Três meses após a morte covarde de George Floyd, em Minneapolis, que desencadeou uma onda de protestos contra o racismo e a brutalidade da polícia, mais um cidadão negro foi vítima da violência policial nos Estados Unidos.
No último domingo, Jacob Blake, de 29 anos, foi baleado sete vezes à queima roupa e pelas costas, na frente dos filhos e da esposa, por um policial branco, ao tentar entrar em seu veículo. O caso ocorreu na cidade de Kenosha, no estado de Wisconsin. Após se submeter a uma cirurgia, Blake está internado em condição estável e paralisado da cintura para baixo.
O novo caso de brutalidade policial causou mais uma onda de protestos nos EUA, especialmente em Wisconsin. Como não poderia deixar de ser, a covardia sofrida por Blake mobilizou os jogadores da NBA, que se engajaram na luta contra o racismo e saíram às ruas na época do caso George Floyd.
Nesta terça-feira (25), dois jogadores do Toronto Raptors, o armador Fred VanVleet e o ala-armador Norman Powell, participaram de uma coletiva de imprensa e fizeram revelações importantes.
Frustrados com a ineficiência das mensagens de justiça racial e social da campanha Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), eles disseram que os atletas da equipe estão discutindo a possibilidade de boicotar o primeiro jogo semifinal contra o Boston Celtics, marcado para esta quinta-feira (27).
“Estou em um lugar diferente hoje, emocionalmente falando. Está começando a parecer que tudo o que estamos fazendo é apenas normal, que nada está mudando. Eu sei que não é tão simples, mas, no final do dia, se vamos sentar aqui e conversar sobre como fazer mudanças, então, em algum momento, teremos que colocar o nosso na reta”, disse um frustrado VanVleet.
“Do que estamos dispostos a abrir mão? Nós realmente nos importamos com o que está acontecendo? Se ajoelhar durante o hino não é fazer o trabalho”, afirmou Powell.
Pelo lado do Celtics, o armador Marcus Smart e o ala Jaylen Brown também comentaram sobre o assunto. Smart disse que, embora a equipe não tenha falado especificamente sobre boicote, é necessário que algo seja feito, além das coisas que os atletas têm promovido dentro da bolha, como usar as camisetas do Black Lives Matter e ajoelhar-se durante o hino nacional.
“Tentamos ser pacíficos, tentamos protestar. Estamos aqui reunidos para jogar e tentar fazer as nossas vozes serem ouvidas. No momento, nosso foco não deveria ser realmente no basquete. Eu entendo que são os playoffs, mas um grande problema ainda está acontecendo lá fora. E as coisas que estamos fazendo não têm funcionado. Portanto, definitivamente precisamos ter uma abordagem diferente”, afirmou Smart.
Brown, que é um dos jogadores mais engajados na luta social, fez um discurso forte contra o racismo e a brutalidade policial.
“Nós, negros, não somos seres humanos? A pergunta que eu gostaria de fazer é: os Estados Unidos acham que os negros e as pessoas de cor são selvagens, bárbaros e naturalmente injustos? Ou somos produtos dos ambientes em que participamos? E os Estados Unidos estão provando sua resposta repetidamente. As pessoas postam minha camisa toda hora. Número 7. E agora, toda vez que eu a olho, o que eu vejo é um homem negro levando sete tiros”, concluiu Brown.