto, ele foi trocado na noite do recrutamento por Antawn Jamison, selecionado pelo Toronto Raptors. No time canadense, Carter brilhou e fez o Raptors aparecer na TV.
Em 2005, após dizer que não gostava mais de enterrar, ele foi trocado para o New Jersey Nets, onde atuou ao lado de Jason Kidd e Richard Jefferson, formando um ótimo trio. A ideia de jogar pelo Nets era excelente, pois o time havia disputado duas finais seguidas (2002 e 2003), mas não deu tão certo assim.
Posteriormente, ele passou por Orlando Magic, Phoenix Suns, Dallas Mavericks, Memphis Grizzlies, Sacramento Kings e Atlanta Hawks. Carter encerrou a carreira em março de 2020, após a interrupção da temporada. Como o Hawks não tinha condições de ir aos playoffs, o time não foi para a “bolha” de Orlando.
Mike Miller (draft de 2000)
Originalmente, a escolha do Golden State Warriors, Mike Miller teve seus direitos adquiridos pelo Orlando Magic e foi o único que foi mantido. Miller foi, em seu primeiro ano na NBA, eleito o melhor calouro. Depois, em 2005-06 melhor reserva pelo Memphis Grizzlies. Ele ainda passou por Washington Wizards, Cleveland Cavaliers e Denver Nuggets, antes de encerrar a carreira com dois títulos da liga.
Mas e o Pat Williams, hein?
Bem, o coelho da sorte voltou a presentear o Orlando Magic. Em 2004, ele estava presente na loteria que levou o time da Flórida a obter a primeira escolha. Foi a terceira vez em pouco mais de dez anos que Pat Williams aparecia para receber os parabéns. Dwight Howard foi o escolhido.
Em 2017, a diretoria levou Williams mais uma vez para a loteria do draft, mas não deu tão certo assim. O Magic ficou com a sexta escolha e optou por Jonathan Isaac. Embora Isaac seja bastante promissor, ele não atua desde que se machucou na “bolha”, em 2020. Dizem que foi pelo fato de o time ter enviado ao seu lado o então técnico da equipe, Frank Vogel. Dizem…
Em 2019, Williams se aposentou. Entre seus feitos, estão a participação em eventos do Philadelphia 76ers, a criação de Benny, the Bull (mascote do Chicago Bulls), a fundação do Orlando Magic e mais de cem livros escritos.
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