O Atlanta Hawks não é uma equipe conhecida por seu desempenho defensivo, mas Clint Capela “nada contra a maré” e vem sendo um destaque na temporada exatamente pelo impacto na marcação. O pivô suíço – que estava no elenco desde janeiro, mas só veio a estrear no início da atual campanha – é um dos três jogadores da liga com maior média de rebotes e tocos até agora. Capela sabe que não costuma ser visto como um defensor de elite na NBA e, por isso, acredita ser subestimado pela maioria dos analistas e fãs.
“Eu sinto que as pessoas não falam o bastante sobre mim como defensor. Acho que sou subestimado. Talvez, seja cedo e o passar da temporada traga mais atenção para mim. Seguirei fazendo o meu melhor, independentemente disso, porque desejo estar em um dos times defensivos da temporada. Mas, hoje, não vejo ninguém à minha frente como marcador. Draymond Green e Anthony Davis são caras mais badalados do que eu, mas não necessariamente melhores”, afirmou o atleta, em entrevista à Sports Illustrated.
A franquia da Geórgia possui a nona pior defesa da liga em eficiência, permitindo 112.4 pontos a cada 100 posses de bola. A história muda, porém, quando só consideramos o tempo em que Capela esteve em quadra: o Hawks sofreu apenas 107.4 pontos em sua presença, um índice superior ao registrado hoje pelo terceiro colocado nesse quesito, o New York Knicks. O jogador de 26 anos admite não compreender direito o que todos esses números dizem, mas entende o que importa: fazer a diferença na marcação.
“Eu não conheço todas as estatísticas e métricas, mas sei que tenho um grande impacto defensivo. Posso mudar uma partida quando estou em quadra bloqueando arremessos, contestando adversários no garrafão e pegando rebotes. Realmente sinto que os meus companheiros confiam em mim, sabem que podem ser agressivos na marcação porque eu estou dentro lá dentro para proteger o garrafão e minimizar infiltrações”, contou o titular de Atlanta, presente em 27 dos 30 jogos da equipe nessa temporada.
Anteriormente, Capela era atleta do Houston Rockets e tornou-se um dos pilares do time por sua agilidade para sair do garrafão e marcar múltiplas posições. Tal versatilidade era a base da defesa praticada pela franquia, arquitetada pelo gerente-geral Daryl Morey e o técnico Mike D’Antoni. Isso mudou radicalmente em Atlanta, uma equipe que já valoriza muito mais a presença do pivô na proximidade do aro. Ele reconhece que a forma como joga agora está muito mais alinhada ao que gosta de fazer em quadra.
“Em Houston, eu precisava sair do garrafão e trocar marcação no perímetro por ser algo que funcionou nos playoffs e que tentamos replicar nas temporadas regulares o tempo inteiro. Aqui, a coisa é diferente. Atlanta realmente quer que eu permaneça mais perto da cesta. E gosto disso, para ser sincero. Eu sinto que sou mais valioso dentro da área pintada. É lá dentro que sinto-me mais confortável como jogador”, confessou a escolha de primeira rodada do draft de 2014.
Capela não deixa de considerar-se um atleta de sorte por ter atuado com os armadores James Harden e Trae Young na carreira, mas avisa: assim como na defesa, o seu jogo ofensivo não é “carregado” por ninguém. “O meu jogo flui quando ataco a tábua, pego rebotes ofensivos e finalizo com ênfase próximo da cesta. É assim que sou. Esse é o meu basquete. Não são James ou Trae que pegam os rebotes e finalizam para mim. Esse sou simplesmente eu”, concluiu o pivô, reivindicando seu valor nos dois lados da quadra.