Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (2004)

Jumper Brasil dá sequência à série de times marcantes que não conquistaram títulos na NBA.

Times históricos Pacers 2004 Fonte: Andy Lyons / AFP

O 12° texto da série “Times históricos que não foram campeões” vai homenagear o Indiana Pacers de 2004. Foi a penúltima temporada da carreira de Reggie Miller e uma derrota doída na final da Conferência Leste para o Detroit Pistons.

Quem leu os textos anteriores sabe que, primordialmente, o objetivo da série é trazer a história da NBA aos leitores mais novos, que começaram a acompanhar a liga há pouco tempo. Para os mais antigos, os artigos servem como uma viagem no tempo, trazendo aquela sensação de nostalgia.

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Desde já é bom esclarecer que esta é a segunda vez que o Pacers aparece na série “Times históricos que não foram campeões”. A equipe vice-campeã do Leste, em 1998, foi homenageada há três anos.

Em primeiro lugar, vamos apresentar como foi a formação do elenco que entrou para a história da franquia de Indiana. Posteriormente, detalharemos a temporada 2003/04, especialmente os duelos inesquecíveis contra o Pistons na final do Leste. Meses depois, os times se reencontraram e protagonizaram a maior briga da história da NBA.

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A montagem do elenco

Conforme mencionado acima, o Pacers foi finalista do Leste em 1998. A equipe tinha como treinador o lendário Larry Bird (sua primeira experiência na função) e atletas de peso como Reggie Miller, Mark Jackson, Chris Mullin, Jalen Rose e Rik Smits. Parou no Chicago Bulls de um certo Michael Jordan.

No ano seguinte, com a mesma base, o Pacers chegou novamente às finais do Leste, mas foi batido pelo Knicks. Já em 2000, o time de Indiana fez a melhor campanha da conferência (56 vitórias e 26 derrotas) e, pela primeira vez em sua história, alcançou as finais da NBA. Entretanto, na decisão, a equipe de Indianápolis não foi páreo para o Los Angeles Lakers de Shaquille O’Neal e Kobe Bryant.

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A chegada de Jermaine O’Neal

Ao final da temporada, Bird deixou o comando do Pacers e deu lugar a Isiah Thomas, ex-armador do Detroit Pistons e outra lenda da NBA. Com Miller já na casa dos 35 anos, um processo de reconstrução do elenco centrado no jovem Jermaine O’Neal começava ali. Na offseason de 2000, o gerente-geral Donnie Walsh adquiriu o ala-pivô junto ao Portland Trail Blazers. Em contrapartida, o Pacers abriu mão do veterano pivô Dale Davis, um nome histórico na franquia. Walsh enxergou muito potencial em O’Neal, que tinha pouco espaço em Portland (Rasheed Wallace e Brian Grant vinham à sua frente na rotação).

Logo na primeira temporada em Indiana, O’Neal foi titular e angariou as suas melhores médias em cinco anos de NBA: 12.9 pontos e 9.8 rebotes. Principal reboteiro do time, o ala-pivô de 22 anos só não pontuou mais do que Miller e Rose.

O Pacers foi para os playoffs em 2001, mas caiu logo na primeira rodada para o Philadelphia 76ers de um iluminado Allen Iverson.

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Ron Artest em Indiana

No Draft de 2001, Walsh adquiriu o armador Jamaal Tinsley (pick 27) junto ao Atlanta Hawks por uma futura escolha de primeira rodada (que se tornaria Boris Diaw, em 2003). Tinsley foi o titular da posição, desbancando o ‘veterano’ Travis Best.

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Na trade deadline de 2002, o Pacers fez uma troca que mudou os rumos da franquia. A equipe abriu mão de Rose, Best e uma escolha de segunda rodada para trazer o jovem ala Ron Artest, de 22 anos. Também vieram do Bulls o pivô Brad Miller, o armador Kevin Ollie e o ala-armador Ron Mercer. Artest foi mais uma aposta de Walsh para o futuro do time.

Nos playoffs daquele ano, o Pacers novamente não passou da primeira rodada. Foi eliminado pelo New Jersey Nets de Jason Kidd, em uma série de cinco jogos.

Na temporada 2002/03, O’Neal e Artest se tornaram os destaques do Pacers, com Miller (37 anos) já se aproximando da reta final de carreira. Eles formavam uma dupla agressiva e vibrante nos dois lados da quadra. Vencedor do prêmio de jogador que mais evoluiu (MIP) no ano anterior, O’Neal foi selecionado para o All-Star Game e escolhido para o terceiro time ideal da NBA (pela segunda vez consecutiva em ambos os casos). Por outro lado, Artest foi eleito para o segundo time de defesa da liga.

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Mas nos playoffs, o Pacers parou na primeira rodada pelo terceiro ano seguido. O algoz da vez foi o Boston Celtics de Paul Pierce. O time de Indiana era competitivo, mas faltava algo…

A volta de Larry Bird e a campanha histórica

A franquia de Indianápolis passou por algumas mudanças na offseason de 2003. Larry Bird voltou ao Pacers, mas desta vez como executivo para trabalhar junto ao GM Walsh. Isiah Thomas foi demitido e, para o seu lugar, a equipe trouxe Rick Carlisle, que havia treinado o Pistons entre 2001 e 2003. Companheiro de Bird no famoso Celtics dos anos 80, Carlisle tinha a confiança do novo presidente do Pacers.

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Logo na primeira temporada da nova dupla, o time de Indiana fez a melhor campanha da liga (e de sua história), com 61 vitórias e 21 derrotas. Além disso, O’Neal e Artest estavam ‘voando’ em quadra e foram juntos para o All-Star Game. O ala também foi escolhido o melhor defensor da liga. Junto à dupla, Miller ainda contribuía com seus arremessos de longa distância.

Al Harrington foi outro que despontou nesse time histórico, tanto que ficou em segunda na votação para o prêmio de melhor reserva de 2004 (o vencedor foi Antawn Jamison, do Dallas Mavericks).

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Indiana Pacers 2003/04

Time-base: Jamaal Tinsley (PG), Reggie Miller (SG), Ron Artest (SF), Jermaine O’Neal (PF) e Jeff Foster (C)

Principais reservas: Al Harrington (PF), Austin Croshere (PF), Anthony Johnson (PG) e Fred Jones (SG)

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Técnico: Rick Carlisle

Os playoffs de 2004

Dono do maior número de vitórias, da terceira melhor defesa e do nono ataque mais eficiente da liga, o Pacers chegava à pós-temporada com status de favorito e a vantagem do mando de quadra. Na primeira rodada, o time se vingou do Celtics e varreu o rival.

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Já na semifinal de conferência, o duelo foi mais equilibrado. O Miami Heat de Dwyane Wade venceu dois jogos na série, mas Indiana levou a melhor com direito a um show de O’Neal e Artest. No confronto, a dupla combinou para 42.1 pontos, 14.2 rebotes e 3.3 tocos. As grandes atuações nos playoffs mostravam que aquele Pacers era ‘ponta firme’.

https://www.youtube.com/watch?v=4iIsM7x0dTQ

As finais do Leste

Na decisão do Leste, Carlisle iria reencontrar o seu ex-time. O Pistons, treinado por Larry Brown, tinha a segunda melhor defesa da liga. Portanto, seria um duelo marcado pela capacidade defensiva de ambos os times. Pilar da equipe de Detroit, o pivô Ben Wallace havia ganhado o prêmio de defensor do ano em 2002 e 2003. O Pacers tinha Artest, então vencedor do prêmio.

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Na temporada regular, o time de Indiana levou a melhor em três dos quatro jogos contra o Pistons. O maior placar foi 89 a 87, que terminou com triunfo do Pacers. A expectativa era a de que os placares baixos e várias faltas técnicas fossem a tônica da final do Leste, dado o poderio defensivo e o temperamento de vários atletas das duas equipes. E não deu outra.

A série foi aberta com uma vitória do Pacers (78 a 74). O’Neal foi o destaque, com 21 pontos e 14 rebotes. No jogo 2, também realizado em Indianápolis, o Pistons se recuperou e venceu por 72 a 67.

A frustração

As duas partidas seguintes do confronto foram realizadas em Detroit. O Pistons venceu o jogo 3 (85 a 78), mas o Pacers igualou a série com um triunfo categórico: 83 a 68.

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O duelo voltou para Indianápolis e o quinto jogo era fundamental para os dois times. O Pistons deu o troco e levou a melhor por 83 a 65, com um grande desempenho ofensivo de Richard Hamilton e Rasheed Wallace (combinaram para 55 pontos), e um Ben Wallace fabuloso na defesa. O’Neal foi anulado pelo pivô adversário e anotou apenas 11 pontos.

Contra a parede, o Pacers tinha um jogo de vida ou morte em Detroit. Melhor no primeiro tempo, a equipe de Indiana foi para o intervalo com uma vantagem de seis pontos: 33 a 27. Porém, no segundo tempo, o Pistons reagiu. Em uma autêntica batalha em quadra, com duas defesas absurdas, o time de Detroit venceu por 69 a 65 e conquistou o título do Leste.

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O sentimento do Pacers era de frustração. Considerado o melhor time da liga naquela temporada, Indiana sucumbiu para a defesa histórica do Pistons. Com Miller aos 38 anos, faltou ajuda ofensiva para O’Neal e Artest. Posteriormente, Detroit bateria o Lakers e conquistaria o título da NBA naquele ano.

https://www.youtube.com/watch?v=HY1MBVoGgeg&t=4840s

A chegada de Stephen Jackson

Na offseason de 2004, Larry Bird adquiriu o ala-armador Stephen Jackson junto ao Hawks. Para isso, teve que abrir mão de Harrington. Vindo do melhor ano de sua carreira (média de 18.1 pontos), Jackson era a peça ofensiva que faltava ao time de Indiana. Fora de quadra, ele fumava maconha o dia inteiro (como o próprio jogador já revelou em várias entrevistas). Dentro de quadra, fazia cestas importantes e jogava sempre no limite.

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Com a base mantida, e um reforço valioso, o Pacers voltava a ser o favorito ao título da NBA. Nos oito primeiros jogos da temporada, Indiana conquistou seis vitórias. As médias de Artest nesses duelos foram de 24.6 pontos e 6.4 rebotes. Muitos analistas na época passaram a apontar o ala do Pacers como um forte candidato ao prêmio de MVP da temporada.

A nona partida marcaria o reencontro com o Pistons. Para o duelo que entraria para a história da liga, em 19 de novembro de 2004, os atletas do Pacers tinham uma motivação extra: mostrar ao atual campeão que, agora, o time estava mais forte e que o resultado de um possível duelo nos playoffs seria outro.

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O recado foi dado em quadra, Indiana fez uma partida irretocável e venceu por 97 a 82. O’Neal e Artest combinaram para 44 pontos e 18 rebotes. Jackson anotou outros 13 pontos. E sem contar com Miller, afastado por lesão.

Malice at the Palace

Mas o jogo realizado no Palace of Auburn Hills, em Detroit, teve um final manchado por uma briga generalizada, a maior da história da NBA. Antes da partida, Ben Wallace e Ron Artest trocaram farpas via imprensa, já que os dois se odiavam.

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Artest, que tinha ‘gênio forte’ e problemas de ansiedade, fez uma falta dura em Wallace, com o jogo já definido. O pivô do Pistons não gostou e empurrou o rival, que não revidou. Iniciou-se um jogo de empurrões aqui e ali. Então, a confusão saiu de controle e chegou às cadeiras do ginásio. Um torcedor do Pistons jogou um copo de cerveja em Artest. O atleta do Pacers não conseguiu ficar quieto. Ele partiu para as cadeiras e acabou descontando no fã errado.

O’Neal e Jackson também se envolveram em brigas com alguns torcedores rivais. Ao final, fãs do Pistons passaram a jogar bebidas, comidas e garrafas de plástico nos jogadores do Pacers. Um deles arrancou uma poltrona e jogou em direção a O’Neal.

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Resultado da briga: Artest foi suspenso pelo então comissário da NBA, David Stern, do restante da temporada (incluindo os playoffs). Jackson e O’Neal também foram suspensos, mas com penas mais leves. Um time que tinha tudo para ser o campeão de 2004/05 simplesmente teve a temporada destruída. Nos playoffs, o Pacers (sem Artest) voltou a ser superado pelo Pistons.

Ao final da temporada melancólica, Miller anunciou a sua aposentadoria das quadras. No ano seguinte, Artest pediu para ser trocado e causou a ira de O’Neal e Larry Bird, que ficaram desapontados e se sentiram traídos pelo ala. Ele foi enviado para o Sacramento Kings em troca de Peja Stojakovic e encerrou, de forma melancólica, uma passagem que tinha tudo para ser especial em Indiana.

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Confira os outros artigos da série que já foram publicados

1 – Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (1991)

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2- Times históricos que não foram campeões – Phoenix Suns (1993)

3- Times históricos que não foram campeões – New York Knicks (1994)

4- Times históricos que não foram campeões – Orlando Magic (1995)

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5- Times históricos que não foram campeões – Seattle Supersonics (1996)

6- Times históricos que não foram campeões – Utah Jazz (1997)

7- Times históricos que não foram campeões – Indiana Pacers (1998)

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8- Times históricos que não foram campeões – Portland Trail Blazers (2000)

9- Times históricos que não foram campeões – Sacramento Kings (2002)

10- Times históricos que não foram campeões – Minnesota Timberwolves (2004)

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11- Times históricos que não foram campeões – Dallas Mavericks (2003)

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