Memphis Grizzlies: solidez defensiva e transição no ataque

Matheus Gonzaga e Pedro Toledo analisam o desempenho do Grizzlies na fase regular em 2020/21

grizzlies recorde pontos morant Fonte: Jesse D. Garrabrant / AFP

No ano passado, quase todos os analistas projetavam o Memphis Grizzlies como um dos piores times da conferência Oeste. Porém, surpreendendo a liga, a equipe chegou ao play-in, caindo para o Portland Trail Blazers. Novamente, a equipe do Tennessee é competitiva e irá participar da “repescagem”. O que esse time tão jovem faz para competir na dura conferência Oeste? 

O maior trunfo do Grizzlies é defensivo. Trata-se da oitava defesa da liga. Associando isso a um ataque competente (número 15), temos uma equipe de saldo bem positivo. No que toca ao estilo ofensivo, se destaca a transição, brilhantemente comandada pelo jovem armador Ja Morant. Memphis é o sexto time da liga que mais finaliza nessa situação, gerando 1.12 pontos por posse, e os rebotes de ataque (quarta maior taxa de putbacks da NBA) e a baixa taxa de desperdícios de bola (sexta menor da liga). O grande problema ofensivo da equipe está na outra jogada que mais executa: o pick-and-roll. Na maioria absoluta das vezes, o Grizzlies finaliza através do armador que o comanda, e não do pivô (o que é muito  mais eficiente). Para piorar, os armadores do time não são eficientes na jogada, conseguindo apenas 0.82 pontos por tentativa. Essa incapacidade de usar o pick-and-roll é o principal causador do desempenho apenas mediano da equipe nesse lado da quadra. 

Morant tem uma parcela de culpa nessa questão. Ele é um dos jogadores da liga que mais usa a jogada, e gera péssimos 0.82 pontos por tentativa – desempenho pior que o de mais da metade da liga. Obviamente, isso não torna o armador um atleta de impacto ruim, muito pelo contrário. Sua capacidade de gerar arremessos para companheiros de equipe e sua habilidade na transição fazem com que o ataque de seu time seja nove pontos por 100 posses melhor com o mesmo em quadra (uma marca típica de jogadores de altíssimo nível). Por outro lado, a defesa da franquia cai muito de produção (sete pontos por 100 posses pior), algo que tem uma variabilidade envolvida e não é só culpa de Morant, mas ele certamente é parcialmente responsável pelo fato.

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Outro jogador que merece destaque é Jonas Valanciunas. O pivô lituano é um jogador acima da média no poste baixo, tem mais de três putbacks por partida (convertendo 65% dos mesmos) e acerta 67% dos seus arremessos próximos à cesta. Além disso, ele tem mostrado uma boa evolução defensiva, onde não é mais um ponto tão frágil (apesar de não ser um jogador de impacto significativo).

A defesa em si do Grizzlies, por sua vez, é um caso curioso. Trata-se da equipe que mais rouba bolas na liga, limitando as tentativas de arremesso dos adversários, além de cometer poucas faltas (ceder lances livres é uma das piores coisas que uma defesa pode fazer) e limitar os adversários a um aproveitamento no garrafão abaixo da média (mérito de seus pivôs). O preço pago pela defesa agressiva e que dificulta cestas no aro é ceder bolas de três, em boa parte das vezes, totalmente livres (e os rivais têm acertado 42% contra o time nessa situação).

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Em geral, o Grizzlies é um time extremamente sólido e muito jovem, que, com sua defesa agressiva, uma transição devastadora e uma futura estrela em Ja Morant deve fazer muito barulho nos próximos anos. Na atual temporada, vejo chances de passarem do play-in (que está totalmente em aberto) e talvez roubar um jogo na primeira rodada dos playoffs, mas não mais que isso.

* Por Matheus Gonzaga e Pedro Toledo (Layups & Threes)

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