Um olhar um pouco distraído pode sugerir que o início da carreira do ala Deni Avdija, do Washington Wizards, na NBA, está sendo ligeiramente decepcionante.
Afinal, o jovem israelense chegou à liga carregando a expectativa de ser um prospecto mais pronto do que um novato comum – ao passo que passou os últimos 15 meses exercendo papel importante no elenco principal do Maccabi Tel-Aviv, uma equipes mais fortes do basquete europeu.
A ‘impressão geral’ de decepção, no entanto, acaba perdendo todo o sentido quando lançamos uma lupa sobre o seu desempenho em quadra e, claro, alguns dos números que ilustram de forma objetiva esse olhar mais aproximado.
Atuando em uma equipe comandada por duas estrelas consagradas na NBA – Bradley Beal e Russell Westbrook -, complementada por um veterano de contrato recém-renovado (Davis Bertans), e jovens em busca de afirmação na liga, casos de Rui Hachimura e Thomas Bryant, Avdija tem sido convidado a ser paciente e se concentrar na execução das ‘pequenas coisas do jogo’.
Com 5.6 arremessos por jogo, ele é o oitavo com mais chutes do elenco de Washington. Pior do que isso, o novato não tem sido envolvido na construção esquemática do ataque de sua equipe – e seus chutes acabam vindo exclusivamente de situações de ‘desafogo’ para os companheiros (57.1% de seus arremessos partem da linha dos três pontos).
Tradicionalmente, até mesmo veteranos encontram problemas para encontrar consistência e ritmo nesses cenários – nos quais não sabem de onde, nem quando suas oportunidades ofensivas virão.
Avdija tem, no entanto, fugido à regra e se mantido extremamente consistente a despeito da situação desafiadora. Com 45.7% de aproveitamento na linha dos três pontos (3.2 tentativas), ele se coloca na elite da atual temporada quando o assunto é spot up (86.1th percentile). Mais do que isso, o novato tem aproveitado da melhor maneira possível suas raras oportunidades de criação como playmaker secundário, distribuindo 2.2 assistências por jogo, com um índice de assistências por turnover de 3.6.
Apesar de integrar o grupo da segunda pior defesa da liga, Avdija tem estendido sua maturidade e consistência de jogo também nesse lado da quadra – não apenas traduzindo a já projetada excelente leitura de jogo e os instintos de antecipação para ser disruptivo fora da bola. Ele é o segundo em desvios por jogo no elenco do Wizards, com 1.8, mas também faz um trabalho promissor na defesa individual de perímetro, onde exibe uma agilidade lateral acima das expectativas e mostra muito conforto para se manter à frente de ballhandlers ágeis em espaço (diminui o aproveitamento médio dos adversários em 6.2% em chutes vindos do perímetro até aqui).
Outro fator encorajador do início da carreira do israelense na NBA é o fato dele estar mantendo o seu alto nível de competitividade (um dos jogadores de maior ‘paixão pelo jogo’ em toda a classe de 2020), mesmo com pouquíssimos toques na bola e o fato de integrar uma defesa coletiva capaz de influenciar negativamente o engajamento de qualquer atleta.
Avdija é, até aqui, o terceiro jogador que mais contesta arremessos no elenco do Wizards (7.1 por jogo) e, mais do que isso, ocupa o top 3 – tanto em arremessos do perímetro (segundo, com 3.1, atrás de Russell Westbrook), quanto nos arremessos próximos ao garrafão (terceiro, com 4.0, atrás de Thomas Bryant e Robin Lopez).
Em suma, o que quero mostrar, é que – embora os números de box score possam indicar uma percepção contrária – Avdija tem confirmado as expectativas de ser um novato maduro e pronto para exercer, com competência e solidez, o papel a ele solicitado.
Quando a oportunidade de ser mais envolvido nas ações ofensivas do sistema de Scott Brooks, não tenho dúvidas de que o israelense apresentará um salto proporcional em seus números.
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